Aqui nós contamos os detalhes da criação de Mario, seu humilde começo como carpinteiro que deveria resgatar uma donzela até o desenvolvimento de clássicos como Super Mario Bros.Conheça os títulos e as histórias que ajudaram a conceber a lenda maior dos jogos:
Jumpman
Em Donkey Kong, lançado para arcades em 1981, um gorila atirava barris no pobre Jumpman, um carpinteiro que deveria resgatar sua namorada, Pauline (conhecida primeiramente somente como Lady, ou seja, a Dama), dos braços do vilão animalesco.
It’s a me, Mario
O nome original de Mario, Jumpman, vem de sua mecânica simples aplicada ao game, que terminaria sendo a marca registrada do herói. Como o título seria lançado para arcades, a Nintendo teve que atribuir uma ação a um único botão: o de pulo.
Antes de Mario ganhar seu nome definitivo, Miyamoto considerou chamá-lo Mr. Video, para usar sua criatura em diversos tipos de jogos. O problema é que o nome poderia confundir o público em inglês... Diz a lenda, então, que durante uma reunião de diretoria da Nintendo, na qual Miyamoto estava presente, o dono do prédio entrou para cobrar o aluguel atrasado. Seu nome era Mario Segali.
Muita gente ainda acredita que o nome completo do personagem é Mario Mario, enquanto o seu irmão se chamaria Luigi Mario. Em entrevista à revista GameInformer, o desenvolvedor explica a confusão: “Hollywood fez uma versão de Mario Bros. para o cinema. Havia uma cena no roteiro em que eles precisavam dar um sobrenome aos personagens. Alguém sugeriu que, porque eles se chamam Mario Bros., o sobrenome deles seria Mario. Eu escutei isso e gargalhei. Claro, isso acabou incluído no filme. Mas assim como Mickey Mouse não tem um nome real, Mario é somente Mario, e Luigi é somente Luigi ”.
Menos tecnologia, mais criatividade
Foi a tecnologia possível nos anos 1980 que deu a Mario suas características, como explica seu criador em entrevista ao site Popular Mechanics: “Por conta da tecnologia da época, era muito difícil criar um personagem ímpar, havia uma paleta de cores e formatos muito limitada. Se você olhar para o rosto do primeiro Mario, vai perceber que ele é feito de somente sete retângulos. Meu objetivo era criar um personagem mais distinto possível com essa palheta limitada. Por conta disso, ele tem características tão fortes, como seu narigão”. Um chapéu e o vasto bigode completam o visual básico.
Sobre a paleta de cores limitada, Miyamoto falou à Eurogamer: “Mario era originalmente vermelho, azul, branco e preto. Somente em Super Mario Bros. 3 [de 1988] mudamos a cor de seu cabelo. Como o bigode era a continuação do desenho da boca, ele permaneceu preto, mas nos sentíamos mal por Mario não ter uma cor de cabelo definida, daí fizemos castanho”.
Contra o macaco
Logo depois de salvar a mocinha do jogo de 1981, Mario foi o antagonista de Donkey Kong Jr., lançado em 1982, em que o jogador controla o filho do gorila, na missão de salvar Kong, sequestrado pelo encanador. Mario foi vilão mais uma vez: em Donkey Kong Circus (1984), da série Game and Watch, ele aprisionava o gorila para apresentá-lo como atração de seu circo. Depois disso, o personagem ainda apareceu juntamente a Donkey Kong em um game de hóquei, e na série animada The Saturday Supercade.
No desenho, porém, Mario já é apresentado como um protagonista heroico, enquanto o macaco acaba novamente no papel de adversário. Mario aparece rápido no pano de fundo de outros jogos da série Donkey Kong, mas a Nintendo optou por não colocar o carpinteiro em Donkey Kong 3. O videogame foi um fracasso de vendas - o que abriu as portas para uma nova saga, que começou com Mario Bros., jogo de arcade de 1983.
Mario e Luigi, os encanadores
A definição do papel de Mario seguia o contexto do jogo; como em Donkey Kong o cenário era uma construção, Mario era um um carpinteiro. No caso de Mario Bros., a ação se passaria toda embaixo da terra, e alguém da produção sugeriu que Mario parecia muito mais um encanador. Miyamoto então decidiu que o videogame se passaria nos esgotos de Nova York, e que Mario seria um americano com ascendência italiana. Para criar um submundo cheio de inimigos, a inspiração veio do jogo de arcade Joust, de 1982, em que dois personagens batalhavam pterodátilos, montados em avestruzes voadores.
Por algum motivo, Miyamoto povoou os esgotos com tartarugas (as Tartarugas Ninja só apareceriam em 1984...). Assim como Joust, Mario Bros. também teria um segundo jogador, e o desenvolvedor criou o irmão de Mario, Luigi, que tinha quase o mesmo design do protagonista, mas com uma paleta de cores diferente. A mecânica era similar à do primeiro jogo, conforme diz Miyamoto ao Nintendo Channel: “Primeiramente, fiz Donkey Kong. Eu queria que a tela andasse, mas a tecnologia não permitia isso. Deu certo, porque quando você joga em uma tela fixa, você pode ver toda a fase. Então, fiz Mario Bros. Ele também tinha uma tela fixa, o que ajudava a criar uma estratégia”.
Super Mario
O primeiro jogo em que Mario aparece como um adorável encanador que deve salvar a Princesa Peach (ou Toadstool como dizia o livreto da época) do reino de Mushroom das garras de Bowser foi Super Mario Bros., lançado para o Nintendo em 1985.
Toda a estrutura conhecida da série tem sua base aqui: os canos, Goombas e Koopa Troopas, o mundo com seus vários castelos ("desculpe, mas sua princesa está em outro castelo"), os chefes de fase e até mesmo as warp zones, atalhos dimensionais que permitiam passar rapidamente de uma fase a outra. Luigi também aparecia nesse jogo de 1985, mas somente no modo mutiplayer.
De acordo com Miyamoto, sua busca pelo jogo de plataforma, em que a tela não era fixa, terminou em uma sexta-feira, 13. “Eu queria fazer algo que tivesse uma longa distância e parar de fazer cenários com uma tela preta de fundo. Queria um game agradável aos olhos, mas também algo que fosse pop e deixasse um impacto. Eu também queria deixar uma impressão diferente quando as pessoas estivessem no submundo e em cima. Por isso, coloquei o céu como pintura de fundo”. O game alocava somente 40kb de memória de um cartucho. O resto é história.
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