31/08/2013
Lideranças contabilizam 14 categorias paralisadas em Fortaleza, número considerado elevado. Atribuindo incremento às manifestações de junho, entidades avaliam "lições" e desafios dos levantes para o sindicalismo
Carlos Mazzacarlosmazza@opovo.com.br
DEYVISON TEIXEIRA
A cidade de Fortaleza também participou do Dia Nacional de Lutas
Entidades e centrais sindicais do Ceará se disseram “surpresas e fortalecidas” com adesão de categorias às manifestações de ontem em Fortaleza, no Dia Nacional de Mobilização e Paralisação. Segundo lideranças do movimento reivindicatório, conjunto de paralisações foi superior ao de 11 de julho, último dia oficial de mobilizações. Atribuindo parte do incremento às manifestações de junho, entidades avaliam “lições” e desafios dos levantes para o sindicalismo brasileiro.
“A luta da juventude em junho, que começou com a tarifa do ônibus, foi apenas a gota d’água, que virou um mar de reivindicações. O desafio do movimento sindicalista é unificar essas correntes”, diz José Batista, coordenador da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), que contabiliza paralisação de 14 categorias na ação de ontem.
Criticando “engessamento” de algumas centrais, ele destaca “lições” deixadas pelos levantes populares para o sindicalismo. “Muitas Centrais fizeram laços com o Governo e perderam a crítica. Os trabalhadores começaram a passar por cima disso, e a prova é hoje”.
Para Roberto Santos, secretário do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (STICCRMF), a entrada de novos atores cria tendência de adesões, mas também novos desafios. “A dificuldade é conseguir estabelecer uma linha política nesses movimentos, para que não fique uma coisa sem propósito. Mas o certo é que, depois de junho, não poderemos mais aceitar um engessamento dos movimentos sociais. As centrais “pelegas” vão perder adesões”.
Pautas
Para Francisco Gonzaga, candidato à Prefeitura de Fortaleza no ano passado e representante do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, o momento atual é de unificar pautas e trabalhadores, aproveitando “combustível” deixado pelas manifestações de junho.
Entre as principais pautas do movimento reivindicatório, o fim da terceirização no serviço público; políticas de ganhos reais salariais; reforma agrária; fim do fator previdenciário; incrementos nas políticas de aposentadoria e previdência.
Serviço
CSP-Conlutas no Ceará
Endereço: Rua Agapito dos Santos, 480, Centro
Fone: (85) 3206-6659
Saiba mais
As principais bandeiras Fim da terceirização “É um problema que atinge serviço público municipal, estadual e federal. Há um processo gravíssimo de terceirização, que é muito prejudicial porque esses servidores acabam trabalhando de forma precária. Perdem direitos como férias, décimo terceiro e ainda tem que submeter a receber com atrasos. Defendemos o concurso público”, diz Luciano Filgueiras, coordenador do Sindicato dos Servidores Federais no Ceará.
Ganhos reais “Principalmente com a terceirização, algumas empresas acabam contratando muito de forma temporária e submetendo trabalhadores a salários baixos. Ficamos muito tempo sem reajustes” diz Glaydson dos Santos, do Sindicato dos trabalhadores da Limpeza Urbana no Estado (Sindlimp-CE).
Redução da jornada “Reduzir de 44 horas para 40 horas semanais é uma necessidade, pois isso por si só geraria mais empregos. Estamos organizando entidades e sindicatos em torno dessa pauta, tentando mostrar que é viável uma mudança nessa política econômica atual”, diz José Batista, da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas)
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