Por Claudia Borges 05 set 2014 - 16h 16
Você já teve uma estranha sensação de que um animal está lhe espionando? Mas, provavelmente, o máximo de espionagem que o seu cão ou o seu gato podem deixar transparecer é tentar de algum jeito “disfarçado” (que só eles pensam que ninguém está vendo) de encontrar um petisco ou uma forma de escapar para dar um passeio.
No entanto, existem animais espiões de verdade! A maioria foi treinada por serviços secretos e exércitos, a fim de conseguir mais informações sobre certas pessoas ou organizações, além de atuar com outras funções importantes para uma conquista ou proteção militar.
Em 2008, dois pombos “suspeitos” foram capturados perto de uma instalação de enriquecimento de urânio. Os dois animais, de fato, eram espiões equipados com dispositivos de espionagem. Mas esse não foi um incidente isolado. Em 2007, autoridades iranianas teriam capturado 14 esquilos “armados” com equipamentos em suas fronteiras.
Porém, tudo isso não é coisa recente ou uma inovação dos nossos tempos. Afinal, os próprios pombos-correio têm sido utilizados há séculos para transmitir mensagens, assim como na ficção, em Game Of Thrones, os responsáveis pelas informações são os corvos, sendo algo que pode sim acontecer na vida real.
Pombos, esquilos, gatos, cães, ursos e até golfinhos já foram utilizados como espiões e integrantes importantes em serviços militares. Saiba mais conferindo logo abaixo:
1 – Pombos
Os pombos-correio foram amplamente utilizados por forças americanas e britânicas durante a Segunda Guerra Mundial. Tanto que o Exército dos Estados Unidos tinha até um centro de criação e treinamento na base militar de Fort Monmouth, em Nova Jersey. Lá os pombos eram treinados para entregar pequenas cápsulas contendo mensagens, mapas, fotografias e câmeras.
Os historiadores militares afirmam que mais de 90% de todas as mensagens transportadas por pombos enviados pelo Exército dos Estados Unidos durante a guerra foram recebidas. As aves ainda participaram da invasão do Dia D, pois as tropas operaram sem o uso do rádio, sob o silêncio.
Os pombos enviaram informações sobre as posições alemãs nas praias da Normandia e foram bem-sucedidos nas missões. Na verdade, esses pombos da Segunda Guerra tiveram um papel militar tão importante que 32 deles foram premiados com a Medalha Dickin, a mais alta condecoração da Grã-Bretanha para o valor dos animais. Pombos honrados!
2 – Golfinhos
Pode até parecer coisa de filme, mas os golfinhos também contribuem para serviços militares. Esses animais têm servido na Marinha dos Estados Unidos há mais de 40 anos como parte do Programa de Mamíferos Marinhos da Marinha. Eles já participaram da Guerra do Vietnã e da Operação Liberdade do Iraque.
Como são altamente inteligentes, os golfinhos são treinados para detectar, localizar e marcar minas, além de nadadores e mergulhadores suspeitos. Em 2009, um grupo de golfinhos começou a patrulhar a área ao redor da Base Naval de Kitsap-Bangor, em Washington. Eles patrulham a área 24 horas por dia, sete dias por semana, em busca de nadadores ou mergulhadores suspeitos em águas da base restrita.
E o que acontece se um golfinho encontrar um intruso? O animal toca um sensor em um barco para alertar seu treinador, que, em seguida, prende uma luz estroboscópica ou um dispositivo de barulho no nariz do golfinho. O mamífero é treinado para nadar até o intruso, dar um tipo de “tranco” na pessoa a fim de disparar os dispositivos que estão no nariz e nadar para longe, enquanto a equipe militar assume o restante da operação.
3 – Rato-do-deserto
MI5, a agência de segurança e contra-inteligência do Reino Unido, considerou a utilização de uma equipe de roedores treinados para detectar terroristas voando para a Grã-Bretanha na década de 1970. De acordo com Sir Stephen Lander, ex-diretor da organização, os israelenses colocaram a ideia em prática, posicionando gaiolas de ratos-do-deserto em verificações de segurança no aeroporto de Tel Aviv.
Um ventilador levava o cheiro dos suspeitos até a jaula dos roedores, sendo que eles eram treinados para pressionar uma alavanca se detectassem altos níveis de adrenalina. O sistema nunca foi implantado nos aeroportos do Reino Unido porque os israelenses foram forçados a abandoná-lo depois que se descobriu que os roedores não conseguiam discernir entre terroristas e passageiros que estavam com medo de voar.
