domingo, 12 de outubro de 2014

Comércio de anabolizantes ocorre livremente na internet

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
12.10.2014
Suplementos e termogênicos irregulares são vendidos sem nenhuma indicação médica
Os fortalezenses têm buscado o corpo perfeito e estão lotando as academias da Capital. Em contraponto ao padrão da geração saúde, a internet trouxe à tona um mercado negro de suplementos alimentares, termogênicos e até anabolizantes que, usados de forma inadequada ou de maneira constante, podem trazer sérios riscos à saúde.
Há cerca de um mês, um estudante de Direito de 23 anos faleceu devido a problemas cardíacos, após passar mal em uma festa. O jovem treinava em uma academia no Passaré e, segundo relatos de amigos que frequentam o mesmo estabelecimento, e que preferiram não se identificar, ingressou na academia para controlar a hipertensão. Segundo uma colega, ele praticava todas as modalidades da academia. "Fazia jump, musculação, step e funcional", enumera.
Apesar de ser compreendido entre os colegas de academia que o jovem fazia uso de termogênico, o gerente da academia afirmou que o aluno enfrentava apenas problemas cardíacos e informou desconhecer o uso do suplemento por parte do universitário.
Somente na Capital, mais de 600 academias estão cadastradas no Conselho Regional de Educação Física (Cref) e mais 300 buscam o registro. Neste ano, quatro academias foram fechadas por irregularidades.
Segundo o Cref , os profissionais da Educação Física seguem um código de ética e devem orientar os clientes a não usarem produtos por conta própria. Em caso de promessas de emagrecimento ou ganho de massa muscular pelos meios proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as pessoas devem denunciar ao Conselho.
Sem se identificar, a reportagem entrou em contato com um vendedor de suplementos, que inicialmente ofereceu proteínas, mas em seguida, afirmou existir meios mais rápidos de se ganhar massa muscular. Ele indicou alguns medicamentos injetáveis como stanozolol, uma espécie de anabolizante usado para fisiculturismo. O produto tem a venda e uso proibidos no Brasil.
O vendedor indicou a ingestão de um comprimido por dia e disse para evitar o uso de álcool. No caso dos injetáveis, as aplicações são feitas semanalmente.
Na internet, é possível encontrar vendedores independentemente do tipo de suplementos. Eles afirmam que os produtos são importados e é possível comprar todo tipo de material sem nenhuma indicação, até mesmo no cartão de crédito. Grande parte dos produtos é proibida.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Educação Física, Pádua Soares, o profissional de educação física tem a obrigação de alertar a sociedade sobre os riscos do uso de anabolizante. "Há cerca de oito anos, um rapaz teve que amputar a perna no IJF (Instituto Doutor José Frota), depois de aplicarem óleo de cozinha. Eu estava como fiscal e conversei com ele, que não repassou a identificação de quem aplicou. As pessoas não querem denunciar, pois o sistema é parecido com tráfico de drogas".
Avaliação
Em relação ao estado de saúde dos cliente das academias, o presidente destaca existir a orientação para que seja feita a avaliação física nas pessoas que fazem atividade física, um acompanhamento que, inicialmente, vai diagnosticar algum problema cardíaco, força nos membros, casos de doenças hereditárias e depois descrever qual é o estado de risco que o aluno se encontra.
Ainda segundo ele, a venda ou prescrição de anabolizantes, termogênicos e suplementos proibidos no Brasil pode levar à prisão. "Se alguém estiver prescrevendo ou oferecendo esses produtos, pedimos que denuncie ao Conselho. Se for um profissional ou estudante de educação física, ele vai responder um processo ético, no caso do profissional, ele pode ter o registro profissional caçado", diz Soares.
Os estabelecimentos têm um prazo para resolver as pendências, após a fiscalização do Cref. As avaliações são feitas em parceria com o Procon e o Decon, mas se não houver a mudança das irregularidades as academias são fechadas.
De acordo com a nutricionista esportiva Andreza Dantas, o uso de anabolizantes esteroides pode causar doenças crônicas, hepáticas e renais. Já o uso de suplementos sem a prescrição adequada pode gerar a alteração de peso. "O homem e a mulher têm necessidades diferentes. O uso deve ser calculado pelo nutricionista, pois o uso exagerado pode levar a sobrecarga de alguns órgãos como o fígado e os rins".
O uso de termogênico, segundo ela, também não é recomendado para pessoas que tem histórico familiar de hipertensão ou problemas cardíacos. A nutricionista diz, ainda, que a procura pelo profissional de nutrição aumentou 40% nos últimos três meses, porém, 100% dos seus clientes já vêm tomando algum suplemento por conta própria.
Em uma média de 40 clientes por mês, a especialista ressalta que três usam algum tipo de anabolizante. "Alguns não informam, mas a gente percebe fisicamente", comenta Andreza.
Mais informações:
Conselho Regional de Educação Física (Cref)
Avenida Washington Soares, 1400, Salas 402 e 403.
Telefone: (85) 3262.2945
Jéssika Sisnando
Especial para cidade
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