Agência de segurança do Reino Unido tem grampos em vias de fibra óptica que chegam ao país.
Por Leonardo Müller em 21 de Junho de 2013
Agência britânica vai além do PRISM. (Fonte da imagem: Reprodução/IT Security)
Se você ficou assustado com a capacidade do governo norte-americano de espionar tudo o que você está fazendo através de vários meios de comunicação, como telefone e internet, prepare-se para conhecer o Tempora, o irmão mais velho e profissional do PRISM. Esse programa de espionagem faz parte da agência de segurança interna do Reino Unido e consegue captar dados de qualquer pessoa sem a ajuda de empresas de tecnologia, como prevê o programa dos EUA.
Para fazer isso, o Tempora possui grampos em todas as vias de fibra óptica transoceânicas que chegam ao seu país. Dessa forma, o governo britânico consegue uma lista infindável de metadados interceptando o conteúdo que passa pelos cabos monitorados. Dessa forma, o Tempora não teria os impedimentos do PRISM norte-americano, que precisaria lidar com empresas como a Google, Apple, Microsoft, entre várias outras, que poderiam oferecer resistência à política de espionagem.
Edward Snowden
Esse esquema foi revelado ao jornal The Guardian por Edward Snowden, o mesmo homem que delatou as intenções dos EUA com o PRISM enquanto trabalhava para uma empresa terceirizada que processava esse tipo de informação por lá.
Dessa maneira, praticamente não haveria barreiras para a capacidade de espionagem das comunicações por fibra óptica do Tempora, já que ele consegue informações direto das fontes, mesmo aquelas criptografadas.
Para completar a situação, um projeto de lei aprovado em 2000 no Reino Unido autoriza esse tipo de espionagem. Entretanto, a agência admite que somente nos últimos cinco anos começou a construir o sistema de monitoramento e a de fato espionar pessoas a partir desse meio.
Muita coisa para processar
A questão aqui é que, como a quantidade de dados é extremamente massiva, não haveria como a terra da rainha conseguir processar tudo isso em tempo hábil. Por conta disso, todo esse conteúdo é armazenado apenas em metadados. Ou seja, eles registram quem ligou para quem, quem postou uma foto no Facebook, quem mandou um e-mail para quem etc. No fim das contas, apenas pessoas de interesse da agência britânica teriam os conteúdos descriptografados para análise posterior.
O governo britânico conseguiu todo esse acesso a informações privadas por conta de contratos secretos com empresas privadas que instalaram os grampos nas vias de fibra que chegam ao país. É possível que essas terceirizadas talvez nem soubessem a finalidade do equipamento que instalavam.
Fora isso, não há informações sobre quais dados ou quais pessoas estão sendo monitoradas. Segundo o governo britânico, não é possível compartilhar um número ou uma lista dessas pessoas ou dados porque a agência não conseguiria lidar com uma quantidade tão grande de informações.
Outra dúvida é sobre a capacidade de espionagem dos grampos britânicos. Não se sabe se, a partir deles, é possível monitorar todo o fluxo de dados no mundo ou somente o que passa pelas fibras grampeadas.
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