sábado, 13 de setembro de 2014

ONU: racismo no Brasil está institucionalizado

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
13.09.2014
Segundo as Nações Unidas, o mito da democracia racial é um dos entraves para combater o preconceito

Racismo - Patricia Moreira
Estudo da Organização das Nações Unidas é divulgado no momento em que se volta o debate sobre o racismo no Brasil após a torcedora do Grêmio, Patrícia Moreira, ter ofendido o goleiro do Santos, Aranha
FOTO: LUCIANO LEON
Genebra. O racismo no Brasil é "estrutural e institucionalizado" e "permeia todas as áreas da vida". A conclusão é das Nações Unidas, que publicou ontem, seu informe sobre a situação da discriminação racial no País. O documento conclui que o "mito da democracia racial" ainda existe na sociedade brasileira e que parte substancial dela ainda "nega a existência do racismo".
A publicação do informe coincide com a volta do debate sobre o racismo no Brasil por causa da expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por atos de sua torcida contra o goleiro negro do Santos, Aranha. Nesta semana, Pelé também causou polêmica ao minimizar o problema.
Mas as constatações dos peritos da ONU, que visitaram o Brasil entre os dias 4 e 14 de dezembro de 2013, são claras: os negros no País são os que mais são assassinados, são os que têm menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são os que morrem mais cedo e têm a menor participação no PIB. No entanto, são os que mais lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos.
Segundo a ONU, um dos maiores obstáculos para lidar com o problema é que "muitos acadêmicos e atores ainda subscrevem ao mito da democracia racial". Para a organização, isso é "frequentemente usado por políticos conservadores para descreditar ações afirmativas".
"O Brasil não pode mais ser chamado de uma democracia racial e alguns órgãos do Estado são caracterizados por um racismo institucional, nos quais as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como normais", destacou a ONU.
A entidade sugere que se "desconstrua a ideologia do branqueamento que continua a afetar as mentalidades de uma porção significativa da sociedade". Mas falta dinheiro para que o sistema educativo reforce aulas de história afro-brasileira, mecanismo que pode combater o "mito da democracia racial".
Para a ONU, essa situação ainda afeta a capacidade da população negra em ter acesso à Justiça. "A negação da sociedade da existência do racismo ainda continua sendo uma barreira à Justiça", declarou, apontando que mesmo nos casos que chegam aos tribunais, a condenação por atos racistas é dificultada "pelo mito da democracia racial".
Segundo a ONU, houve um avanço do governo para lidar com o problema, mas ainda é preciso um esforço maior para combater o racismo no País.

Um comentário:

  1. "...os negros no País são os que mais são assassinados, são os que têm menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são os que morrem mais cedo e têm a menor participação no PIB. No entanto, são os que mais lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos." ONU

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