Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
28.09.2014
Desconfie da promessa de ganho rápido e eficaz de massa muscular, pois só a prescrição garante resultados e saúde
O mercado oferece uma grande variedade de produtos, a exemplo da World Fit Sports Nutrition. Segundo Thales Wembley, a loja conta com consultores e nutricionistas para orientar a clientela
FOTO: KID JÚNIOR
Já fazia mais de um ano que o designer Bruno Araújo, 27 anos, praticava musculação, mas os cuidados com a alimentação ficavam em segundo plano. Depois de um tempo, ir à academia sozinho foi ficando chato, e os resultados almejados não apareciam. Em dezembro de 2013, resolveu, então, experimentar o treinamento funcional associado ao crossfit.
Gostou, mas ainda não bastava. Junto à atividade física, sabia que tinha de mudar a dieta. Foi aí que buscou o acompanhamento de uma nutricionista para seguir um plano alimentar adequado. Os suplementos que utiliza - um à base de proteínas e o outro de aminoácidos - vieram apenas três meses depois, por indicação da profissional.
"Antes de prescrever, ela questionou se eu tinha alguma restrição e explicou que alguns pacientes têm total aversão por suplementação, e outros não. Desde então eu tomo, mas na dosagem recomendada. Não vou pela minha cabeça, e sim pelo que ela indica", conta.
Dieta equilibrada
É por isso que, conforme salienta a nutricionista Adriana Sampaio, é preciso estar sempre atento ao equilíbrio entre os nutrientes. Segundo ela, é muito comum a ingestão excessiva de proteínas para o ganho de massa muscular, porém muitas vezes ocorre de forma errada e os resultados também dependem de outros fatores.
"É necessário garantir o aporte adequado de macro e micronutrientes como um todo para que o músculo tenha a capacidade de sintetizar novas fibras musculares. A quantidade de proteína que o colega da academia precisa é diferente da porção de proteína que você precisa", ressalta Adriana.
Equilíbrio, sempre
Os aminoácidos, de acordo com Danielle Lodetti, são outra categoria de suplementos bastante procurada. Estão associados a um melhor estímulo para o ganho de massa muscular e recuperação pós-treino, além de diminuírem o desgaste muscular. A nutricionista cita ainda a creatina, que é associada à melhora de força e de massa muscular; e os carboidratos, como a Moltodextrina e o Wazi Maxi, que fornecem energia para os músculos e contribuem para que o organismo faça a síntese proteica.
Apesar da variedade de produtos à disposição, entretanto, Lodetti reforça que não vale querer ganhar massa sem um treinamento adequado. O ideal é detectar a necessidade do suplemento, associá-lo a uma dieta minuciosamente prescrita e a um treino individualizado. Afinal, cada pessoa tem um biotipo, uma estrutura e uma facilidade maior ou menor em ganhar massa magra e/ou perder gordura.
"A promessa é linda, mas a realidade não é tão simples. Todos querem ser iguais, e isso gera uma insatisfação enorme e o apelo para substâncias extremamente prejudiciais, como os esteroides anabolizantes, estimulantes, pré-treinos e muito mais", alerta.
Não é supermercado
Se consumi-los com responsabilidade é essencial para a saúde, comercializar suplementos com segurança também é. Como diferencial de mercado, lojas especializadas em Fortaleza têm oferecido não só os produtos, mas também serviços personalizados para tirar dúvidas dos clientes.
Na World Fit Sports Nutrition, no Meireles, além da variedade de suplementos nas prateleiras (autorizados pela Anvisa), a loja disponibiliza dois consultores em suplementação e o consultório de um nutricionista, Matheus Caetano, que atende no próprio estabelecimento.
Só o nutricionista
Segundo o sócio-proprietário, Thales Wembley, o maior público está na faixa dos 16 aos 30 anos, mas há clientes de todas as idades. São, na maioria, praticantes de musculação e outros esportes, a exemplo do jiu-jítsu e vôlei de praia. Já os preços variam de R$ 5 a R$ 649, no caso dos produtos à base de proteínas.
