16/11/2014
A tecnologia sofistica o trabalho e algumas funções tendem a ter fim. O povo inicia a série profissões em extinção
CAMILA DE ALMEIDA/ESPECIAL PARA O POVO
Nos Estados Unidos, é bem comum o autosserviço em postos de combustíveis. No Brasil, a prática é proibida. Com a tendência do autosserviço, a função de frentista pode ter fim
A tecnologia não apenas torna mais otimizados os processos como também muda as relações de trabalho. Algumas profissões podem ser substituídas por soluções digitais. Por exemplo, para dar agilidade ao atendimento e evitar as longas filas nos estacionamentos, shoppings já investem em aplicativos para smartphones.
Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o abastecimento do veículo pode ser feito pelos próprios motoristas nos postos. Na Europa e já em Fortaleza, alguns motoristas acumulam também a função de cobrador.
A tendência é que a tecnologia sofistique os postos de trabalho e que algumas funções sejam incorporadas por outras. “O mercado é muito mutante. Sempre haverá profissões que vão deixar de existir”, destacou a coordenadora do gerenciamento humano da CMGB Consultoria, Celânia Pinto Lima.
As profissões que tendem a desaparecer são, em sua maioria, as que têm condições mais precárias, segundo Gisele Studart, diretora da Studart RH e diretora de marketing da Associação Brasileira de recursos humanos do Ceará (ABRH/CE). “É uma tendência, principalmente nas funções em condições mais precárias, trabalhos mais operacionais”, destacou. Ela lembrou que funções como a de chaveiro são escassas e caras na Europa.
Os avanços tecnológicos podem trazer tanto benefícios quanto prejuízos para os trabalhadores, segundo a frentista Francisca Gilmária Barbosa. A bomba automática facilitou o trabalho, mas se isso representar que os consumidores também poderão fazer o autoatendimento poderá acabar com a profissão. “Para a gente que sabe utilizar a bomba é perigoso, imagine para um cliente que não sabe”, completou. Já a frentista Teresa de Oliveira disse que, se o autosserviço for autorizado, terá de procurar outra profissão. “Vou fazer algum curso”, disse.
Outra atividade cada vez mais rara no mercado é a de ascensoristas de elevadores. Silas Coelho de Oliveira, 56, está há 35 anos na profissão. De acordo com ele, o profissional não apenas opera o equipamento, mas presta um serviço. “Tem gente que tem medo de andar só, tem medo de elevador”, disse.
Marcos Sérgio Silva, 40, trabalha há 13 anos como ascensorista em um prédio no Centro da idade. Ele destacou que os elevadores automáticos têm sempre mais problemas. Já José Paulo de Souza, 62, há 16 anos na profissão, conta que tem também a função de porteiro no prédio onde trabalha. “Saber fazer outras coisas ajuda”, disse.
Eliminação automática
As cargas de trabalho são automaticamente eliminadas pela tecnologia, de acordo com Ediran Teixeira, Coordenador Técnico da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) no Dieese. De acordo com ele, a tendência é que cada vez mais algumas funções sejam absorvidas por outras, mantendo os mesmos salários. Ele explicou que a quantidade de anos de estudo necessária aumenta, mas não os salários. “As tecnologias são mais rápidas. Rearranjam as profissões, eliminam postos de trabalho, com a redução de custos”, disse.
Conforme Ediran, o excesso de mão de obra e a necessidade das empresas de reduzir custos desencadeia os salários mais baixos. No entanto, as profissões sem carteira de trabalho também tendem a sumir com o tempo. Outra tendência é o maior grau profissionalização. Datilógrafos precisaram assumir funções de digitadores. A expectativa é que esses profissionais tenham também habilidade de designers, segundo ele.
PROFISSÕES QUE DESAPARECERAM
O mercado de trabalho evolui com o tempo e algumas profissões vão desaparecendo ao passo que outras surgem
1. DATILÓGRAFO
Até meados da década de 1980, o datilógrafo era imprescindível nos escritórios. Os computadores fizeram com que a profissão evoluísse e muitos se tornaram digitadores.
2. ARMADORES DE PINOS
As pistas de boliche necessitavam de um armador de pinos. Com a tecnologia de reposição, a profissão deixou de ser necessária.
3. DESPERTADOR HUMANO
Sem os celulares ou os antigos relógios despertadores, algumas pessoas contratavam alguém para acordá-las de manhã. Quem tinha a função de despertador usava pedaços de madeira ou pedra para acordar os clientes.
4. CORTADORES DE GELO
O trabalho dos cortadores de gelo era muito importante antes dos modernos sistemas de refrigeração. Eles enfrentavam lagos congelados para abastecer as casas dos homens ricos
5. RADAR HUMANO
Modernas forças armadas do mundo já usaram o radar humano. Ele detectava som de motores de aviões se aproximando por meio de um dispositivo de concentração.
6. ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Sem a energia elétrica, a energia pública das cidades era feita à base de lampiões. Para acendê-los, havia um profissional. Essa função seguiu até a introdução das lâmpadas elétricas nos postes.
7. TELEFONISTAS
As chamadas telefônicas de longa distância eram feitas com a ajuda das telefonistas. Elas conectavam de forma manual e transferiam as ligações. Hoje o processo é feito de modo digital.
PROFISSÕES QUE PODEM DESAPARECER
A tendência é que algumas funções sejam incorporadas por outras ou que a tecnologia reduza postos de trabalho
1. COBRADOR DE ÔNIBUS
São encarregados de fazer as cobranças de tarifas nos ônibus, além de dar aos passageiros informações sobre o trajeto. Em algumas linhas, em especial com os micro-ônibus, o motorista já acumula as duas funções.
2. CAIXA DE ESTACIONAMENTO
Para dar agilidade ao atendimento e evitar as longas filas nos estacionamentos, shoppings já investem em aplicativos para smartphones. Os consumidores podem comprar ingressos nas salas de cinema e pagar o estacionamento.
3. FRENTISTAS DE POSTO DE GASOLINA
Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o abastecimento do veículo é feito pelo próprio dono do carro. No Brasil, a lei No 9.956/2000 proíbe o funcionamento de bombas de autosserviço.
4. TRABALHADORES DOMÉSTICOS
As profissões ligadas ao lar tendem a desaparecer nos próximos anos. A contratação dos profissionais fica mais cara e a automação permite que muitos trabalhos sejam executados pelos próprios donos da casa.
5. VENDEDOR PORTA A PORTA
Com a possibilidade de fazer as compras pela internet e receber os produtos em casa em um tempo hábil, tem se reduzido a necessidade dos vendedores porta a porta.
6. SETOR PRODUTIVO INDUSTRIAL
A automação nas indústrias deverá reduzir o número de postos de trabalho nos próximos anos. Em alguns segmentos, deverão permanecer apenas os profissionais mais qualificados.
7. TRABALHADORES RURAIS
A automação das máquinas agrícolas deverá reduzir o número de postos de trabalho no campo. A população da zona rural cada vez mais tende a buscar melhores condições de vida e de trabalho nas cidades.
FONTE: HYPENESS E CONSULTORES
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