19.07.2014
Especialistas alertam que fraudes eletrônicas crescem em todo o País. No Ceará, não há números de vítimas
Desde que foi implantado como prova oficial para ingresso nas universidades federais do País, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem sido alvo de fraudes repetidamente, e, desta vez, a tentativa de golpe aconteceu pela internet. Candidatos e até pessoas não relacionadas à seleção receberam, nesta sexta-feira, e-mails supostamente enviados pelo Ministério da Educação (MEC) sobre um erro na emissão dos cartões de identificação para o teste e a ameaça de cancelamento de algumas inscrições.
Segundo o texto da mensagem, os concorrentes cujos cadastros apresentassem falhas deveriam preencher manualmente novos registros clicando em um link disponível ao fim do e-mail. Toda a informação baseava-se, em tese, na nota oficial de número 12838-2014, supostamente divulgada pelo MEC, mas o órgão negou a autoria e a publicação do comunicado.
A prática, denominada "phishing" (do inglês "fishing", pesca) no ramo da computação, é uma das mais conhecidas fraudes eletrônicas e, juntamente a vários tipos de golpes cibernéticos, tem feito milhares de vítimas no Ceará anualmente. "No 'phishing', o criminoso utiliza a logomarca da instituição, o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e enfeita todo o e-mail para fazer o internauta acreditar que é oficial. Os mais experientes conseguem até imitar o domínio do site original", explica o advogado Renato Torres, presidente da Comissão de Direito da Tecnologia da Informação da Ordem dos Advogados do Brasil - Ceará (OAB-CE).
Segundo ele, nos últimos anos, o acesso da população a smartphones, tablets e outros dispositivos de conexão à Internet tem aumentado de forma considerável e, com isso, os golpes virtuais estão se tornando cada vez mais comuns. Apesar disso, Torres observa que o Estado ainda não possui dados concretos sobre o número de pessoas afetadas por crimes do tipo. Dentre os motivos apontados pelo especialista para a escassez de informações, o especialista cita a falta de uma delegacia especializada para investigar as fraudes como um dos principais.
Riscos
"É muito difícil saber a quantidade de crimes porque não há delegacia específica e porque o próprio usuário não sabe como proceder e nem a quem recorrer para registrar a ocorrência quando sofre um golpe", diz ele.
Além do "phishing", o advogado destaca o envio de links maliciosos, os quais levam ao download de arquivos infectados por vírus, como um dos cibercrimes que mais fazem vítimas no País. Cair nessas armadilhas pode trazer consequências mais graves do que se imagina, aponta Torres. Em grande parte dos casos, são solicitados do internauta os chamados dados pessoais sensíveis, como CPF, RG, e-mail, endereço, telefone e outras informações particulares que podem ser utilizadas pelos criminosos para fins variados.
"Eles podem falsificar uma identidade, enviar um boleto para sua casa com uma cobrança e induzir você a pagar, criar cadastros falsos no seu nome. Também existe a possibilidade de pegar os dados de uma pessoa e descobrir, pelo site da Receita Federal, os bens que ela tem. Se for alguém abastado, eles podem, utilizando o endereço, planejar um sequestro", ressalta Renato Torres.
Para não se tornarem vítimas dos golpes eletrônicos, Jaime Paula Pessoa, titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) de Fortaleza, afirma que os internautas devem ficar atentos a determinados aspectos capazes de identificar uma tentativa de crime cibernético.
Proteção
Segundo ele, épocas de acontecimentos com grande repercussão, como o Enem, megashows e eventos esportivos, por exemplo, são os principais alvos dos golpistas, por isso, e-mails e mensagens solicitando dados pessoais durante esses períodos são sempre suspeitos. "As pessoas precisam ver se o e-mail vem do site oficial da instituição, analisar os links e, em hipótese nenhuma, fornecer dados para confirmação", salienta Pessoa.
O delegado afirma que os crimes relacionados à coleta de dados com o objetivo de induzir ao pagamento de taxas são estelionato e podem ser denunciados na DDF. "É fundamental comparecer à delegacia, registrar a ocorrência e fazer o alerta no Serviço de Proteção ao Crédito, pois a intenção desses criminosos é fazer algum tipo de transação no seu nome", diz.
Mais informações
Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF)
(85) 3101.7338/ 3101.7336
Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF)
(85) 3101.7338/ 3101.7336
Vanessa Madeira
Repórter
No caso do Enem, como a maioria dos candidatos são jovens, os golpistas virtuais se aproveitam da falta de cuidados que eles têm com a segurança na internet.
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