09.05.2015
A ex-esposa do subtenente do Exército Brasileiro (EB) Francilewdo Bezerra Severino foi presa, na tarde de ontem, ao se apresentar no Fórum Clóvis Beviláqua, no Cambeba. Cristiane Renata Coelho foi detida em cumprimento do mandado de prisão expedido na última terça-feira (5) pela 3ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza.
O advogado Paulo Quezado, que representa Cristiane disse no começo da tarde de ontem que a ré, que estava vivendo no Recife, não possuía previsão de chegada à Capital cearense, cogitando inclusive que a apresentação dela ocorresse apenas na segunda-feira (11).
Entretanto, por volta das 16h, Cristiane entrou no Fórum pela porta da frente. Minutos depois, deixou o local, levada por três policiais militares em um carro do Ronda do Quarteirão, sendo então encaminhada à Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), onde realizou exame de corpo delito.
Após o exame, a mulher seguiu à Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) para realizar identificação criminal. Cristiane chegou na Delegacia abaixada no banco traseiro do carro policial. Ao descer do veículo, tentou esconder o rosto com uma bolsa.
Por ter formação superior em Educação Física pela Universidade de Pernambuco, Cristiane cumprirá a prisão preventiva em uma cela especial.
A juíza Daniela Lima da Rocha, da 3ª Vara, assinou ordem para que a ré fosse encaminhada ao Departamento de Inteligência da Polícia Civil (DIP), localizada na Delegacia Geral da Polícia Civil, no Centro da Capital. Cristiane Renata responderá por homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio triplamente qualificada.
A reportagem apurou que a transferência ocorreu por segurança da ré. Na Decap, sete mulheres estavam recolhidas e teriam ameaçado a integridade de Cristiane, antes mesmo da chegada dela. Enquanto eram realizados os procedimentos com a ex-esposa de Francilewdo no interior da unidade, foi possível escutar gritos de mulheres emitidos de dentro da Decap. Entretanto, não foi possível identificar as palavras que elas diziam.
A mulher deixou a Decap em um carro do 16º DP (Dias Macêdo), ocupado por policiais daquela unidade. Cristiane saiu novamente abaixada no banco traseiro do veículo, escondendo o rosto entre as pernas de uma policial feminina que acompanhava a transição. À mostra, apenas a tatuagem no braço direito, onde está escrito "Lewdo", nome do filho que foi morto.
Homicídio
O crime ocorreu na noite de 10 de novembro do ano passado. Na ocasião, o menino Lewdo Ricardo ingeriu veneno utilizado para matar ratos conhecido como "chumbinho", que havia sido misturado com sorvete, na casa onde a família morava, no bairro Dias Macêdo, em Fortaleza.
O subtenente Francilewdo Bezerra Severino, também ingeriu o veneno e foi internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, sendo transferido em estado de coma ao Hospital Geral de Fortaleza, onde permaneceu por uma semana na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Naquela ocasião, o homem chegou a ser preso em flagrante, acusado pela mulher da morte do filho e de ter agredido a então esposa com um cinto. Quando o militar acordou e prestou depoimento, o delegado que presidiu o inquérito, Wilder Brito Sobreira, titular do 16º DP (Dias Macêdo), afirmou ter identificado inconsistências nas informações dadas pelo casal.
Após perícias técnicas realizadas na residência onde a família residia e, principalmente, com a análise dos aparelhos celulares e notebooks da família, a Polícia entendeu que a mulher teria sido a responsável pelos envenenamentos naquela noite.
Conforme as investigações, Cristiane teria pesquisado na internet sobre como matar uma pessoa envenenada e sobre venenos para rato. Em seguida, apagou o histórico de páginas acessadas no navegador. "A criança foi envenenada primeiro; ela colocou 'chumbinho' no sorvete de morango dele. Depois deu o popular 'Boa noite cinderela' no marido, colocando Rivotril em uma taça de vinho que ele tomou", disse o delegado.
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