Estadão Conteúdo | 09h35 | 26.04.2014
MP aponta que Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef eram líderes de uma "sofisticada organização criminosa"
A Justiça Federal abriu na última sexta-feira (25) uma ação criminal contra o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O engenheiro é acusado de liderar organização criminosa para lavagem de dinheiro ilícito arrecadado a partir de crimes contra a administração pública. Segundo denúncia do Ministério Público, Costa praticou corrupção e peculato no período em que ocupou o cargo na estatal (2004-2012), época em que aprovou o contrato suspeito de superfaturamento do Consórcio Nacional Camargo Correa para as obras da refinaria Abreu e Lima, no Estado de Pernambuco.
Até agora é a mais pesada acusação a Costa, preso desde 20 de março, três dias após a deflagração da Operação Lava Jato, missão da Polícia Federal para estancar lavagem de dinheiro no montante de R$ 10 bilhões.
O Ministério Público imputa a Costa favorecimento direto em uma sucessão de 413 operações de câmbio fraudadas por meio de importações fictícias que abriram caminho para remessa e ocultação de valores no exterior, principalmente na China.
A acusação revela que o executivo continuou em ação mesmo depois de ter deixado a cadeira na estatal e constituir uma empresa de consultoria, a Costa Global, através da qual exigia propinas de fornecedores da Petrobrás sob o disfarce de comissão por assessoria prestada.
Além das acusações a que responde no caso da refinaria Abreu e Lima, Costa também é personagem da polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Ele era o representante da Petrobrás no comitê de proprietários da refinaria, que incluía também um representante da sócia belga Astra Oil.
Além de Costa, outros nove investigados da Lava Jato foram denunciados, entre eles o doleiro Alberto Youssef, que presenteou o engenheiro com uma Land Rover Evoque, de R$ 250 mil, em maio de 2013.
O Ministério Público sustenta que o ex-diretor da Petrobrás e o doleiro eram os líderes de "sofisticada organização criminosa". "Os laços entre Youssef e Costa são tão próximos que o escritório do doleiro é usado também como sede de sociedade comercial do ex-diretor da Petrobrás", dizem os procuradores.
A denúncia mostra que, como diretor da Petrobrás e conselheiro de administração da Abreu e Lima desde 2008, Costa era responsável pelos projetos técnicos para construção de refinarias da estatal e fiscalização da execução dos aspectos técnicos. A licitação da Abreu e Lima ocorreu em novembro de 2008 e resultou na contratação do Consórcio Nacional Camargo Correa (CNCC). O empreendimento foi orçado em R$ 2,5 bilhões, mas, segundo a Procuradoria, o custo agora está estimado em R$ 20 bilhões. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou sobrepreço de até R$ 446,2 milhões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário