18.10.2014
Os primeiros crimes foram cometidos em 2011. Entre eles, estão a série de 15 mulheres mortas este ano
Goiânia. "Eu tenho de tirar isso de dentro de mim". A frase é do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, e foi proferida na manhã de ontem antes de seu novo depoimento à polícia, no qual confessou o assassinato de 39 pessoas, em Goiânia.
Segundo o advogado dele, Thiago Huáscar Santana Vidal, antes de começar ele orientou seu cliente a usar o direito constitucional de ficar calado. "Algemado, ele bateu as mãos na mesa e disse: "Não, eu vou falar. Eu tenho de tirar isso dentro de mim", contou.
O advogado diz que ficou surpreso com a declaração. "Infelizmente, de tudo o que ouvi, eu saí perplexo. Eu pensei que talvez a polícia, um caso ou outro, estaria imputando a ele, mas ele narrou com riqueza de detalhe e peculiaridade todas as mortes".
Nos últimos dias, Vidal havia dito que seu cliente confessara os homicídios sob pressão da polícia, logo após a prisão dele na noite de terça-feira (14).
O advogado pediu que Rocha fosse ouvido mais uma vez pelos policiais, desta vez em sua presença. O novo depoimento foi tomado entre a noite de quinta-feira (16) e a manhã de ontem. O defensor contou que, enquanto seu cliente falava, acompanhava o inquérito para ver se havia alguma incoerência entre o primeiro e o segundo depoimento.
"Mas não teve dúvida. Realmente foi encaixando tudo", conclui o advogado. Os primeiros dos 39 crimes foram cometidos em 2011. Entre os homicídios estão a série de 15 mulheres mortas este ano. As demais vítimas são homossexuais, prostitutas e moradores de rua.
Avaliação psiquiátrica
Vidal vai pedir para que Rocha passe por uma avaliação psiquiátrica e faça o exame de sanidade mental. Apesar de o suspeito ter tentado o suicídio na manhã de quinta, o advogado diz que ele está em segurança na carceragem. Rocha fica sempre algemado, com câmeras de vigilância e sob a observação de um agente policial. De acordo com Vidal, o vigilante disse que foi abusado sexualmente por um vizinho quando tinha 11 anos. Para a polícia, ele negou abusos.
No final da manhã de ontem, a mãe, uma tia e outros quatro parentes do suspeito o visitaram na sede da polícia de Goiânia.
A visita ocorreu após um pedido do preso à polícia.
'Arrependimento'
O vigilante disse que se arrependeu dos crimes.
Durante entrevista ontem, Rocha pouco falou. Sentado e com as mãos algemadas para trás, vestindo apenas um short, ele manteve os olhos baixos na maior parte do tempo, em uma sala onde estavam o seu advogado, Thiago Huáscar Santana Vidal, e policiais.
Com longas pausas e respostas muito curtas, Rocha diz que foi movido "por uma força maior" ao cometer os crimes e que estava se sentindo "mal, muito mal" com a revelação. Ele não deu detalhes sobre o motivo de matar tantas pessoas. "Era mais forte do que eu. Não tinha explicação". Questionado se teve problemas na infância, respondeu um seco "sim".
Em dois momentos diferentes, foi questionado sobre o número de vítimas. Na primeira vez, silêncio. Depois, disse: "Nada a declarar".
Ao ser indagado se gostaria de dizer algo mais, ele voltou a citar arrependimento. "Eu queria dizer que estou arrependido, que queria ter a chance de pagar o que eu fiz".
Arrependimento? Após 39 assassinatos cometidos, este rapaz se diz arrependido? Devia se arrepender só de pensar em praticar mal a alguém, não depois de tamanha barbaridade.
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