07.09.2014
Maranguape, no Ceará, é exemplo de como a técnica pode beneficiar pessoas com pouco acesso à água potável
São Paulo Desde que o açude secou há dois anos, não sai uma gota das torneiras da comunidade Columinjuba, em Maranguape (CE). A única água potável é a que vem dos poços, recolhida em baldes ou galões após passar pela máquina dessalinizadora.
Enquanto São Paulo investe em buscar água de reservas distantes, a dessalinização é alternativa já adotada ou em fase de implantação em pelo menos nove Estados brasileiros. Com o barateamento da tecnologia, especialistas dizem que a técnica é uma opção de abastecimento válida para todo o Brasil.
A tecnologia é utilizada principalmente na região Nordeste, onde são instalados sistemas para purificar a água salobra (com concentrações de sal menores que a do mar) do subsolo. Em Fernando de Noronha, a água é retirada diretamente do mar.
Como é feito
O método usado em ambos os casos é a chamada osmose inversa, em que a água passa por um sistema de membranas. O sal e impurezas ficam retidas, enquanto a água sai pronta para ser bebida. Em Columinjuba, cada pessoa tem direito de encher dois garrafões de 20 litros, duas vezes por semana. A água é usada para beber e cozinhar - o líquido para outros usos chega por meio de caminhão-pipa.
"Se não fosse por isso, a gente não tinha o que beber", diz Marcelo Gonçalves, 39, que há seis anos opera o dessalinizador.
O programa de dessalinização brasileiro começou a ganhar força na década de 1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, ambos do PT, foi ampliado. Hoje, o programa Água Doce beneficia 100 mil pessoas em todo o País. A meta é atender 2,5 milhões até 2019.
Foco no Nordeste
O coordenador do programa, Renato Saraiva, afirma que, por enquanto, o foco é o Nordeste, pois a formação geológica do semiárido faz com que a água adquira as características das rochas da região, tornando-se salobra.
Em São Paulo ainda não há nenhum projeto para adotar a alternativa. Porém, para o responsável pelo Laboratório de Referência em Dessalinização da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), o professor Kepler Borges, nada impede que a técnica seja utilizada pelos paulistanos. "A dessalinização poderia atender principalmente as cidades que ficam próximas à costa, o que vem sendo feito em todo o mundo", diz.
França admite que a dessalinização é mais cara do que os métodos mais comuns. Porém, diz, o custo depende muito da distância entre o local de produção da água e o que será abastecido. Bombear a água do litoral para a Grande São Paulo sairia caro. Mas a dessalinização poderia abastecer o Rio de Janeiro ou litoral paulista, com problemas frequentes de falta de água na alta estação.
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