09/05/2015 - 13h11
Campanha da marca Oh My Dog! sugere que ilustradores "profissionais ou não" criem novas artes para as caixas de hot dog, em troca de "visibilidade" e R$ 250
A marca Oh My Dog!causou grande alvoroço nas redes sociais ao postar na última quinta-feira, 7, uma campanha que convida “artistas profissionais ou não” a ilustrarem as caixas do duplo hot-dog em troca de “visibilidade” e de uma quantia de R$ 250 “para levar os amigos para conferir”.
Publicitários, ilustradores, artistas e consumidores do fast food se manifestaram através do Facebook contra a iniciativa da marca. A principal reclamação é sobre a falta de valorização do trabalho do artista. Como revelado em comentários na rede social, o público entendeu como abusiva em especial a oferta dos R$ 250 convertidos em consumo do produto, na campanha #ArteNaCaixa.
Inicialmente, a maioria dos seguidores da marca entenderam que o valor seria pago em cachorros-quente. Mas, na nota de esclarecimento publicada nesta sexta-feira, 8, a empresa reforça que o valor será pago em dinheiro.
O criador da marca e um dos sócios do Oh My Dog!, Jorge Kubrusly, comentou a repercussão, em entrevista ao O POVO Online, e destacou que “continua acreditando muito na campanha”. O publicitário afirma que nem todo mundo vislumbra só o dinheiro, e que espaço tem grande valor para o artista. “A gente está falando de 200 mil caixas, mais de três meses de exibição, com nome, perfil, foto, uma breve história do ilustrador, contato, endereço”. Kubrusly ressalta ainda que o foco da campanha é a divulgação da pessoa.
O ilustrador Rafael Salvador traduz a campanha em: "Trabalhe por comida e prometemos te tornar famoso". Rafael acredita que com isso a marca repetiu um "equívoco do senso comum" de considerar o trabalho do ilustrador "fácil e barato".
Para o também publicitário Pedro Torres, que vem acompanhando a polêmica, a marca pecou principalmente ao não oferecer valor em dinheiro, ainda que simbólico, aos interessados no trabalho. Ele lembra que nem todo artista vai iniciar a carreira ganhando muito dinheiro e entende que para quem é novo no mercado, usar a oportunidade e incrementar o portfólio pode ser até vantajoso, desde que venha sim algum valor em troca.
“Agora, para um artista renomado que já está no mercado, que fez investimentos altos na carreira, em equipamentos, etc, não vale a pena”, completa. Pedro revela ainda surpresa com o posicionamento da empresa, que, mesmo tendo “100% de retorno negativo pela classe”, fez uma nota de esclarecimento “insatisfatória”.
Enquanto isso, Kubrusly garante que mais de 50 trabalhos já foram analisados na campanha, e que houve retorno também de forma positiva, com agências aproveitando a repercussão para oferecer o serviço. “Tudo é uma questão de ponto de vista; a marca está cedendo espaço e não pedindo trabalho exclusivo. Se o profissional não achar o valor suficiente, pode dizer “não me interessa””.
O primeiro trabalho a ser publicado nas caixinhas de hot dog será de uma artista que o faz por hobby, uma senhora de 92 anos, afirma o empresário. Kubrusly revela que a idosa utilizará a proposta para divulgar a situação difícil que está passando, por conta de um câncer, e o espaço servirá de plataforma para pedir apoio financeiro.
Confira comentários do Facebook:
Cinthia Freitas, especial para O POVO Online
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