05.10.2014
Depois de quase 30 anos sem votar para presidente da República, a população brasileira se viu diante de 22 candidatos em 1989, um número recorde ao posto mais alto do Executivo. A principal reivindicação das "Diretas Já" finalmente virava realidade, e várias linhas políticas buscavam chamar a atenção e ganhar o voto do eleitor.
Políticos que participaram juntos da campanha pela volta das eleições diretas, como Ulysses Guimarães e Leonel Brizola, agora estavam em campos opostos. O consultor de marketing político Álvaro Lins participou ativamente da campanha vitoriosa de um candidato até então desconhecido: Fernando Collor de Mello. Ex-colega de escola de Collor, ele recebeu um convite para coordenar a área de informação e contrainformação da campanha do candidato.
No entanto, antes de acertar, foi conversar com um amigo, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Álvaro Lins lembrou as palavras ditas por Lula na ocasião: "o Fernando Collor é um candidato pitoresco, ele não vai ter mais do que 4%, e essa história de marajá não dura nem dois meses", falou Lula.
Mudança de rumo
Lula não acertou na análise, e Collor saiu vencedor. A importância do marketing político para as eleições ficou clara no discurso contra a corrupção usado por Collor, que ficou conhecido como "caçador de marajás".
Para Lins, o ano de 1989 estabeleceu um marco para orientar todas as corridas eleitorais seguintes. "Foi um marco da modernidade e uma mudança na concepção de fazer campanha eleitoral. A partir daí, começou a se entender a importância da televisão, da informação e da contrainformação".
Número de partidos
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, o aumento do número de partidos é o principal fato negativo no comparativo das eleições de 1989 com as deste ano. "O País tem hoje 32 partidos, e isso não consolida a democracia".
Como ponto positivo, o presidente da Câmara citou as redes sociais e a democratização da comunicação, "que torna cada eleitor um comunicador social a partir de seu celular". Para Álvaro, a forma antiga de se fazer campanha está com os dias contados e foi superada pela realidade conectada da atualidade.
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