Depois de perder a audição, pároco passou a usar a internet para aconselhar as pessoas
Por Fernando Daquino em 18 de Abril de 2014
(Fonte da imagem: Reprodução/padre Angelo Rossi (Facebook))
No ano de 2010, em consequência de uma meningite, o padre Angelo Rossi perdeu a audição. Com essa limitação, o religioso deixou a paróquia da cidade de Americana na qual conduzia as missas e resolveu voltar para Descalvado, município localizado a 243 km de São Paulo.
Até o fim do ano passado, ele não era adepto de redes sociais e tinha pouca intimidade com o computador. Contudo, vendo-se restringido a ministrar missas esporadicamente depois de recuperar uma pequena parte da audição por meio de um aparelho auditivo coclear, o pároco concluiu que a internet poderia ser uma ferramenta de evangelização.
O padre de 62 anos criou o seu perfil no Facebook com o intuito de conversar e aconselhar fiéis de qualquer lugar, indicando textos bíblicos e até recebendo confissões pela web. Hoje, a conta do religioso já possui mais de 4 mil contatos.
"Com a doença e a surdez, encontrei dificuldades para continuar o meu trabalho como sacerdote à frente de uma paróquia. Então, decidi me aposentar e voltei a Descalvado, onde sou pároco", contou Rossi em entrevista para o site UOL.
"Eu temi que não pudesse mais evangelizar. Mas, depois de muito tempo, vi que o computador e a internet eram opções para continuar meu ministério. Há muita gente precisando de ajuda e que precisa de alguém para ouvir, para oferecer socorro nos momentos difíceis", explicou o padre.
Dentro da lei
(Fonte da imagem: Reprodução/padre Angelo Rossi (Facebook))
O pároco comentou que recebe as confissões das pessoas, mas que não realiza o sacramento, pois isso iria contra as leis da Igreja Católica — as quais exigem que uma confissão seja executada somente de maneira presencial. "Eu não faço o sacramento, mas tento orientar. Para os que estão longe, encaminho ao padre mais próximo. Basicamente, eu ouço as pessoas em suas dificuldades e problemas para tentar ajudá-las", comentou ele.
A reportagem do UOL entrou em contato com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e a Diocese de Limeira, que é responsável pela paróquia por Descalvado, mas nenhuma das instituições comentou o assunto por nenhum sacerdote responsável estar disponível devido aos feriados desta semana. Contudo, Rossi diz que a Igreja sabe das suas atividades online e acredita que não será reprimido por isso, já que não está desacatando nenhuma lei da religião.
Longas jornadas online
Em relação à demanda de conselhos, o padre disse que já permaneceu até as 4h da manhã respondendo fiéis. "É quase um vício, mas, nesse caso, é para a evangelização, para o bem. Senti no meu coração um desejo de alcançar os que estão mais distantes", disse o religioso.
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Para o padre, outra vantagem das conversas pelo computador é que muitas pessoas se sentem mais à vontade e falam sobre seus problemas e dúvidas de maneira mais aberta. "Às vezes, a pessoa está em casa e precisa de um conselho, uma bênção, uma palavra amiga naquele momento. Eu sempre estou aberto para que as pessoas venham falar comigo. Elas pedem mensagens de apoio e carinho e a gente tem essa troca, é bem rápido. O Facebook é uma graça e é mais um caminho para encontrar Deus e sua palavra", complementou o pároco.
Fonte: UOL, Angelo Rossi (Facebook)
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