domingo, 20 de julho de 2014

Orquestra fora do compasso

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
20.07.2014
Parada desde março, Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho busca saídas para a sua pior crise

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A Orquestra Eleazar de Carvalho: história é marcada pela fragilidade institucional
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Uma nova fase para a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho (Orcec) pode estar prestes a se iniciar. Em meio a uma crise administrativa, sua formação completa não se apresenta desde março. Mas o nó começou a desatar. Um acordo, ainda verbal, foi firmado na tarde da última sexta feira entre uma comissão de músicos da orquestra e a pianista Sônia Muniz, viúva de Eleazar de Carvalho. Idealizadora do festival que homenageia o marido - e que encerra hoje, às 19 horas, na praça da Biblioteca da Unifor -, ela deve ajudar a gerir a Orcec, a partir da Fundação Eleazar de Carvalho, da qual é diretora.
"Gosto muito dos meninos e do trabalho que fizeram com o maestro Arthur Barbosa (atual regente da Orcec). Os músicos vieram me procurar para propor que a orquestra passe a ser administrada por nós. Eu aceito, mas é preciso, antes, ter uma conversa com o Governo do Estado", revelou Sônia. O acordo precisa ainda ser negociado e firmado com as demais partes envolvidas. O anúncio do acordo será oficializado durante o concerto de encerramento do Festival Eleazar de Carvalho. "Quando a Orquestra foi fundada, não foram seguidas as normas que sugeri para justificar o uso do nome do maestro. Pensei até em retirar o nome. Estamos muito contentes com essa proposta", diz.
Quando foi noticiado, em abril deste ano, que a Orcec havia suspenso suas atividades por atrasos de pagamento, embora o panorama fosse ruim, parecia que logo tudo estaria resolvido. Três meses depois, a situação persiste, e o acordo com a Fundação é o primeiro alento de que as intempéries podem ter um fim.
Um negociação foi aberta e mediada pelo Ministério Público do Trabalho, envolvendo a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), responsável pelo repasse da verba; a Associação Cultural de Concertos do Ceará (AACC), gestora da Orcec; e os instrumentistas. Os valores devidos começaram a ser pagos, mais ainda não há previsão para que o grupo retorne às atividades, nem certeza de que a negociação com a Fundação será o caminho.
Uma crise de legitimidade se instaurou na organização. A Orcec rompeu com sua administração anterior - a AACC - e hoje busca saídas para seu reordenamento. O maestro, Arthur Barbosa, à frente do grupo desde 2012, voltou ao Rio Grande do Sul, onde antes residia, e foi reintegrado à Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa).
"Ainda não recebi meus atrasados e não vamos receber por completo", conta o maestro. "Mas os músicos estão cientes e querem resgatar a orquestra. Estou, mesmo longe, trabalhando para isso. Já temos algumas soluções em mente. Queremos pensar um plano de longo prazo", situa o Barbosa, que, embora à distância, continua vinculado ao grupo e acompanhando a mobilização dos músicos.
O Caderno 3 conversou com músicos, representantes da AACC e da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) para entender onde mora o problema e responder: quais são os caminhos para a volta?
Fábio Marques
Repórter

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