Posted on 23/02/2010 by Daniel Salésio Vandresen
Segundo Foucault a filosofia deve ser uma constante problematização do que acontece conosco. “O que faz de nós quem somos?” é uma pergunta que resume o que propõe o autor. Em suas palavras, afirma: “’O que acontece atualmente e o que somos nós, nós que talvez não sejamos nada mais e nada além daquilo que acontece atualmente?’ A questão da filosofia é a questão deste presente que é o que somos” (FOUCAULT, Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento, 2005, p. 239). Para Foucault, quando Kant em 1784 publica um texto como resposta a questão “Was ist Aufklärung”, surge o primeiro passo para fazer da filosofia uma constante problematização do presente, postura esta que faz parte do mais íntimo que procurou praticar em sua filosofia. O autor francês busca em Kant um fundamento para a filosofia como uma história crítica do pensamento em sua atualidade.
Ainda afirma: “É filosofia o deslocamento e a transformação dos parâmetros de pensamento, a modificação dos valores recebidos e todo o trabalho que se faz para pensar de outra maneira, para fazer outra coisa, para tornar-se diferente do que se é” (idem, p. 305). A filosofia de Foucault reflete sobre o presente, mas fazendo, sempre, uma análise do passado histórico dos saberes. Fala-se do hoje desde a abordagem da constituição dos saberes de ontem.
Portanto, em seu empreendimento, Foucault visa fazer uma inquirição do pensamento em sua manifestação de acontecimento, não apenas para fazer uma descrição do que se passa, mas porque só é sabendo como se formou o que nós somos que é possível libertar-se do que se passa.
Mais sobre o assunto, conferir o texto – O que é o Iluminismo?
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