sábado, 24 de janeiro de 2015

O que foi a Escola de Frankfurt?

Fonte: https://academiaeconomica.com
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Frankfurt
“Normalidade significa morte” – Theodor Adorno
A Escola de Frankfurt também chamada, no início, de Instituto de Pesquisas Sociais foi, de modo bem resumido, um agrupamento de marxistas que, durante a década de 20, elaborou uma crítica ampla da sociedade – chamada “Teoria Crítica”, onde contestavam de modo generalizado o estado de coisas, num período turbulento da História, com tentames comunistas, a Primeira Guerra, o instável parlamentarismo Weimariano que sucedeu ao império germânico e a eclosão da esquerda nacionalista alemã (nazismo).
Enfim, esse corpo filosófico eclode num período de expressivos acontecimentos e delineamentos históricos em um Continente que fervilhava.
Bem verdade que a Alemanha sempre foi pródiga na formação de filosofias, seja em relação aos idealistas clássicos, seguidos pelos marxistas e depois por outros pensadores, o que contribuiu para o aparecimento da escola.
Nasce assim, a Escola de Frankfurt (Frankfurt Schule) que se utilizava de um ”marxismo revisitado” e, mesclando-o com outras doutrinas (inclusive psicológicas), fazia a crítica generalizada e telúrica do mundo, da arte, do capitalismo, do consumo, etc.
Faziam digressões econômicas também, mas o grosso do trabalho era a ação cultural.
Os pensadores que compunham o grupo podem ser exemplificadamente relacionados: Max Horkheimer, Félix Weil, Erich Fromm, Leo Lowenthal, Theodor Adorno, Marcuse, Otto Apel, Jürgen Habermas e Walter Benjamin.  Certo é que o representante mais visível e conhecido foi Theodor Adorno.
Seus ideólogos, é correto dizer, se prostraram um tanto desgostosos com a revolução bolchevique leninista da Rússia em 1917, o que certamente contribuiu para a aproximação e a formação do grupo.
O grupo era nômade, viajaram por alguns países até, por fim, radicarem nos Estados Unidos (uma cultura imperialista, burguesa e perversa), na época em que o anti-semitismo tomou a Alemanha e já que seus integrantes eram judeus. Em meados de 1950 regressaram ao país de origem.
A Escola frankfurtiana tinha meio de divulgação próprio: a Revista de Pesquisa Social e uma das obras mais conhecidas foi a Dialética Negativa, de Adorno.
Ideologicamente, era composta de uma junção do materialismo marxista (histórico) com teorias psicanalíticas, resultando na chamada “Teoria Crítica”.
Essa teoria representava um caldeirão ideológico, advindo de um país de tradição fortemente filosófica, misturando teorias marxistas, criticismo, ideias nietzschianas e teorias psicanalíticas.
Pode-se arrolar como características da referida escola:
a) O desprezo pela ação revolucionaria física ou material (tomada à força do Poder) por uma ação contínua e cultural, devidamente disfarçada de intelectualismo contestatório;
b) viés marxista, muito embora fosse uma tentativa de reinterpretação do marxismo e da reinterpretação do mundo pelo marxismo;
c) criticismo e forte contestação generalizada da cultura ocidental que cegava as classes e permitia o domínio imperialista;
d) desestabilização de valores profundamente arraigados.
Curioso é que o agrupamento era financiado pelo pai de um dos ideólogos, o senhor Herman Weil, genitor do já citado Félix Weil, sendo que aquele ficara rico em terras argentinas com a plantação de trigo e assim pode financiar o empreendimento.  Lembrando, também curiosamente, que Karl Marx da mesma forma era patrocinado por um burguês – o que representa uma constante em todo processo histórico, e uma verdadeira “contradição de princípio”.
Mas o que dizia especificamente a revisão frankfurtiana?
A escola pregava que certos elementos presentes na civilização representavam fortes óbices à verdadeira transcendência e à genuína liberdade individual.
Dessa forma, em teoria, faziam oposição a valores da sociedade ocidental como a noção de moralidade, religião, família, conceitos variados como estética, Arte, etc.
Através da lente do marxismo observavam a sociedade, tecendo a ela sua oposição através da  “Teoria Crítica”, visando uma transformação dialética da cultura ocidental, deturpada que era, levando os homens a se perderem em suas essências.
Consideravam o marxismo puro pouco intelectualizado e propunham um certo revisionismo; resultando num marxismo esclarecido ou ilustrado.
A reinterpretação da sociedade se dava em várias frentes de contestação como a crítica:
- da Arte;
 -do sistema capitalista;
-do consumo;
-da cultura massiva;
-da cultura ocidental, considerada perigosa;
-da indústria cultural
-da coisificação do homem;
-da Ciência, instrumento dos poderosos imperialistas
-da História;
- do cinema Hollywoodiano;
- dos conceitos estéticos;
- da alienação do ser;
Resumindo, representava uma crítica à sociedade envenenada por um capitalismo perverso, dominado por poderosos que reificavam (coisificavam) pessoas, anulando-lhes a capacidade de “ser no mundo”, de ser pensante e com consciência de classe. O Ocidente estava errado e necessitava de tratamento psicológico (daí a psicanálise).
Em realidade, a chamada “Teoria Critica” é apenas mais um anexo do marxismo, um comunismo mais envernizado, ilustrado com tintas de intelectualidade. Contudo, o fim é o mesmo. Destruir e desestabilizar o sistema capitalista e alvejar valores morais do Ocidente que, inexoravelmente, resulta na conhecida ação revolucionária.
Fizeram uma constatação mais que óbvia: o marxismo era intelectualmente pobre e isso não representa mérito algum.
A Escola de Frankfurt ainda hoje conta com muitos admiradores.

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