Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
31.08.2013
Em reunião com o líder boliviano, a presidente disse que cabe ao Conare analisar pedido de refúgio de senador
Paramaribo. Em encontro com o colega boliviano Evo Morales, na capital do Suriname, a presidente Dilma Rousseff manifestou "repúdio completo" à fuga do senador boliviano Roger Pinto com a ajuda de um diplomata brasileiro, mas disse que a sua permanência no país é uma decisão do Conselho Nacional de Refugiados (Conare). A reunião dos líderes, que durou uma hora, ocorreu antes do início da cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Dilma conversou durante uma hora com o mandatário boliviano antes da abertura da cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), na capital do Suriname FOTO: ROBERTO STUCKERT FILHO/PR
O teor da conversa foi relatado pelo novo chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, em entrevista coletiva. Ele substituiu Antonio Patriota nesta semana justamente após a crise gerada pela fuga de Pinto Molina.
O senador boliviano ficou abrigado por 453 dias na Embaixada do Brasil em La Paz. Opositor do governo de Evo Morales, Roger Pinto Molina foi condenado à prisão por corrupção e não tinha salvo-conduto do governo boliviano para deixar o prédio. A fuga foi viabilizada pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia, que alegou problemas de saúde do senador, e agiu sem comunicar o governo brasileiro.
"Logo no início do encontro, a presidente manifestou ao presidente Evo seu repúdio completo ao episódio de retirada do senador Pinto da nossa embaixada em La Paz. E disse que o Brasil jamais concordaria em retirar um asilado de uma embaixada nossa sem garantias plenas quanto à vida e à segurança", afirmou Figueiredo.
Ainda segundo o chanceler, Dilma explicou a Morales que o senador solicitou refúgio ao Brasil, que será analisado pelo Conare. Não há prazo para a decisão.
Já Morales afirmou que a Bolívia enviará informações sobre os processos judiciais contra Pinto Molina, que incluem acusações de corrupção, tanto ao Conare quanto ao Ministério Público. O mandatário não mencionou nenhuma outra medida adicional sobre o caso.
Diplomacia
Antes de se encontrar com a líder brasileira, Evo Morales, disse que Molina não é um "perseguido político", mas um "delinquente" que tem processos pendentes na Bolívia.
O mandatário afirmou confiar que o incidente diplomático com o Brasil, provocado pela fuga do senador, vai se resolver "no âmbito do respeito, da amizade e da cooperação". Ele disse que a Bolívia tem uma "linda experiência de gestão" com o governo brasileiro e lembrou que muitos problemas já foram resolvidos em nome das boas relações bilaterais. "No governo de Lula, tantos problemas foram resolvidos, e vamos buscar este caminho", afirmou.
Anistia
O advogado Fernando Tibúrcio Peña, que defende o senador Roger Pinto Molina, disse ontem que está negociando a possibilidade de obter asilo político para seu cliente em dois países latino-americanos que fazem fronteira com o Brasil, se o processo dele for politizado. Em entrevista, Tibúrcio lamentou "a politização do processo". De acordo com ele, politizar o caso influencia nas questões técnicas e jurídicas.
O parlamentar boliviano continua em Brasília, mas se prepara para visitar a mulher e as filhas no Acre. "É uma pena essa politização toda, porque a discussão técnica e jurídica se perde em meio a tudo isso", reforçou o advogado. "Insistimos na manutenção do senador em território brasileiro, mas temos que negociar alternativas, se isso não for possível".
O advogado do senador disse que já conversou com os embaixadores de dois países latino-americanos sobre a possibilidade asilo político para Roger Pinto Molina. Porém, para evitar prejuízos às negociações, o advogado mantém sigilo sobre os países cujos representantes foram consultados. Sabe-se, no entanto, que são países que fazem fronteira e para os quais há voos diretos partindo do Brasil.
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