11/08/2013
Investimentos em ciência e tecnologia quadruplicaram em dez anos. Mesmo assim, o Brasil precisa avançar mais para se transformar em um país de ponta no que se refere ao conhecimento científico
Da roupa que você usa ao smartphone de última geração. Dos carros movidos à gasolina aos veículos de motor elétrico. Da geladeira de menor consumo de energia aos medicamentos de ponta. Quase tudo que utilizamos no dia a dia é fruto de pesquisas científicas realizadas ao longo dos últimos anos. Um processo contínuo, no qual o conhecimento produzido hoje servirá de base para o que vai ser descoberto amanhã. Não há dúvidas de que, para ter competitividade no século XXI, o Brasil terá de investir mais em ciência, tecnologia e inovação. Somente isso terá a capacidade de agregar valor aos nossos produtos e, assim, transformar o Brasil num país de ponta em termos de conhecimento.
Entre pesquisadores e gestores ouvidos, há um consenso: o País conseguiu avançar em relação aos investimentos. Apesar de ainda ser considerado um valor abaixo do necessário, captar recursos para a produção científica tornou-se uma tarefa “mais fácil”. Isso está refletido nos números. Em 2001, o Brasil investia R$ 17,2 bilhões em ciência e tecnologia - entre recursos públicos e privados, segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Em 2011, dados preliminares apontam um investimento de R$ 68,1 bilhões. Ou seja, um número quatro vezes maior.
O grande desafio é manter esse ritmo crescente ao longo dos próximos anos. “Os investimentos em educação e ciência e tecnologia tem que ser uma política de estado e não de governo”, afirma a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader. Porém, segundo ela, todos os anos é preciso travar uma batalha para evitar cortes no orçamento da área.
Outro dado interessante é que, se comparado ao Produto Interno Bruto (PIB), o crescimento não é tão intenso quanto o dos valores correntes. Em 2001, o montante investido em Ciência e Tecnologia representava 1,33% da soma das riquezas do País. Em 2011, a taxa subiu para 1,64% do PIB. A Coreia do Sul, por exemplo, investiu 3,74% do PIB no setor em 2010.
“Países da Europa e os Estados Unidos enfrentaram a crise financeira aumentando os investimentos em ciência. Porque eles sabem que a única maneira de reverter a crise é com mais ciência e tecnologia. Ciência não é gasto, é investimento”, enfatiza Helena Nader. Por isso, a professora defende que mais recursos sejam investidos nos anos que virão. Nas próximas páginas, vamos discutir outros gargalos que ainda dificultam a realização de pesquisas científicas no Brasil. Também serão apresentados números relativos à ciência e tecnologia que mostram como o Brasil conseguiu avançar na última década. Porém, ainda temos um caminho longo a percorrer.
O POVO solicitou a indicação de uma fonte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para debater os avanços e desafios da produção científica no Brasil, mas a entrevista não foi viabilizada até o fechamento deste caderno.
Números
68,1 milhões. Foi o valor investido em pesquisa científica em 2011, de acordo com os dados preliminares do MCTI
1,64% do PIB. É o que representa o volume de investimentos no Produto Interno Bruto do Brasil. Na Coreia do Sul, esse número é 3,74%
Geimison Maiageimisonmaia@opovo.com.br
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