08.03.2014
Volante santista se manifesta contra a atitude de torcedores que o ofenderam após partida do Estadual
O volante Arouca, do Santos, lamentou as ofensas racistas que sofreu logo após a vitória sobre o Mogi Mirim, por 5 a 2, na noite da última quinta-feira, pelo Campeonato Paulista. Em nota publicada por sua assessoria de imprensa, ontem, Arouca pediu punição para os autores de ofensas racistas no futebol.
“Espero, sinceramente, que casos como esse sejam severamente punidos, pois, enquanto isso não acontecer, nada vai mudar. A impunidade e a conivência das autoridades com as pessoas que fazem esse tipo de coisa são tão graves quanto os próprios atos em si”, disse o volante.
Enquanto concedia entrevista no campo, depois da vitória do Santos, Arouca foi xingado de macaco por três torcedores, segundo relato dos repórteres de rádio que faziam a cobertura do jogo no interior paulista.
O jogador ficou desconcertado e não conseguiu concluir a resposta sobre a sua atuação na partida. Ele foi o autor do quarto gol do seu time. O árbitro Vinicius Gonçalves Araújo, disse que não ouviu o xingamento e por isso não iria relatar na súmula.
Arouca cobrou punições para os gestos de racismo no Brasil. Ele declarou que imaginava que casos assim diminuíssem com a repercussão do racismo sofrido pelo cruzeirense Tinga, no Peru, mas se decepcionou.
Tinga sofreu com racismo na derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso por 2 a 1, em 12 de fevereiro, em Huancayo. “Hoje em dia está acontecendo com mais frequência. Achei que o ocorrido com o Tinga pudesse mudar a mentalidade de algumas pessoas, mas, pelo jeito, não aconteceu”, disse Arouca.
Outro caso
Responsável pela arbitragem de Esportivo x Veranópolis, na última quarta-feira, pelo Campeonato Gaúcho, o árbitro Márcio Chagas da Silva sofreu graves insultos racistas em Bento Gonçalves (RS). E, em entrevista ao canal SporTV, nesta sexta-feira, o profissional não poupou criticas aos agressores e pediu mudanças no cenário do futebol brasileiro.
“Não deveríamos achar normal, mas essas coisas acontecem constantemente em nosso Estado, principalmente na região da Serra. Após sair do jogo, encontrei meu carro e percebi que ele havia sido amassado com pontapés na porta. Havia algumas bananas ao seu redor e duas delas caíram quando eu fui dar partida”, afirmou o árbitro, que chorou durante a entrevista.
Federação interdita estádio do Mogi Mirim
A Federação Paulista de Futebol (FPF) interditou o estádio Romildo Vitor Gomes Ferrari, do Mogi Mirim, depois dos atos racistas contra o volante Arouca, do Santos. De acordo com uma nota emitida pela FPF na tarde de ontem, a decisão foi tomada pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de São Paulo.
“A ação se tornou necessária considerando que as ações da torcida do Mogi Mirim maculam de forma indelével a disciplina desportiva e também os princípios básicos de civilidade e humanismo”, diz a nota da FPF. “A interdição do estádio será mantida até a decisão final de processo disciplinar instalado para averiguar os fatos ocorridos”.
“Fomos punidos sem apresentar nenhuma defesa e a decisão foi tomada com base em informações divulgadas pela mídia, mas sem nenhuma consistência”, diz o vice-presidente do Mogi, Wilson Bonetti.
Sem controle
Presidente e jogador do clube, Rivaldo usou as redes sociais para condenar os insultos sofridos por Arouca. “Eu, como presidente do Mogi Mirim, lamento caso houve algum ato de racismo com o jogador Arouca. Sou contra esta atitude de pessoas que não respeitam o próximo. Somos todos iguais”, escreveu. “Só não concordo em punição para o clube, não podemos controlar a boca dos torcedores”.
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