sábado, 24 de agosto de 2013

Região metropolitana tem o 5º pior índice de bem-estar

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
24.08.2013
Estudo do Observatório das Metrópoles avaliou itens como suporte de locomoção, moradia e saneamento básico

O bem-estar nas metrópoles brasileiras depende, fundamentalmente, da conjuntura oferecidas pelas cidades para que o habitante possa viver de forma agradável. Estas incluem, dentre muitos fatores, moradia de qualidade, saneamento básico, convivência com o meio-ambiente e suporte de locomoção.

A mobilidade urbana foi o único item que teve nota acima da avaliação geral do País. O critério foi o tempo de deslocamento entre a casa e o trabalho
Tendo por base os dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2010, o Observatório das Metrópoles revelou que, de um total de 15 regiões metropolitanas pesquisadas, a de Fortaleza pode ser considerada a 5ª pior do País quando se fala em satisfação com o espaço urbano.

As informações estão no Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu), divulgado na última quarta-feira (21). O estudo avaliou cinco quesitos - mobilidade urbana, condições ambientais, condições habitacionais, serviços coletivos e infraestrutura - aos quais foram concedidas notas que variaram de zero a um.

A média geral da capital cearense totalizou apenas 0,564, ficando abaixo do índice nacional, contabilizado em 0,605. Depois da de Fortaleza, as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (0,507), Recife (0,443), Manaus (0,395) e Belém (0,251) tiveram as menores notas.

Por aqui, o único item mensurado como acima da avaliação geral do País foi a mobilidade urbana. O critério analisado foi o tempo de deslocamento que a população leva entre a casa e o trabalho. Segundo o relatório, as regiões onde se consegue fazer o percurso no período de até uma hora, independentemente do meio de transporte utilizado, possuem um índice de bem-estar maior que as demais.

Mobilidade
Talvez para a surpresa de muitos, a mobilidade na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) ficou em terceiro lugar no ranking brasileiro, ganhando nota 0,790.

Embora à primeira vista o resultado pareça ser positivo, Clélia Lustosa, coordenadora do Observatório das Metrópoles da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca que os longos congestionamentos, as demoras nos terminais de ônibus e as dificuldades de integração nos transportes provam que a situação da locomoção na RMF não é tão satisfatória assim e que a avaliação não pode ser atribuída a todas as cidades.

"É um dado que precisa ser relativizado. Em algumas áreas, mais afastadas dos centros, o tempo de deslocamento é curto, mas, em outras, as pessoas passam duas horas para chegar ao trabalho e duas para voltar. Isso é qualidade de vida? Do que elas vão usufruir?", questiona.

Transição

A coordenadora aponta que a Capital está passando por um momento de transição, com grande quantidade com obras voltadas para a mobilidade, o que, no futuro, poderá trazer melhorias ao bem-estar da população. No entanto, Clélia ressalva que, se não forem bem planejadas, as intervenções correm o risco de se tornarem mais empecilhos à comodidade geral.

"A longo prazo, pode ser que elas tragam benefícios, mas se não forem muito bem pensadas, geram muitos problemas, insatisfação e inconveniência, principalmente no momento das obras", frisa.

Mas, enquanto a mobilidade foi bem classificada pelo estudo, os quesitos condições ambientais e infraestrutura urbana tiveram avaliações mais pessimistas. Esta última, que agrega fatores como iluminação pública, pavimentação e logradouros receberam nota 0,438.

Já no item condições ambientais, a RMF obteve 0,498 pontos na análise. Foram considerados os critérios de arborização e esgotos a céu aberto no entorno de domicílios, além do acúmulo de lixo em logradouros. A Capital ficou na 12ª posição do ranking.

Para a professora Elisa Zanella, pesquisadora da área de clima urbano, a qualidade de vida e o bem-estar da população estão diretamente relacionados à presença de vegetação na cidade. A ausência dela é responsável por sensações de incômodo e intranquilidade. "Os materiais utilizados nas edificações, a impermeabilização do solo e a falta de áreas verdes contribuem para a formação de um clima cujos valores térmicos são aumentados, causando condições de desconforto na maior parte do dia", explica.

FIQUE POR DENTRO
Pacatuba tem a melhor colocação no CE
O Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu) avaliou, em todo o Brasil, 283 municípios. No Ceará, a cidade de Pacatuba foi a que obteve melhor conceituação no estudo, se classificando em 93ª posição no ranking nacional, antes de Fortaleza.

O índice de bem-estar no município foi de 0,757. O quesito com melhor pontuação foi o de serviços coletivos, que analisa atendimentos de água, esgoto e energia e coleta de lixo. A nota atribuída foi 0,852. A pesquisa considerou a infraestrutura o item menos destacado, com nota 0,628. No relatório, Pacatuba se encontra 33 colocações acima de Fortaleza (126º).

VANESSA MADEIRA
REPÓRTER



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