sábado, 20 de setembro de 2014

EPIDEMIA DE EBOLA-OMS: chacina afeta combate a vírus

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
20.09.2014
Na Guiné, oito corpos foram encontrados após uma equipe que visitava uma área remota no sudeste ser atacada

Epidemia Ebola
Profissionais de saúde que combatem o surto da doença estão sofrendo risco devido à desconfiança da população guineense
FOTO: REUTERS
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A paciente foi internada em um hospital equipado para evitar fuga de agentes contaminantes
FOTO: REUTERS
Genebra. O assassinato de oito agentes de saúde que tentavam conscientizar moradores locais sobre o ebola na Guiné expôs o quanto as populações rurais da África Ocidental desconfiam das autoridades, após anos de instabilidade e conflitos, declarou a Organização Mundial da Saúde (OMS) ontem.
Oito corpos foram encontrados após uma equipe que visitava uma área remota no sudeste da Guiné ser atacada, disse um porta-voz do governo na quinta-feira, explicitando os riscos enfrentados por profissionais de saúde que lutam contra o vírus letal cercado pelo estigma.
A Guiné foi prejudicada por décadas de corrupção e instabilidade política, e os outros países mais gravemente atingidos pela epidemia de ebola, Serra Leoa e Libéria, sofreram com guerras civis nos anos 1990. O legado desses traumas agora representa um risco para profissionais de saúde combatendo o ebola, disse o especialista da OMS Pierre Formenty.
"Essa população em áreas de floresta tem realmente sofrido muito nos últimos 20 anos. Eles têm um comportamento pós-conflito, há uma falta de confiança óbvia entre essas populações e os diferentes governos nesses três países", disse Formenty em Genebra.
Guiné, Libéria e Serra Leoa estão abaladas pelo surto de ebola que matou ao menos 2.630 pessoas desde março, incluindo oito pessoas na Nigéria, de acordo com os dados da OMS.
"Precisamos continuar o combate contra o ebola, precisamos investigar esses assassinatos, mas isso não deve nos parar. Devemos continuar o diálogo com a comunidade, devemos continuar a explicar nosso trabalho, continuar a mostrar empatia com as vítimas, com as famílias, com as comunidades", defendeu Formenty.
Questionado se os epidemiologistas da OMS e outros trabalhadores de ajuda humanitária tomariam medidas adicionais de segurança, ele disse: "Mesmo com precauções adicionais, o risco zero não existe".
O vírus tem se espalhado por Monróvia, capital da Libéria, onde existe um grande número de casos e há "vácuo" de autoridade em muitas áreas da cidade, que possui em torno de 1 milhão de habitantes, disse Formenty.
População confinada
Serra Leoa iniciou um confinamento de três dias da população em suas casas em todo o país ontem, em um esforço para evitar a difusão do vírus do ebola, e o presidente Bai Koroma fez um chamado aos moradores para que obedeçam as medidas de emergência. As ruas da capital, Freetown, estavam desertas, mas repletas de veículos com policiais e funcionários do setor de saúde. Rádios locais tentaram conscientizar a população, encorajando-os a ficarem em casa.
Agente infectada volta à França
Paris. A voluntária francesa do Médicos Sem Fronteiras (MSF) infectada na Libéria pelo vírus ebola chegou na madrugada de ontem ao aeroporto militar de Villacoublay, perto de Paris.
Uma ambulância dos bombeiros escoltada por quatro batedores e por outros veículos deixou a base militar pouco depois de 1h45 (hora local).
A paciente foi internada em um hospital em Saint-Mandé, perto da capital, equipado especificamente para evitar qualquer fuga de agentes contaminantes.
A enfermeira receberá um tratamento experimental para o vírus, disse o ministro da Saúde Marisol Touraine. A Organização Mundial de Saúde (OMS) autorizou o tratamento experimental já que não há vacina ou tratamento homologados contra o ebola.
A mulher, que contraiu a doença na capital liberiana Monróvia, onde estava em missão, é o primeiro caso conhecido de contaminação entre franceses. Sua identidade e sua função não foram reveladas pela MSF, ONG que está à frente do combate à epidemia que deixou mais de 2.460 mortos desde o início do ano, principalmente na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné.
A francesa foi colocada em quarentena na Libéria na terça-feira (16), depois de ter mostrado sintomas da doença, de acordo com um comunicado divulgado pela MSF.
A organização disse que sete dos seus funcionários contraíram o vírus na África, três dos quais morreram.

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