01/12/2013
Elas estão espalhadas por toda Fortaleza. A cidade assiste um sem número de obras que, iniciadas, parecem não ter fim. O custo, mais uma vez, é do cidadãoMarcos Robério marcosroberio@opovo.com.br
Um dos fundamentos do poder público é realizar intervenções no espaço urbano para a melhoria contínua da vida dos cidadãos. E a população espera que isso seja feito de forma rápida e eficiente. Quando esse pacto é quebrado pelo Estado, os efeitos são desastrosos e vão de transtornos infindáveis, da descrença na política ao aumento de custos.
Em Fortaleza, há dezenas de obras inacabadas, algumas foram até já incorporadas ao folclore da Cidade, de tanto que se arrastam ao longo dos anos. Casos que diferentes gestões não conseguem solucionar e que causam impacto no bolso, na paciência e até na saúde dos indivíduos. Discussões políticas à parte, o relato dos moradores, que se vê nas próximas páginas, mostra como os governos são falhos em demandas tão básicas.
O alargamento da avenida Sargento Hermínio, por exemplo, ilustra bem essa realidade. A obra remonta a 2003, na gestão do então prefeito Juraci Magalhães. Porém, mais de 10 anos depois, a população continua à espera.
Na construção de um viaduto sobre a avenida José Bastos, um caso típico de falta de planejamento ocasionou várias interrupções e brigas judiciais, deixando cenário de ruínas no local. E o que dizer da praça 31 de Março, na Praia do Futuro, onde a Prefeitura privou os moradores de uma área de lazer, prometendo revitalização até hoje esperada? Há casos mais recentes, como as passarelas provisórias do Centro de Eventos, que custam quase um milhão por ano, enquanto o equipamento definitivo não é construído.
Quanto custa
“É um verdadeiro assalto aos cofres públicos”, define o presidente do Conselho Regional de Administração, Ilaílson Araújo. Cada atraso, lembra, ocasiona encarecimento das obras e vai aos poucos minando recursos que poderiam ter outra utilidade. O especialista compara empreendimentos públicos e privados para dizer que, enquanto o empresário evita prejuízos a todo custo, o gestor público costuma ser perdulário.
“Em todo o Brasil, seja em obras municipais, estaduais ou federais, vamos encontrar pontes que não ligam a lugar nenhum, hospitais que não terminam nunca e rodovias muito mal feitas. (...) Na base, está a falta de planejamento, gestores públicos incompetentes ou desvios traduzidos em corrupção”, cita o professor da Universidade de Brasília (UnB), José Matias-Pereira, especialista em administração e pesquisador de obras públicas. Muitas vezes, segundo apontaram suas pesquisas, o mais pertinente seria desistir de algumas obras, pois, depois de muito tempo, insistir nos gastos pode não compensar o possível benefício.
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