sábado, 30 de novembro de 2013

CASO DE PROSTITUIÇÃO Berlusconi teria subornado várias testemunhas

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
30.11.2013
Berlusconi não corre o risco de ser preso por causa da idade, mas pode cumprir sua pena em regime domiciliar

Roma. O ex-primeiro-ministro italiano e magnata das comunicações, Silvio Berlusconi, que perdeu a imunidade parlamentar na última quarta-feira e foi cassado pelo Senado, corre o risco de ser réu de outro julgamento, desta vez por ter supostamente subornado testemunhas no caso Ruby.

No entendimento da Justiça, o pagamento de 2.500 euros para uma testemunha chamada em um julgamento no qual Berlusconi está envolvido é um ato ilegal, uma manipulação das provas FOTO: REUTERS
Berlusconi, que foi condenado a sete anos de prisão em primeira instância por prostituição da menor marroquina Ruby e abuso de poder, teria subornado as moças que foram convocadas como testemunhas para que elas mudassem suas versões dos fatos, de acordo com a argumentação de juízes de Milão, em um julgamento paralelo contra três funcionários do magnata, divulgado ontem pela imprensa italiana. Os juízes do Tribunal Penal de Milão defenderam que, diante do que consideram um crime de "manipulação de provas" e "corrupção de atos judiciais", a promotoria deveria decidir pela abertura de uma investigação contra Berlusconi.

Desde o início do escândalo das festas "bunga bunga", há três anos, "Il Cavaliere" paga 2.500 euros por mês para as moças que participaram das festas. De acordo com os advogados do magnata, trata-se de uma compensação por danos morais devido à investigação judicial e à publicação de seus nomes na imprensa.

As jovens - incluindo várias latinas -, que foram convocadas como testemunhas nos dois processos, negaram ser prostitutas e "sempre disseram o mesmo, utilizando uma linguagem que não correspondia ao seu nível cultural", ressaltaram os juízes.

De acordo com os magistrados, o pagamento de 2.500 euros para uma testemunha chamada em um julgamento no qual Berlusconi está envolvido "é um ato ilegal, uma manipulação das provas". O tribunal que irá analisar o caso deverá iniciar uma investigação oficial contra Berlusconi e seus advogados antes do Natal.

Este é outro imbróglio jurídico para o magnata, que, desde a última quinta-feira, pode ser preso, ter o telefone grampeado ou ser alvo de inquéritos sem a autorização prévia do Parlamento.

Berlusconi não corre o risco de ser preso por causa da idade, mas pode cumprir sua pena em prisão domiciliar, o que seria uma humilhação para um dos homens mais ricos da Europa e líder da direita italiana há quase 20 anos.

Expulsão
O Senado da Itália decidiu na última quarta-feira expulsar o ex-premiê Silvio Berlusconi, condenado em um caso de fraude fiscal mais cedo neste ano, em mais um dos recentes reveses na carreira política do magnata das comunicações.

O presidente do Senado, Pietro Grasso, fez o anúncio da destituição de Berlusconi após a rejeição, pelos membros do Senado, em diversas rodadas de votação, de vários documentos apresentados pelo "Cavaliere" para tentar evitar a expulsão. "São, portanto, consideradas aprovadas as conclusões da Comissão Eleitoral defendendo a invalidação da eleição do senador Silvio Berlusconi", ressaltou Pietro Grasso.

O plenário do Senado recusou nove propostas para que não fosse aplicada a chamada "lei Severino", criada no ano passado no governo do ex-premiê Mario Monti, que determinava que sejam expulsos do Parlamento todos os condenados a penas superiores a dois anos de prisão.

"Atropelaram a democracia, os direitos e a liberdade. É uma decisão que convida a vingança", afirmou o magnata, que não poderá ser candidato nas eleições italianas nem europeias nos próximos seis anos. Na véspera, Berlusconi anunciou que seu partido, o Forza Italia, estava retirando o apoio ao governo do premiê Enrico Letta, de centro-esquerda, acusando-o de criar um ´golpe de Estado´ para afastá-lo da política. 

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