sábado, 12 de julho de 2014

Maus hábitos prejudicam rios e canais

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
12.07.2014
Reservatórios sujos incomodam moradores do Lagamar e do Cocó e causam inundações e alagamentos

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No Canal do Lagamar, os aguapés se multiplicam, indicando que a qualidade do ar está ruim. No local, há sacos, garrafas e outros resíduos
FOTO: NATINHO RODRIGUES
Lixo, esgoto, entulho e muitos aguapés. Esse é o estado em que se encontra grande parte das bacias hidrográficas e canais de Fortaleza, comprometidos pelos maus hábitos de pessoas e empresas instaladas em suas proximidades. Em locais como as áreas do Lagamar e do Cocó, os reservatórios já são conhecidos pela poluição constante e a sujeira tem incomodado moradores do entorno há muitos anos, ocasionando odor, facilitando a proliferação de insetos e, mais grave, sendo responsável por inundações e alagamentos durante a quadra chuvosa.
No Lagamar, os aguapés se multiplicaram por todo o canal que cruza todo o bairro, sinal de que a qualidade da água acumulada no lugar não anda bem. De longe é possível sentir o cheiro forte de matéria orgânica em decomposição, cenário propício à reprodução das plantas. Mais perto do canal, há sacos, garrafas plásticas e outros resíduos descartados.
"O pessoal joga muito lixo aqui e se a gente pedir para tirar, alguns acham ruim. O cheiro fica insuportável", diz a dona de casa Charlene Batista. Segundo ela, o grande volume de sujeira fez com que a quantidade de roedores e insetos na área aumentasse. "De noite, as muriçocas aparecem. Sem falar nos ratos, nas baratas", conta.
No Rio Cocó não é diferente. Lá, segundo Luis Gustavo Bezerra, gerente do Parque do Cocó, os aguapés se proliferaram graças à época do ano propícia à grande profundidade do manancial - ampliada por conta dos trabalhos de dragagem realizados nos últimos anos - e, especialmente, ao despejo de esgotos clandestinos. "O rio está acumulando muita matéria orgânica por causa dos esgotos. Os funcionários do parque estão constantemente fazendo a limpeza das margens, mas, com as plantas, fica inviável limpar as águas mais profundas", diz.
O porteiro Jair Teixeira, que trabalha próximo ao Cocó, aproveita o tempo antes do expediente para pescar no rio. No entanto, conforme ele, por conta da poluição, é difícil encontrar algum peixe. "Antes, tinha muito peixe, até cará, mas a maioria sumiu. Só sobraram algumas espécies", afirma.
Ocorrências
Como resultado direto do alto grau de obstrução de canais e bacias hidrográficas em Fortaleza, a Defesa Civil do Município registrou, no primeiro semestre deste ano, 1.024 ocorrências, dentre alagamentos (216), inundações (49) e outros. O órgão, responsável pela limpeza no Canal do Lagamar, informou que a última ação aconteceu em junho e que o tempo de retorno a uma área onde foi efetivado um trabalho é de quatro a cinco meses. A Defesa Civil afirmou, ainda, que, até o fim do ano, intensificará as campanhas preventivas e educativas junto às comunidades e instituições de ensino da região.
Sobre a limpeza no rio Cocó, a assessoria de comunicação do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) relatou que a Prefeitura executou limpeza no ano passado, mas a informação não foi confirmada pelos órgãos municipais até o fechamento desta edição. O Conpam destacou que está sendo fechada uma parceria com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) para o aluguel de um barco "papaguapé" que ajudará na retirada das plantas do manancial. O equipamento deve começar a funcionar ainda neste semestre.

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