sábado, 26 de abril de 2014

MORTE DE DANÇARINO Mãe de DG recusa reunião com Pezão

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
26.04.2014
Maria de Fátima vai se encontrar com a Anistia Internacional para que o assassinato de seu filho não fique impune

Moradores do morro Pavão-Pavãozinho
Moradores do morro Pavão-Pavãozinho homenageiam o dançarino Douglas Pereira, que foi encontrado morto na última terça-feira. Laudo da perícia indica que a morte de DG foi causada por tiro
FOTO: REUTERS
Rio de Janeiro. A auxiliar de enfermagem Maria de Fátima Silva, 56, mãe do dançarino Douglas Pereira, 26, recusou o convite de conversa com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), na manhã de ontem, e disse que não vai deixar nenhum político se projetar em cima da imagem do seu filho.
O jovem foi encontrado morto na terça-feira, nos fundos de uma creche, no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio.
"Ele (Pezão) quer se projetar em cima da imagem do meu filho, mas eu não vou deixar nenhum político fazer isso porque existem outros crimes iguais que não foram solucionados como o da servente Cláudia, do Amarildo, do filho da Cissa Guimarães e da engenheira Patrícia Amieiro", disse a mãe quando saia de seu prédio em Copacabana.
"Eu não vou a palácio nenhum falar com o governador porque ele não precisa de mim lá. Eu quero uma polícia digna, correta, não uma polícia assassina que faz Mortal Combate nas comunidades pacificadas e encara a população como inimiga", acrescentou.
Maria de Fátima deve viajar para São Paulo, onde encontrará representantes da Anistia Internacional. Ela diz que vai pedir ajuda a instituição, além de exigir reformulação do modelo de polícia pacificada.
"Meu filho não foi morto ali. Ele foi torturado e assassinado em outro lugar, limparam a cena do crime e jogaram ele na creche. Por isso o corpo e os documentos dele estavam molhados", afirmou.
Um policial militar da UPP local e uma testemunha chave que estava dentro da creche iriam depor ontem. Essa testemunha seria um funcionário da instituição onde ele foi achado.
Até o fim da manhã de ontem, o delegado da 13ª DP (Copacabana), Gilberto Ribeiro, responsável pela investigação, não havia falado com a imprensa. Na quinta-feira, seis fuzis e dez pistolas de PMs da UPP Pavão-Pavãozinho foram recolhidas pela Polícia Civil para exame de confronto de balística.
O corpo do dançarino foi encontrado na terça-feira com um tiro no tórax, cortes no rosto e hematomas nas costas. Ao lado dele havia duas cápsulas de balas. Na noite anterior havia acontecido um confronto entre PMs da UPP e criminosos.
A PM nega envolvimento no crime e diz que só se aproximou do corpo do jovem com os peritos da Polícia Civil -após a chegada da diretora da creche Paulo de Tarso.
Douglas foi enterrado na tarde de quinta-feira, 24, no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul, sob aplausos, fogos e gritos de "fora UPP" e "polícia assassina".
Investigação
O governador Luiz Fernando Pezão afirmou que as investigações sobre a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira serão feitas com rigor e transparência pela Polícia Civil. No entanto, declarou que é preciso esperar os resultados dos laudos e os depoimentos dos dez policiais envolvidos.
"Não vamos prejulgar, vamos dar a chance aos policiais de se defenderem, darem seus depoimentos. Não iremos acobertar nenhuma irregularidade", disse. Repetindo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, Pezão acrescentou que "se tivermos que cortar na própria carne, cortaremos. A família pode confiar no nosso empenho em chegar aos envolvidos". O governador lamentou a morte e disse estar solidário com a família do dançarino. "É lamentável. Eu me solidarizo com a mãe do Douglas, com a família dele. Para nós que somos pais, é inimaginável perder um filho. É um sofrimento, uma angústia para todos. Reafirmo que a família pode confiar no nosso empenho".
Traficante cearense
A denúncia de que o traficante foragido Adauto do Nascimento Gonçalves, o Pitbull, estaria no Pavão-Pavãozinho, levou policiais a realizarem a operação em que DG foi morto. Natural de São Benedito, Pitbull é visto pela Polícia como chefe do tráfico na favela. Preso em processo de ressocialização, ele está foragido desde julho de 2013.

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