sábado, 7 de fevereiro de 2015

NO PAÍS Cearense pode ser o mais idoso

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
07.02.2015
"Zé Preto" é candidato ao "Guinness World Records". A organização internacional aguarda o envio de documentação

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Aos 110 anos, "Zé Preto" passeia na Praça de Tauá, conversa pouco e ri muito
FOTOS: JORGE DE MOURA
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O centenário é um homem humilde, trabalhador da roça, que durante sua vida dedicou-se às atividades do campo, ao serviço de preparo de terra, plantio e colheita de grãos e de algodão em sua região
Tauá.  O agricultor aposentado, Jose Rodrigues Avelino, mais conhecido por 'Zé Preto',que completou 110 anos de vida no último dia 5 de janeiro, morador desta cidade, na região dos Inhamuns, pode ser o homem mais velho do Brasil e um dos mais idosos do Mundo. Ele é candidato a ingressar no livro dos recordes, o 'Guinness World Records'. Uma organização internacional que faz consulta para o ranking de pessoas centenárias aguarda o envio de documentação para comprovar a idade de 'Zé Preto'.
O Diário do Nordeste publicou, no caderno Regional, no último dia 5 de janeiro, matéria com o título "Idoso de Tauá faz 110 anos". A reportagem despertou a atenção de um dos coordenadores do grupo de trabalho para o "Gerontology Research Group" que é o consultor principal para o Guinness World Records. É a mesma equipe que autenticou Maria Gomes Valentim como pessoa mais velha do Brasil e do mundo, em maio de 2011.
O grupo agora investiga a possibilidade de localizar pessoas com 110 anos ou mais no Brasil. "Jose Rodrigues Avelino, é um provável candidato a ser um 'supercentenário', de acordo com as nossas pesquisas iniciais", afirmou um dos coordenadores da equipe, Ricardo Pereira Lago. "Ele poderá ser a segunda pessoa mais velha viva no Brasil e o homem mais idoso". A equipe de pesquisa tem sede em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos.
Autenticados
Mediante a consulta internacional, amigos e parentes de Zé Preto, nesta cidade, preparam os documentos a serem autenticados e enviados para o grupo de pesquisa. "Temos certidão de casamento e carteira de Identidade", disse o secretário executivo do Pacto Ambiental dos Inhamuns, Jorge de Moura, que auxilia a família do centenário.
Enquanto a documentação é organizada e enviada, seu Zé Preto mantém sua rotina diária em Tauá. Anteontem, pela manhã, ele aproveitou a temperatura amena, o tempo nublado, e saiu para dar uma volta na pracinha no entorno da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Lúcido, brinca com os amigos, dá risadas e recorda que naquele lugar 'passou bons momento da vida' e volta a dar risadas.
Centenários no Brasil
De acordo com dados do censo demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil havia 24.233 pessoas com cem anos ou mais, naquela data. Eram 16.989 mulheres e 7.247 homens. A distribuição por domicílio indicava que do total, 19.766 moravam em áreas urbanas e 4.470 em áreas rurais. O Estado que apresentou o maior número de pessoas naquela faixa etária foi a Bahia com 3.578, seguido de São Paulo com 3.234; Minas Gerais com 2.643; depois aparece o Rio de Janeiro com 1.747; Pernambuco com 1.599 e o Ceará ocupando a sexta posição com 1.271.
No Ceará, de um total de 1.271 pessoas com cem anos ou mais registrado pelo IBGE, em 2010, a distribuição por sexo mostra que 842 são mulheres e 429 homens. A maioria mora nos centros urbanos, seguindo a tendência nacional. São 937 em áreas urbanas e 334 na zona rural. A maior parte residia em Fortaleza (311); seguido de Juazeiro do Norte (39); Caucaia (34); Crateús (24); Maracanaú (23) e Canindé (22).
Longevidade
O gerontólogo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Raimundo Neto de Carvalho, que desenvolve trabalho social no Sesc, em Iguatu, observou que a longevidade tem sido maior nas duas últimas décadas e essa é uma tendência a permanecer. Ela chama a atenção para a necessidade da sociedade e do Estado se preparar para essa nova realidade - acolher e oferecer serviços para os idosos.
Por que as pessoas vivem mais? A resposta, segundo Raimundo Neto decorre da melhoria da qualidade de vida, do acesso aos serviços de saúde (mesmo com precariedade), alimentação mais saudável e prática de atividades físicas. "Não há mais aquele trabalho pesado na roça, sob o sol escaldante. Mesmo em período de seca, ninguém passa ou morre de fome", observou. "Antes, as pessoas se debilitavam, ficavam doentes, envelheciam e morriam muito cedo".
A expectativa de vida vem aumentando no País e daqui a duas décadas mais pessoas centenárias vão alimentar as estatísticas do IBGE. "O idoso de hoje talvez não tenha tido os cuidados que a geração atual está tendo, mas, mesmo assim, recebeu atenção na velhice, que se prolonga", observou. "Prevenção, os medicamentos, exames e cirurgias contribuem para uma vida mais saudável e duradoura".
Mediante essa realidade, o gerontólogo vê a sociedade despreparada, os serviços públicos ainda inadequados para acolher os idosos. "Não há acessibilidade, a locomoção é inadequada e os jovens de hoje precisam se preparar para cuidar dos idosos de amanhã", frisou. "O Brasil não é mais o País de jovens da década de 1970. A pirâmide etária está invertida".
Na cidade de Tauá, 'Seu Zé Preto' relembra que nasceu na localidade de Jurema, município de Independência, 17 anos após a Abolição da Escravatura e, mesmo assim, viveu, durante a infância, a condição de trabalho escravo em área rural do Estado. O centenário é um homem humilde, trabalhador da roça que durante sua vida dedicou-se às atividades do campo, o serviço de preparo de terra, plantio e colheita de grãos e de algodão.
Até o início do ano passado, fazia caminhada para manter a boa saúde e, a cada fim de mês, ia receber o dinheiro da aposentadoria rural no banco, na companhia de um neto. Ao completar 110 anos permanece lúcido, conversa pouco e não reclama de nenhum problema de saúde.
Honório Barbosa
Colaborador

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