sábado, 8 de novembro de 2014

ACIMA DE 3% Gasolina já é vendida por até R$ 3,19 na Capital

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
08.11.2014
Mesmo sem estoque novo, muitos postos já repassaram o reajuste, alguns acima do percentual anunciado

Gasolina
Na Avenida Pontes Vieira, um posto de bandeira Petrobras já cobrava, ontem, R$ 3,19, pelo litro da gasolina comum, valor 6,68% maior do que os R$ 2,99 praticados na quarta-feira (5)
FOTO: FERNANDA SIEBRA
Menos de 24 horas após a Petrobras anunciar o reajuste de 3% nos preços da gasolina e de 5% para o óleo diesel, nas refinarias, e mesmo sem recarga de estoque novo de combustíveis nos tanques, vários postos de Fortaleza já registravam na tarde de ontem, valores novos nas bombas. Alguns, inclusive, com percentuais acima do dobro dos aumentos autorizados pela estatal petrolífera. Na Avenida Pontes Vieira, no Bairro Dionísio Torres, o posto BAJ, de bandeira Petrobras, já cobrava no meio da tarde de ontem, R$ 3,19, pelo litro da gasolina comum, valor 6,68% maior do que os R$ 2,99 praticados na quarta-feira, dia 5, véspera do aumento preconizado.
No mesmo estabelecimento, o preço do diesel S-10 subiu R$ 0,30, por litro, passando de R$ 2,59 para R$ 2,89, valor 11,58% maior, ou seja, mais de duas vezes o reajuste de 5% anunciado pela Petrobras, para o produto. O aumento começou a valer para todas as refinarias a zero hora desta sexta-feira.
Outros exemplos de aumentos acima dos índices anunciados pela petrolífera também foram identificados em dois outros postos - Marajó e Damas - localizados nas confluências das avenidas Pontes Vieira e Visconde do Rio Branco, um em cada esquina, no bairro Atapu. Em ambos, a gasolina tipo C passou de R$ 2,99, na quarta-feira, para R$ 2,17, ontem, alta de 6%; enquanto o diesel passou de R$ 2,59 para R$ 2,79, no Marajó, e de R$ 2,59 para R$ 2,87, no Damas, com aumentos de 7,72% e 10,81%, respectivamente.
Estoques em baixa
Em muitos outros postos da cidade, porém, ainda foi possível encontrar gasolina comum ao preço de R$ 2,99, por litro e em uns poucos, a R$ 2,97, bem como o diesel a R$ 2,59. Esses valores, no entanto, só devem perdurar, segundo o assessor Técnico do Sindicato dos Proprietários de Postos de Combustíveis (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, até a próxima segunda-feira.
Segundo ele, esse será o tempo para que os estoques existentes se acabem e sejam repostos, mas já com preço novo. Na noite de ontem, porém, diante da corrida aos postos de consumidores que buscavam economizar uns trocados, alguns estabelecimentos zeraram os estoques.
O gerente do posto da Rede Ipiranga localizado no cruzamento entre a Avenida Padre Antonio Tomás e a Rua Lígia Mota, Antônio Gilberto Silva, alegou que o motivo para o reajuste ter sido realizado ainda ontem, foi o aumento inesperado da procura nos dias que antecederam o aumento. Vários consumidores estavam esperando que a mudança chegasse às bombas apenas na próxima segunda-feira.
"O nosso estoque praticamente não existia, estava quase zerado hoje (ontem), então nós já compramos combustível com preço novo e por conta disso já estamos aumentando o preço hoje (ontem) pela manhã. A procura foi tão grande que nós só estamos com duas bombas funcionando, as outras estão completamente esvaziadas", explicou.
Repasse
O gerente do Posto BAJ, que pediu para não ter o nome revelado, reconhece que os aumentos praticado no estabelecimento foram acima dos 3% e 5% anunciados pela Petrobras. Questionado, ele explicou que "só fizemos repassar (os índices) com os impostos embutidos".
"Só saberemos quanto (os postos) vão repassar (do reajuste das refinarias) na segunda-feira", respondeu Costa, lembrando que as distribuidoras de combustíveis trabalham também nos sábados, e da zero às 16 horas. Ele disse que ainda não sabe qual o reajuste médio que os postos vão aplicar, já que adquirem os produtos de distribuidoras e ainda não foi possível saber qual o percentual do aumento que elas irão aplicar. "É muito imprevisível. Como o mercado é livre, fica a critério de cada um repassar logo esse aumento ou não. Pode ocorrer hoje ou daqui a meses", ressaltou Costa.
Já o presidente do Sincopetro (Sindicato dos postos de São Paulo), José Alberto Gouveia, a alta esperada é de R$ 0,03 ou R$ 0,04, no litro da gasolina, e aumento de R$ 0,08 ou R$ 0,09,para o diesel.
Consumidor reclama
O comerciante Sérgio Gomes não poupou críticas à administração do governo Federal e disse que não se surpreendeu tanto com o reajuste, mas que não esperava que viesse tão cedo para atormentar a vida dos consumidores. "Eu que trabalho com vendas, esse aumento vai pesar e já está pesando porque as vendas estão francas e eu rodo a mesma quantidade todos dia. Eu sempre botava 20 reais de gasolina, hoje eu estou botando 50 reais por conta desse aumento, porque cada vez está pior", reclamou o comerciante.
Opinião do especialista

Impacto na inflação deve ser pequeno

O impacto do aumento da gasolina sobre a inflação deverá ser pequeno, apenas 0,1 ponto percentual. Estamos em uma boa trajetória (no que diz respeito à inflação). Problemas que afetaram a economia neste ano como a estiagem, as restrições ao crédito, os eventos como a Copa do Mundo e as eleições não deverão atrapalhar a economia no próximo ano. Diante disso com recuperação prevista das commodities (produtos primários com cotação no mercado internacional) e maior facilidade ao consumo deverão resultar em crescimento das atividades. Esses fatores tiveram alguma interferência, mas são problemas passageiros. Para garantir o cenário mais positivo, será preciso fazer cortes nas despesas públicas. Estão sendo estudadas medidas de corte de subsídios envolvendo o seguro desemprego, auxílio doença e pensão por morte. Somente neste último caso, as despesas atingem, hoje, aproximadamente R$ 90 bilhões
Guido Mantega
Ministro da Fazenda
Protagonista

Orçamento precisará ser adequado

Insatisfeita com o aumento, a empresária Cristina Cavalli, 52, afirma que há dois anos vem percebendo a alta crescente do preço da gasolina e dos alimentos nos mercados. “A inflação não está escancarada, como passamos nos anos 90, mas é implícita. O aumento da gasolina é mais um fator que compromete a nossa renda”, lamentou. A empresária gasta em média R$ 400 em combustível por mês. Para ela, a alta de 3% na gasolina não é algo tão perceptível no dia a dia, mas é preciso se adequar, mesmo sem concordar.

Cristina Cavalli
Empresária
Carlos Eugênio
Repórter
f

Nenhum comentário:

Postar um comentário