13.07.2014
Com cerca de 45 milhões de jogadores, o Brasil é o país que mais cresce no mercado de games
Longe de permanecer limitado ao campo essencialmente de entretenimento infantil, o mundo dos jogos eletrônicos já representa um importante e promissor nicho de mercado. As surpresas da tecnologia, com o lançamento de consoles e outros dispositivos que transformam em experiências sensoriais o hábito de jogar, são responsáveis por expandir e diversificar cada vez mais o público gamer e torná-lo fidelizado ao que o mercado está disposto a oferecer.
Segundo o Mapeamento da Indústria Brasileira e Global de Jogos Digitais, lançado neste ano pelo Grupo de Estudos e Desenvolvimento da Indústria de Games da Universidade de São Paulo (USP), a PwC - empresa que presta consultoria para diversos segmentos - divulgou que o faturamento desse mercado em todo o mundo, em 2011, foi de US$ 74 bilhões, e, para 2015, a estimativa é que o montante supere os US$ 82 bilhões. No Brasil, o setor movimenta, em média, US$ 3 bilhões por ano, conforme o estudo.
Apesar do ritmo acelerado em que esse mercado cresce, tardam a aparecer dados que consolidem a importância do setor. "Temos uma estimativa de que são 45 milhões de jogadores no Brasil, e o País tem o maior crescimento no mercado de jogos do mundo", aponta Marcelo Tavares, fundador e organizador da Brasil Game Show (BGS), considerada a maior feira de jogos eletrônicos da América Latina.
Os próprios números do evento traduzem a expansão do mercado de games no País: em 2009, primeiro ano de realização da feira, o público foi de 4 mil pessoas, já para este ano, a estimativa é receber cerca de 205 mil visitantes. "Esse é um fragmento do mercado, mas mostra como está crescendo", reforça Tavares.
Além de expor os jogos lançados no cenário internacional e promover campeonatos, a feira destina um espaço para os negócios em games. Mesmo sem divulgar a movimentação financeira dessa parte do evento, Tavares afirma que "fica na casa das dezenas de milhões" e, só ano passado, foram agendadas mais de mil reuniões durante o evento, promovendo a integração de produtoras e distribuidoras nacionais e estrangeiras. "Se tratando de vídeo game, temos uma posição de desenvolvimento e privilégio no consumo que nem todo setor na economia tem", destaca o organizador da feira.
Fidelidade e expansão
O sucesso dos jogos junto ao público brasileiro, na visão de Tavares, é influenciado, principalmente, por três fatores: a paixão dos jogadores, o crescimento do uso da internet banda larga e a atenção maior que a empresas de jogos têm dedicado ao mercado nacional. "No Brasil, o crescimento tem sido maior por conta da demanda reprimida de alguns anos, e ainda vamos levar dois ou três anos para atingir o pleno atendimento desse público", destaca o fundador da BGS.
Segundo Tavares, até 2009, o mercado brasileiro oferecia poucas opções de produtos oficiais para serem vendidos, o que acabava por estimular o contrabando e a pirataria dos jogos. "Quando as empresas começaram a enxergar o Brasil como território potencial e passaram a investir em combate à pirataria, eventos, e localização dos jogos para tradução, esse movimento começou a crescer", lembra.
A importância do mercado brasileiro levou empresas a abrirem parques industriais voltados para a produção de consoles aqui, como a Sony e a Microsoft, visando manter o público sem serem fortemente afetadas pela carga tributária nacional. No ano passado, na ocasião do lançamento do XBox One, a Microsoft incluiu o Brasil entre os poucos países que teriam acesso à primeira demanda do console de última geração. "Gigantes como Japão e Portugal só vão receber o XBox One no fim do ano, enquanto nós temos desde novembro do ano passado", acrescenta Tavares.
Esse movimento vem causando, ainda, uma mudança de perfil no consumidor brasileiro, que tem valorizado a compra do produto licenciado frente o concorrente pirata.
Incentivo para expandir
A boa fase pela qual passa o mercado de games no Brasil precisa, entretanto, de alguns incentivos para continuar nesse ritmo. A redução da burocracia, que permitiria a chegada de mais conteúdos ao País, e o apoio às produtoras e distribuidoras brasileiras de games são fundamentais, segundo Tavares.
Jéssica Colaço
Repórter
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