4 – Cães
Durante a Segunda Guerra Mundial, cães “antitanque” foram utilizados pela União Soviética para lutar contra tanques alemães. Esse foi um dos mais cruéis usos dos cães em atividades de guerra. A princípio, os cães eram treinados (com a ajuda de comida) para carregar explosivos para debaixo de tanques e, com a ajuda dos dentes, soltar um tipo de cinto com a carga e deixá-la no local para ser detonada depois que eles saíssem.
Porém, essa estratégia não deu certo, pois a maioria dos cães não conseguia se livrar da carga, o que acabou tornando o trabalho deles “missões suicidas”. Como a primeiro processo não dava certo, os soviéticos tiveram a ideia de que os cachorros deveriam entrar debaixo dos tanques inimigos para a carga explosiva ser detonada por um dispositivo acionado por impacto com o animal e tudo.
Como se acabar com a vida dos peludos não fosse suficiente, o treinamento envolvido não era exatamente um passeio no parque. Os cães eram deixados famintos até que seus petiscos eram colocados sob um tanque de treinamento, condicionando-os a pensar que toda e qualquer comida estava sob todos os tanques do mundo.
Enquanto algumas fontes soviéticas afirmam que cerca de trezentos tanques alemães foram danificados pelos cães, muitos dizem que isso foi simplesmente propaganda para tentar justificar a crueldade do programa.
Na verdade, o processo tinha vários problemas, além do mais óbvio que foi a morte de muitos cães. Nas batalhas, vários se recusavam a se enfiar debaixo dos tanques em movimento, porque eles tinham sido treinados com tanques parados como uma medida de economia de combustível.
Os tiros também assustavam os cachorros e eles corriam de volta para as trincheiras dos soldados, muitas vezes detonando a carga ao saltar. Para evitar isso, muitos cães que retornavam eram baleados, inúmeras vezes pelas mesmas pessoas que lhes enviaram. Triste.
5 – Gatos
Durante a Guerra Fria, a CIA tentou transformar um gato doméstico comum em um dispositivo de escuta sofisticado como parte da Operação Gato Acústico (ou Bichano Acústico, como também é conhecida). A ideia era alterar cirurgicamente gatos para que eles pudessem escutar conversas de soviéticos em bancos de jardins ou perto de janelas.
O projeto começou em 1961, quando a CIA implantou uma bateria e um microfone em um gato, tornando ainda a sua cauda uma antena. No entanto, o gato se afastava dos alvos quando estava com fome, um problema que deveria ser sanado em outra operação.
Depois de cinco anos, várias cirurgias, treinamento intensivo e 15 milhões de dólares investidos no programa, o gato estava pronto para o seu primeiro teste de campo. A CIA levou o gato para um reduto soviético em Washington e o soltou, enquanto uma equipe ficou em uma van estacionada do outro lado da rua.
Mais uma vez, um inocente animal teve um resultado trágico: assim que o gato entrou na pista, ele foi imediatamente atingido por um táxi. A Operação Gato Acústico foi declarada um fracasso e completamente abandonada em 1967.
6 – Ursos
Em 1942, um menino encontrou um filhote de urso perto de Hamadan, no Irã, cuja mãe tinha sido baleada. Ele vendeu a Irena Bokiewicz, uma jovem polonesa refugiada que andava pelas montanhas Elbruz quando escapou da União Soviética. Quando ele se tornou muito grande, ela o doou para soldados do exército polonês, que estavam na região para algumas operações.
Como o urso tinha menos de um ano de idade, ele inicialmente tinha problemas de deglutição e foi alimentado com leite condensado com uma garrafa. O urso foi posteriormente alimentado com frutas, mel e xarope, e muitas vezes recompensado com cerveja, que se tornou a sua bebida preferida (espertinho).
De acordo com relatos, ele gostava de brincar de luta e foi ensinado a saudar quando cumprimentado. O urso se tornou um grande atrativo para os soldados e civis, tornando-se rapidamente um mascote não oficial de todas as unidades do exército na Síria, Palestina e Egito.
Mas ele não era só o bichinho de estimação. Depois que Voytek cresceu, ele foi treinado para transportar morteiros e caixas de munição durante as batalhas, e, em 1944, ele foi oficialmente “alistado” no exército polonês com nome, posto e número.
O urso viajou com a sua unidade, distribuía munição para soldados e uma vez até descobriu um espião árabe escondido no banheiro de uma cabana da unidade. Depois da guerra, o Jardim Zoológico de Edimburgo tornou-se o novo lar de Voytek, que viveu lá com tranquilidade até sua morte em 1963.
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