30/05/2015
Ao fim da eleição, Joseph Blatter se mostrou novamente sem opositor e foi reeleito presidente da Fifa. Até 2019, seu sexto mandato consecutivo promete constante turbulência
FABRICE COFFRINI /AFP
Noite em Zurique, Suíça. Início de tarde no Brasil. No salão da Fifa, repleto de engravatados, a espera pela apuração dos votos da eleição para presidente da entidade. A música Bésame Mucho, clássico de Consuelo Velásquez, embalava o ambiente de expectativa. “Como si fuera esta noche la última vez...”. E o resultado contrastou com a trilha sonora. Não fora a última vez de Joseph Blatter como cartola maior do futebol mundial. Ontem, o suíço foi reeleito e permanecerá no cargo até 2019.
Foram somados 113 votos a favor de Blatter contra 73 acumulados pelo seu opositor, o príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein. Por não obter dois terços da totalidade na votação, seria necessário um segundo turno. Contudo, Al-Hussein abriu mão da candidatura. O árabe recuou para Sepp, presidente da Fifa desde 1998, iniciar o seu sexto mandato consecutivo à frente da organização internacional. Mas as polêmicas prometem não dar descanso à gestão.
Mesmo com investigações do FBI, que já resultaram na prisão de sete dirigentes ligados à Fifa por corrupção e outros crimes, Joseph Blatter manteve-se firme na articulação de seus apoiadores - incluindo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), representada pelo presidente da Federação Cearense de Futebol, Mauro Carmélio. Nem o fortalecimento do bloco de oposição, puxado pela Uefa dirigida por Michel Platini, o derrubou.
A manutenção da atual estrutura na executiva da Fifa faz com que Blatter continue visado em meio ao combate à corrupção que envolve a entidade. O suíço terá de enfrentar no próximo mandato a pressão de várias federações, incluindo a Conmebol, que rachou após as denúncias de crimes na Fifa. O seu capital político se concentra cada vez mais em países de menor expressão da América Central e Caribe, Ásia e África. Blatter teve 35% de votos contrários, algo inédito em 17 anos como dirigente.
Platini já disse que a ala opositora trabalhará para, no futuro, “resgatar a credibilidade” da organização. Enquanto isso, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos continua a revirar documentos em busca de mais provas para prender os responsáveis pelo esquema de corrupção.
“Vamos levar o barco (da Fifa) onde sempre deveria estar. Onde se joga futebol. Prometo entregar uma Fifa mais forte ao meu sucessor”, disse Blatter ao comemorar sua vitória de ontem. Resta saber se a evolução do processo investigativo trará bonança aos mares da alta cúpula.
400 milhões de reais em propinas compõem esquema que envolve dirigentes da Fifa, segundo investigação
1 cearense votou pela CBF: Mauro Carmélio, presidente da Federação Cearense de Futebol
35% de votos contrários à manutenção de Blatter foram registrados, algo inédito em 17 anos do suíço no poder
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