Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
19.10.2013
Grupo cria abaixo-assinado após a Faculdade Católica anunciar encerramento das atividades
Mal foi confirmada a informação de que os administradores da Faculdade Católica do Ceará (FCC) decidiram encerrar as atividades e um grupo de estudantes e ex-alunos do antigo Colégio Marista Cearense criou um abaixo-assinado eletrônico pedindo o tombamento do prédio. As informações são da Redação Web do Diário do Nordeste.
A construção abrigou, em 1913, o Colégio Cearense Sagrado Coração. Três anos depois, a unidade mudou o nome para Colégio Marista Cearense Foto: Lucas de Menezes
A petição foi impulsionada ainda mais após o boato, desmentido pela direção da faculdade, de que o estabelecimento seria vendido para a construção de um shopping center. De oficial, até agora, apenas a indicação pela União Norte Brasileira de Educação e Cultura (Unbec), de que os 835 alunos da instituição podem pedir transferência para outra faculdade particular.
"Não estamos tratando da venda do prédio. Estamos preocupados em cuidar das pessoas envolvidas, os alunos e funcionários. Eles são livres para escolher o local de sua transferência, mas tomamos o cuidado de procurar uma parceira para facilitar esse processo. Não nos posicionaremos neste momento sobre um eventual pedido de tombamento", diz o Irmão Paulo Henrique Martins de Jesus, coordenador de comunicação da entidade.
Mas ainda que a petição chegue até a Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Cultural (COPHC), ligada à Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE), o processo de tombamento deve enfrentar uma série de dificuldades para ser aprovado. As principais são o fato de se tratar de uma propriedade particular e o número de reformas que o prédio passou ao longo do tempo, além da demora habitual nesse tipo de análise.
Segundo o coordenador da COPHC, Otávio Menezes, "faculdades e colégios, de um modo geral, se deparam com muitas alterações internas ao longo do tempo e isso pesa contra o tombamento. No entanto, dado o valor imaterial e a relevância histórica e cultural, de um prédio como o do antigo Marista, esse fator pode ser relativizado".
Menezes, para iniciar o processo num caso como esse, é preciso que os interessados encaminhem um ofício ao órgão, que leva o pedido ao conhecimento do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (Coepa). "Caso seja entendido como viável o tombamento, é feita uma análise no prédio e um levantamento histórico, por uma comissão de arquitetos, engenheiros e historiadores", diz.
Mesmo que seja aprovado pela COPHC e pelo Coepa e que não sejam postos grandes empecilhos pelos proprietários, um eventual tombamento do prédio da FCC pode demorar mais de três anos.
De acordo com Otávio Menezes, o prazo legal para a análise do tombamento é de um ano, mas esse período pode ser prorrogado caso haja justificativa para isso. "Nessa década, por exemplo foram ou estão sendo concluídos três processos de tombamento", destaca.
Ainda segundo ele, os prédios tombados (ou em processo de tombamento) no Ceará desde 2010, são a Basílica de Canindé, a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, em Ipu, e o Sítio Fundão, no Crato.
Carta aberta
Ontem, nove membros do Conselho de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic) divulgaram carta aberta ao prefeito Roberto Cláudio e à sociedade pedindo uma maior defesa dos bens culturais da Capital.
Fortaleza tem 53 bens preservados pelo Município, sendo 44 ao longo dos dois mandatos da ex-prefeita Luizianne Lins.
FIQUE POR DENTRO
Edifício do Centro é centenário
Situado na Avenida Duque de Caxias, no Centro de Fortaleza, o prédio do antigo Colégio Marista Cearense abrigava desde 2004 a Faculdade Católica do Ceará, que vai encerrar suas atividades no dia 31 de dezembro deste ano.
Muito antes disso, em 1913 (há exatos cem anos), foi fundado o Colégio Cearense Sagrado Coração, pelos padres Missael Gomes, José Quinderé e Climério Chaves.
Três anos depois, a unidade foi assumida pelos Irmãos Maristas, movimento religioso que surgiu na França, em 1817, e trazido para o Brasil em 1897.
A instituição educacional mudou então o nome para Colégio Marista Cearense, que teve suas atividades encerradas em 2007, após 91 anos.
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