Dilma Rousseff criticou a violência em protesto que resultou na agressão a coronel da PM; No Ceará, parlamentares alertam para necessidade de mudanças na relação entre PM e manifestantes
28/10/2013
MARLENE BERGAMO/FOLHAPRESS
Coronel estava só quando foi agredido por manifestantes e teve que ser retirado por seu motorista usando uma arma
A agressão sofrida pelo coronel da Polícia Militar, Reynaldo Simões Rossi, durante manifestação em São Paulo na noite de sexta-feira, disparou alerta sobre a relação entre policiais e manifestantes adeptos à tática de violência em protestos. A presidente Dilma Rousseff (PT) classificou de “barbáries antidemocráticas’’ as ações dos “black blocs’’ que, segundo ela, agrediram “covardemente’’ o coronel. No Ceará, parlamentares também repudiaram o fato.
Através do twitter, Dilma cobrou punição dos “abusos’’ e se colocou à disposição do governo de São Paulo. “São barbáries antidemocráticas. A violência cassa o direito de quem quer se manifestar livremente. Violência deve ser coibida’’, escreveu. Numa sequência de seis mensagens, Dilma disse ainda: “Agredir e depredar não fazem parte da liberdade de manifestação. Pelo contrário”.
A deputada estadual Eliane Novais (PSB) frisou que se deve repudiar qualquer forma de agressão tanto por parte de manifestantes como por policiais. Ela afirmou que levará o tema para debate na Assembleia Legislativa durante a semana. O vereador Capitão Wagner (PR) criticou quem se aproveita de protestos para promover a violência. Ele lembrou que protestos continuarão em 2014 e, portanto, deve haver diálogo entre Justiça, Ministério Público e Polícia para que situações de violência não prejudiquem os manifestantes pacíficos.
O vereador João Alfredo (Psol) disse ser lamentável a agressão ao PM, mas destacou que o fato está em contexto maior que perpassa desde a violência policial a camadas pobres da sociedade até a forma desproporcional como a Polícia tem agido nas manifestações. Para Alfredo, é necessária análise política e social da razão pela qual se tem visto “explosão de violência” no Brasil. O sociólogo César Barreira frisou que a Polícia precisa renovar as táticas de ação a partir das mudanças sociais.
O deputado federal Raimundo Matos (PSDB) criticou que as manifestações de repúdio apareçam principalmente quando a violência atinge pessoas de destaque social. “Quantos soldados e estudantes já não foram agredidos? O que se precisa é ter a noção de que, se isso acontece, é por falta de uma segurança pública que dê garantia aos manifestantes e aos responsáveis por fazer a segurança deles”, afirmou.
Em nota, a associação cearense 64-68 Anistia repudiou a agressão ao coronel, à qual se referiu como “métodos da velha extrema direita visando criar o caos, para que os velhos e conhecidos “salvadores da Pátria” venham restabelecer a ordem”. “Não podemos nos omitir frente a isso, sob pena de arrependimento futuro”, diz o texto.(Jéssica Welma)
Saiba mais
A maioria dos paulistanos, ou 95%, desaprova a atuação dos chamados “black blocs”, segundo pesquisa do Datafolha.
A pesquisa foi feita na sexta-feira, mesmo dia em que “black blocs” agrediram o coronel da PM Reynaldo Simões Rossi.
Ente os jovens de 16 a 24 anos, 87% desaprovam as ações dos manifestantes que confrontam a polícia e provocam depredações, de acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo.
Entre os mais velhos, com 60 anos ou mais, a desaprovação chega a 98%.
O Datafolha também ouviu a opinião dos entrevistados sobre a atuação da PM. O grau de violência da polícia foi considerado adequado por 42% deles, enquanto outros 42% consideraram que a polícia se excedeu.
Já perceberam que para a imprensa brasileira, que vai formar opinião sobre muitas pessoas crédulas na sua "seriedade" e "imparcialidade, só os manifestantes cometem excessos? Dai a César o que é de César...
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