28.02.2015
Brasília. A decisão da cúpula da Câmara dos Deputados de permitir que maridos e mulheres dos deputados tenham direito a passagens aéreas ainda provoca um burburinho nos corredores da Casa e no plenário. O deputado cearense Tiririca (PR-SP) defendeu. "Estou na minha. Eles (comando da Casa) fizeram e não vou ser hipócrita de dizer que não vou usar", afirmou.
Divididos, os parlamentares recorreram a piadas e até a verdadeiros exercícios verbais para justificar a concessão do benefício, mas boa parte assegurou que não usará a regalia. Pela regra, só cônjuges com registro em cartório poderão utilizar a cota de passagens do congressista.
A medida foi aprovada junto ao reajuste de outras verbas à disposição dos deputados, que totalizam um impacto de R$ 150,3 milhões por ano.
Nas rodas de conversa, as reações foram diferentes, mas é consenso o desgaste trazido pela Casa num momento que o país discute um ajuste fiscal. Jair Bolsonaro (PP-RJ) considerou que a Casa "extrapolou". "Não tem como defender", disse. Para Marco Feliciano (PSC-SP), a medida é justa, mas afeta a imagem da Casa. Integrante da cúpula da Câmara, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) votou contra a concessão. "Neste momento, (o pacote de benefícios) acentua ainda mais o distanciamento entre o Parlamento e a sociedade".
As lideranças do PSDB, do PPS e do PSOL, que representam 69 deputados, anunciaram que suas bancadas não vão usar a passagem para cônjuges.
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