20.09.2014
Confusão começou quando três policiais abordaram um ambulante que vendia DVDs piratas
São Paulo. Um policial militar, integrante da Operação Delegada, foi preso na noite de ontem, após matar o camelô Carlos Augusto Muniz Braga, de 30 anos, durante tumulto, às 17h15 da quinta-feira (18), na Lapa, zona oeste da capital paulista. A operação é um convênio entre PM e Prefeitura, em que o policial trabalha no horário de folga na fiscalização de camelôs.
A confusão começou quando três PMs da operação voltada a coibir o comércio irregular abordaram o ambulante Isaías de Carvalho Brito, de 27 anos, que vendia DVDs piratas ilegalmente na Rua 12 de Outubro. Segundo versão divulgada inicialmente pela Polícia Militar, após ser abordado, Brito se negou a entregar a mercadoria e recebeu voz de prisão. Nesse momento, de acordo com a versão da polícia, um grupo de cerca de 30 pessoas, entre eles Braga, saiu em defesa do colega e iniciou uma briga com os três PMs.
Imagens obtidas pela reportagem mostram Brito sendo abordado pelos três PMs e tendo as mercadorias apreendidas.
Eles conversaram até que um policial dá um tapa no ambulante, que tenta reagir e é dominado e agredido por outro policial, o mesmo que, mais tarde, daria o tiro. Policiais e o ambulante caíram no chão, mas Brito foi rapidamente dominado e imobilizado por dois PMs. O terceiro, autor do tiro, ficou em pé e sacou a arma e o spray de pimenta e começou a apontá-los para pessoas que se aproximavam deles.
Um grupo de ambulantes, entre eles Braga, começou a pedir que a PM soltasse Brito, alegando que "ele é trabalhador". Durante o bate-boca, Braga tentou retirar da mão do PM o spray de pimenta e foi baleado no rosto pelo policial que estava em pé, conforme mostra outro vídeo, divulgado pelo Jornal da Record.
Braga foi levado ao Hospital das Clínicas, em Cerqueira César, zona oeste de São Paulo, onde morreu.
Prisão
Após a divulgação dos vídeos, a Secretaria da Segurança Pública informou que o policial autor do disparo, que não teve o nome revelado, foi preso e encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes. Ele seria autuado em flagrante por homicídio doloso (com intenção de matar) na noite de ontem.
'Já me bateram até grávida'
"Não é a primeira vez nem a quinta que isso aconteceu. É o de sempre. Já me bateram até quando eu estava grávida", afirmou a vendedora ambulante Cláudia Silva Lopes, de 31 anos, mulher do camelô morto pelo PM.
"Por que o governo coloca policial despreparado para lidar com pessoas? E agora como vou sustentar minhas três crianças?", questionou Cláudia.
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