03.08.2014
Sites utilizam mapas onde as próprias vítimas das ações inserem as informações dos locais e ocorrências
Imagine ter de ir a uma rua que você não conhece, à noite, sozinho. Obter informações sobre este lugar, pode fazer você optar, por exemplo, em deixar o carro em casa e ir de táxi, caso as referências dadas para o local sejam de furtos a veículos. Ou podem deixá-lo mais tranquilo, ao ver que as estatísticas de assalto são baixas na região.
Esta é a proposta que move dois sites colaborativos, "Onde fui roubado" e "WikiCrimes": informar a população sobre os lugares onde acontecem ataques de bandidos e, quem sabe, ajudar a Polícia a combatê-los.
Mapas colaborativos
Os dois sites trabalham com sistema de mapa colaborativo. O usuário insere as informações do crime sofrido -assalto, roubo, furto-, com base em geolocalização. As informações criam, então, estatísticas sobre as áreas, listando as com maior recorrência de incidentes. O usuário seleciona a cidade em que deseja consultar os roubos, visualiza o mapa com os crimes e o que foi tomado na ação.
O site pioneiro neste trabalho tem DNA cearense: o "WikiCrimes", idealizado pelo professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Vasco Furtado, foi criado em 2008 e é administrado até hoje por voluntários.
Segundo o professor, ao serem apontados os locais onde os crime acontecem pelas próprias vítimas, há uma maior relação de proximidade com o usuário. Mas os benefícios, em sua opinião, esbarram na dificuldade de obter informações oficiais dos órgãos de segurança.
Vasco frisa a problemática que enfrenta, desde a criação do WikiCrimes, para conseguir apoio e disponibilidade de dados dos órgãos públicos.
"É um imenso benefício para as pessoas ter essas informações públicas e abertas. Por isso, labuto há muito tempo para que a própria Polícia abra suas informações. Mas a resposta dos órgãos públicos, até agora, é negativa. Me correspondi com diversas Polícias do Brasil, mas mesmo com a Lei de acesso à informação, elas ainda não disponibilizam seus dados", disse.
A opinião crítica é compartilhada por um dos criadores do site colaborativo baiano "Onde fui roubado", o estudante universitário Márcio Vicente. "Nenhum órgão diretamente se manifestou, entrou em contato conosco. Ainda não conseguimos parceria para disponibilizar os dados, mas pretendemos, no futuro, conseguir parceria com os órgãos de segurança pública do País inteiro. É um objetivo nosso, conseguir trabalhar em paralelo com a Polícia".
Apesar das críticas aos órgãos de segurança, as duas páginas enfatizam sempre a necessidade de se registrar o Boletim de Ocorrência (B.O.), para que os órgãos oficiais possam computar e investigar os crimes.
"A gente vê que cerca de 50% das vítimas (que colaboram com o site) não fazem Boletim de Ocorrência. É um número muito alto de crimes que, infelizmente, a Polícia não tem", frisou o estudante Márcio.
Estatísticas
No site 'Onde fui roubado', que lista apenas cidades brasileiras, Fortaleza possui o quarto maior número de crimes registrados. Já no WikiCrimes, a capital cearense é a cidade brasileira com mais registros.
Contudo, para os criadores das páginas, é necessário ter cautela com a avaliação de tais números. "É impossível garantir que todas as informações colocadas em um site colaborativo sejam verdadeiras. Os desafios de sites que se fazem apenas por participação popular é fazer com que, sendo muito usados, se aproximem ao máximo do real, do que realmente ocorre em uma região, com confiabilidade", ponderou o professor Vasco Furtado.
Mais informações
Para obter todos os dados estatísticos e conhecer os projetos, acesse os sites:
www.ondefuiroubado.com.br
www.wikicrimes.org
www.ondefuiroubado.com.br
www.wikicrimes.org
Levi de Freitas
Repórter
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