03.08.2014
O Hamas reconhece que houve uma emboscada, mas diz que isso foi antes do prazo para início do cessar-fogo
Jerusalém. Israel não enviou representantes às negociações no Egito sobre a trégua na Faixa de Gaza neste sábado como planejado, afirmou uma autoridade israelense, acusando os islamitas palestinos inimigos de enganar mediadores internacionais. "O Hamas não está interessado em um compromisso", disse a autoridade sob condição de anonimato.
Já a delegação palestina viajou para o Cairo sem representação de Gaza devido à situação de segurança na cidade de Rafah, segundo o porta-voz do Hamas, Sami abu Zuhri.
Um cessar-fogo mediado pelo Egito fracassou na sexta-feira poucas horas depois de entrar em vigor. O número de palestinos mortos chega a 1.650 desde o início da operação militar israelense, em 8 de julho. Do lado de Israel, 63 pessoas morreram.
Negociação
O presidente do Egito, Abdel Fatah Al-Sisi, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disseram neste sábado que a proposta de cessar-fogo sugerida pelo Egito é "a única possibilidade para sair da crise" em Gaza. O Egito apresentou em julho uma proposta de cessar-fogo seguida de negociações entre os dois lados no Cairo, com mediação egípcia.
Reconhecimento
O Hamas reconheceu sua responsabilidade neste sábado por uma violenta emboscada na Faixa de Gaza na qual um militar israelense pode ter sido capturado, mas afirmou que o incidente provavelmente ocorreu antes do cessar-fogo e que, portanto, não violou a trégua patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelos Estados Unidos.
O comunicado, feito pelo braço armado do Hamas, as Brigadas Qassam, parece ter como objetivo se antecipar à intensificação da ofensiva de Israel contra o enclave palestino, que já dura quase um mês, e evitar uma acusação internacional de ter violado o cessar-fogo na sexta-feira.
Mas, em um sinal de que a guerra pode estar arrefecendo, militares israelenses disseram que seus objetivos, principalmente a destruição de túneis escavados pelo Hamas, estavam perto de serem concretizados.
Israel disse que membros do Hamas e um homem-bomba saíram de um túnel e armaram uma emboscada contra sua infantaria em Rafah, no sul, por volta das 9h30 da sexta-feira (horário local), uma hora e meia após o cessar-fogo começar. Dois soldados morreram e outro foi sequestrado, o tenente Hadar Goldin.
O incidente fez Israel bombardear Rafah na manhã de sexta-feira, causando a morte de cerca de 150 palestinos. No começo da tarde, Israel declarou o fim da trégua, que deveria ter durado 72 horas e tinha a intenção de permitir a chegada de apoio humanitário a 1,8 milhão de palestinos que vivem em Gaza, além de facilitar as negociações de paz.
Washington acusou o Hamas de violação "bárbara" do acordo mediado com o Egito com o envolvimento de Turquia, Catar e do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Conflito já afeta economia do país
Tel Aviv Após quase um mês de guerra, as perdas para a economia de Israel já se notam em meio à queda no turismo, no consumo interno e nos serviços, além da desaceleração de empresas por causa do alistamento de 85 mil reservistas. Segundo parlamentares, o conflito custa a Israel US$ 2,9 bilhões em 25 dias. Já o maior jornal do país, "Yedioth Aharonoth", estimou que, até agora, a operação já sugou US$ 3,5 bilhões dos cofres públicos.
Segundo o banco de investimentos Psagot, a guerra reduzirá o crescimento do PIB israelense de 2,9% para 2,5% - ou mais, se o conflito não acabar na próxima semana. A estimativa leva em conta as perdas no comércio e na indústria, os gastos do governo em indenizações a pessoas cujas casas ou outros bens foram danificados e os gastos militares.
Turismo é prejudicado
A indústria do turismo é, sem dúvida, a mais afetada pela guerra. As perdas só nesse setor são estimadas em pouco mais de U$ 1 bilhão. As estimativas de cancelamentos de voos e reservas de hotéis, neste momento, são de 50%. Nos hotéis, aliás, a ocupação está em apenas 30%.
A suspensão de voos pela Federal Aviation Administration por 48 horas, seguida de companhias aéreas europeias, por causa da queda de um míssil a 2km do Aeroporto Ben Gurion, piorou a situação. "Foi uma facada em nossas costas", disse Kurt Kaufman, fundador da agência de viagens Genesis Tours.
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