"Normalmente, o cliente vem com uma dúvida e busca um produto com o qual já está acostumado, mas nem sempre o de 30 anos, que supõe-se praticar atividade física há mais tempo, está mais antenado que o de 16. Ter um profissional nutricionista na loja é importante porque, se alguém tem uma questão mais técnica, posso chamá-lo e o cliente sai daqui mais tranquilo".
O papel do educador físico
Tão importante quanto a orientação nutricional é a conduta correta do educador físico que acompanha os treinos. Para o professor do curso de Educação Física da Universidade de Fortaleza (Unifor), Walter Cortez, ao ser procurado por um jovem em busca de indicações de suplementação, cabe ao profissional explicar como o corpo reage aos treinamentos físicos e como a nutrição está inserida nesse contexto. A prescrição do produto, por sua vez, deve ficar sempre por conta de um nutricionista.
"Mostro como será a abordagem no programa de treinamento e falo da necessidade da alimentação estar adequada para tal. Após isso, recomendo que esse aluno procure um nutricionista. Essa conduta é a mais certa, principalmente pelo fato de os profissionais de educação física não terem permissão legal para prescreverem nenhum tipo de dieta que conste ou não de suplementos e complementos alimentares, mesmo que tenham conhecimento a respeito. Trata-se de uma condição legal para o exercício da profissão que é da alçada do nutricionista e não nossa".
Foco nos adolescentes
A personal trainer Nathalya Campos, que acompanha cerca de 10 adolescentes na faixa etária entre 15 e 16 anos, considera que uma conversa aberta ajuda, inclusive, a desconstruir mitos e motivar o praticante a dar continuidade aos treinamentos. Isso porque, segundo ela, embora tenham fatores favoráveis para a prática, como a idade, os alunos mais jovens também desistem muito fácil. O motivo, aponta, é que a hipertrofia é mais lenta. Afinal, no início, os treinos não trabalham muito com sobrecarga e os alunos não adquirem força muito rápido.
"Muitos já chegam com um pedido: 'quero ficar parecido com o Felipe Franco, que é um rapaz que está muito forte na mídia esportiva'. Explico que ainda são muito jovens e que, com paciência, mudaremos um pouco a rotina de exercícios sem agredir o processo de crescimento. Como educadores físicos, não chegamos já dando 100% do que o aluno quer. Precisamos trabalhar com o que ele precisa. Na musculação, os resultados não aparecem da noite para o dia".
FIQUE POR DENTRO
Barrinhas de whey: consumo exige cautela
Segundo a nutricionista Adriana Sampaio, há uma variedade de itens que podem ser incluídos na dieta para melhorar o rendimento e a composição corporal. Ela cita, como exemplo, café, pó-de-guaraná e açaí.
Os dois primeiros possuem cafeína, substância que estimula o sistema nervoso e ajuda a nos deixar mais alertas. Já o açaí é rico em gorduras do bem e fornece energia, daí a 'fama' entre atletas amadores e profissionais. Ela chama atenção, porém, para a popularização de produtos à base de whey, como as barrinhas ingeridas como lanche ao longo do dia.
"Esses produtos são industrializados e muitas vezes contêm quantidades excessivas de açúcar, corantes, conservantes e vários outros aditivos químicos que agridem o organismo. Desta forma, o benefício do whey presente nessas barrinhas acaba 'se perdendo' diante da grande quantidade de aditivos que os mesmos possuem".
SUPLEMENTOS
Bem aplicados
Proteínas: Auxiliam no ganho de massa muscular;
Aminoácidos: Melhoram o estímulo para o ganho de massa muscular e recuperação pós-treino, além de diminuírem o desgaste muscular (BCAA);
Creatina: Melhora a força e a massa muscular;
Carboidratos: Fornecem energia para os músculos e contribuem para que o organismo faça a síntese proteica.
Em excesso
Proteínas: Podem trazer aumento de gordura corporal, sobrecarga renal, alteração da flora bacteriana intestinal e acne.
Fonte: Danielle Lodetti, nutricionista