24.05.2015
Material foi apreendido por agentes do FBI e o encaminhamento agora será a destinação para a região de origem
O acervo do Museu de Santana do Cariri receberá as peças repatriadas Fotos: Elizângela Santos Segundo a Polícia, o produto seria destinado para colecionadores ou até para o acervo de museu particular. Cada uma das peças é avaliada no mercado negro por cerca de US$ 2 mil. Uma solicitação para salvaguarda e estudo do material foi encaminhada pela Urca, através do laboratório de Paleontologia
Crato. A temática relacionada aos fósseis está em alta no Cariri. Dessa vez, o repatriamento de três peças apreendidas pela polícia americana, que devem retornar ao Cariri. O material fóssil foi confiscado pelos agentes e encaminhado pelo FBI à Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O material deverá ser entregue ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), e, posteriormente, para o escritório do órgão, em Crato, após a conclusão das investigações.
As três peças de peixes fossilizados, um Rhacolepif buccalis Agassiz e dois Vinctifer Comptoni Agassiz encontram-se com a PF há dois meses. São fósseis de mais de 115 milhões de anos, do período Cretáceo. Cada uma das peças é avaliada no mercado negro em cerca de US$ 2 mil. Uma solicitação para salvaguarda e estudo do material foi encaminhada pela Universidade Regional do Cariri (Urca), por meio do Laboratório de Paleontologia.
Preservação
O material foi extraído da Bacia Sedimentar do Araripe. O chefe do escritório do DNPM, em Crato, Artur Andrade, disse que esse é mais um resultado importante no que diz respeito à preservação dos fósseis da área. Conforme Artur, essa é a segunda vez neste ano, que a polícia americana informa sobre apreensão de material fóssil, que poderia ter sido retirado da Bacia do Araripe, que é formada por áreas dos Estados do Pernambuco, Ceará e Piauí.
Andrade destaca a preparação das peças, que certamente seriam destinadas a algum colecionador ou expostas em museus dos Estados Unidos. O coordenador do Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca), professor Álamo Feitosa, preparou, na tarde da última segunda-feira, documento solicitando as peças para a Urca, para serem avaliadas e posteriormente encaminhadas ao Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri, onde estão abrigadas mais de 9 mil peças da era Cretácea.
Exames
Segundo os técnicos, não se tem ideia de quando o material foi retirado da área da Bacia do Araripe. Foram realizados exames laboratoriais e morfológicos das peças, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. "O que chama a atenção é o tratamento que foi dado a esse material", afirma o professor Álamo Feitosa. Segundo ele, esse tipo de trabalho costumava ser desenvolvido por quadrilhas internacionais especializadas que atuavam na região do Cariri.
De acordo com Artur Andrade, o FBI apreendeu peças fossilizadas e a suspeita era de que esse material também fosse da região. Ele ainda chegou a avaliar, mas não tinha semelhança com o fóssil extraído da região. "Com certeza essas três peças seriam encaminhadas para um museu de alto nível", diz Artur.
O chefe do DNPM no Cariri afirma que, como as peças estão bem trabalhadas, pretende destinar pelo menos uma delas para exposição no museu do DNPM, em Crato. Ainda salienta que não são fósseis raros na região.
O chefe do escritório destaca o reconhecimento das autoridades americanas, no que diz respeito ao material extraído, demonstrando, atualmente, o combate ao tráfico internacional de forma mais efetiva.
Há cerca de 15 dias, 68 de 3 mil peças começaram a ser devolvidas pela Polícia Federal à Urca. O material está passando por uma triagem no Laboratório de Paleontologia. Mais de 2.900 peças devem ser devolvidas para o Cariri pela Universidade de São Paulo (USP), após autorização judicial. Os fósseis foram apreendidos no interior de Minas Gerais e São Paulo, além do Ceará, em poder de uma quadrilha internacional.
Para Álamo, sem dúvida, esse é um grande momento para a Paleontologia, justo no momento em que o Cariri se prepara para realizar na região o 26º Congresso Brasileiro de Paleontologia, onde estarão reunidos os maiores estudiosos do tema, para abordar as principais descobertas e avanços na área nos últimos anos.
Pelo fato de que o contrabando tem sido recorrente, Álamo destacou a parceria da polícia americana na descoberta e repatriamento das peças, dando uma contribuição importante para a ciência. O professor afirma que a luta contra o tráfico de fósseis tem sido minimizada, a cada ano, principalmente com os avanços relacionados à atuação de estudiosos na região e divulgação da grande importância do material contido na área da Bacia Sedimentar do Araripe.
Mais informações:
Geopark Araripe
Universidade Regional
Do Cariri (URCA)
Carolino Sucupira, S/N
Pimenta
Telefone (88) 3102-1237
Telefone (88) 3102-1237
Elizângela santos
Colaboradora
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