domingo, 4 de agosto de 2013

MASSACRE DO CARANDIRU Cada PM recebe pena de 624 anos

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
04.08.2013

Jurados consideraram que os 25 policiais são os responsáveis por 52 das 111 mortes. Eles recorrerão em liberdade
São Paulo Os 25 policiais militares acusados pela maioria das mortes ocorridas durante o massacre do Carandiru, há quase 21 anos, foram condenados na madrugada deste sábado, a 624 anos de prisão cada um. Os jurados consideraram que os policiais são os responsáveis por 52 das 111 mortes ocorridas na Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992. Todos vão recorrer da sentença em liberdade.

Vista aérea do presídio durante rebelião em 2001. O local, que foi implodido, foi invadido por PMs em 1992, durante a administração do governador Fleury Filho. A sentença foi divulgada na madrugada deste sábado FOTO: FOLHAPRESS

A sentença foi lida pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo às 4h20 deste sábado. A tropa ouviu a decisão dos sete jurados, todos eles homens, de pé. Quase nenhum demonstrou reação ao ouvir a sentença.

Na decisão, o juiz Camargo decidiu ainda que os nove PMs que ainda estão na ativa deverão perder seus cargos públicos. Inicialmente, eles eram acusados por 73 assassinatos, número total de presos mortos no segundo andar do Carandiru, onde os policiais atuaram.

Promotoria

Mas o promotor, Fernando Pereira da Silva, pediu que 21 mortes fossem retiradas dessa conta, pois elas teriam ocorrido em locais como escadas e em um lado do corredor, onde o grupo não teria atuado. Por isso, não era possível dizer que esses 25 homens foram responsáveis por elas. Os jurados concordaram com o argumento.

O promotor Silva procurou atacar os indícios de que houve um confronto dentro do Pavilhão 9. Em suas três horas de debate, ele usou em plenário uma fita métrica para indicar os três metros de largura do corredor do andar, por onde os policiais passaram atirando.

Com isso, indicou que os tiros dados por rajadas de metralhadoras podem ter ricocheteado e atingido os próprios PMs que depois disseram ter sido feridos por presos armados. "Foi fogo amigo", disse o promotor. Ele ressaltou que um policial que participou da ação viu um colega ser atingido pelo tiro de um sargento. O promotor complementou a tese dizendo que as 13 armas que os PMs dizem ter encontrado com os presos no dia foram "colocadas para livrar a cara dos PMs".

Defesa
Assim como há três meses, o corpo de jurados discordou da tese da advogada Ieda Ribeiro de Souza de que a condenação não era possível, já que a acusação não conseguiu determinar qual dos policiais matou cada um dos detentos. "Precisa saber quem foi. Precisa saber quem atirou. Diz pra mim quem foi e como foi. É só isso que eu peço", afirmou a advogada, aos gritos, durante a primeira fase dos debates, em que falou por quase três horas.

Ieda também afirmou que a responsabilidade do crime é do ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho. "Ninguém naquela época, numa véspera de eleições, assumiria politicamente esse caso. Então o que fizeram? Jogaram na conta desses policiais aqui".

Em depoimento na semana passada, Fleury disse que estava em viagem no dia do massacre e não deu a ordem para a entrada dos policiais. Disse, no entanto, que se estivesse no gabinete, teria autorizado a invasão. 

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