domingo, 19 de outubro de 2014

Os efeitos do Ebola sobre a economia mundial

Fonte: http://www.opovo.com.br/
19/10/2014
Relatório do Banco Mundial estima que o impacto negativo pode ficar entre US$ 97 e US$ 809 milhões até 2015



A epidemia de ebola causa impactos econômicos na África, especialmente em Guiné, Libéria e Serra Leoa, os três países mais afetados. O último relatório do Banco Mundial estima que o impacto negativo pode ficar entre US$ 97 e US$ 809 milhões até 2015. Além de perdas nas comercializações, o turismo é afetado.
Guiné viu as estimativas originais de crescimento serem reduzidas à metade, de 4,5% para 2,4%, em resultado da doença, de acordo com o relatório. Serra Leoa, que tem crescimento anual de 11,3%, poderá ter taxa reduzida para 8% em 2014 e zero em 2015. Já Libéria poderá registar taxas negativas no ano que vem. Empresas multinacionais estão cautelosas. Caterpillar, Canadian Overseas Petroleum Ltd, British Airways e a australiana Tawana Resources reduziram o volume de negócios nos países.

O primeiro impacto do surto de ebola para os países africanos é econômico, segundo o economista e consultor econômico internacional, Alcântara Macedo. Ele explica que, principalmente os países que têm boa parte do seu PIB atrelado às relações internacionais, terão os maiores prejuízo. “O mercado internacional é muito sensível”, destacou.

Além do comércio, o turismo também sofrerá os efeitos, de acordo com Tarcísio Ximenes, diretor da Catavento Turismo e ex-presidente do Skal Internacional de Fortaleza. “Para a África ninguém vai. Mesmo que seja África do Sul. As pessoas não compram até janeiro, fevereiro. Só alguma viagem de negócios”.

O turismo para o Brasil não será gravemente impactado, segundo Tarcísio. Ele destaca que o Brasil tem um fluxo de 5,9 milhões de turistas internacionais por ano, menos de 10% dos 59,8 milhões que Orlando nos Estados Unidos recebe no período.

Crise internacional
Os negócios do Brasil com os países africanos serão impactados, mas não deverá configurar uma crise, de acordo com Eduardo Bezerra, superintendente do Centro internacional de negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). Ele disse que as quedas devem ser de no máximo entre 5% e 15%.

“Quem exporta e importa são empresas e elas não contraem doenças”, destaca. Ele diz que uma exportadora só será seriamente impactada se os trabalhadores forem infectados. “Os números de exportação e importação com países africanos terão apenas flutuações naturais de um ano para outro”. A castanha de caju é um dos principais produtos que o Ceará importa da África.

A crise internacional só deverá se configurar se a doença atingir os mercados americano e europeu, de acordo com Macedo. Ele explica que os países africanos representam cerca de 1% do PIB mundial. Isolamento cultural é outra consequência. “Teremos uma onda de medo de contaminação com consequências nocivas a vários setores”.

Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que 4.493 pessoas morreram em decorrência do ebola nos sete países onde a doença chegou. Ao todo, 8.973 pessoas foram contaminadas. A OMS estima que o número de novos casos deve subir, em dezembro, dos atuais mil para 5 mil a 10 mil por semana.

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