domingo, 3 de março de 2013

Casas de Cultura da UFC perdem 60% das vagas

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
03.03.2013
A quantidade de vagas no semestre 2013.1 é a menor dos últimos dez anos, conforme Anuário Estatístico 2012 da UFC

Criado há pouco mais de um mês, o grupo "Contra o Fim das Casas de Cultura da Universidade Federal do Ceará (UFC)" já reúne mais de cinco mil membros no Facebook. Eles temem a constante redução do corpo docente e, consequentemente, do número de vagas ao longo dos processos seletivos para quem busca aprender um idioma. Na última seleção (2013.1), foram disponibilizadas apenas 286 vagas, uma redução de quase 60% em relação a 2012.2, quando a oferta foi de 704.

Na última seleção para os cursos de línguas, 2013.1, foram disponibilizadas apenas 286 vagas. Em 2012.2, a oferta foi de 704 FOTO: VIVIANE PINHEIRO

A quantidade de vagas no semestre 2013.1 é a menor dos últimos dez anos, de acordo com o Anuário Estatístico 2012 da UFC, algo que deixa alunos e professores preocupados. Além de motivar boatos no Centro de Humanidades da universidade de que as Casas de Cultura Estrangeira vão acabar, pois os professores que se aposentam não são substituídos.

A idealizadora do grupo que discute a questão no Facebook é a estudante da Casa de Cultura France, Anahisa Pedrosa, 19 anos. Segundo explica, depois de conversar com alunos de outras línguas no início deste ano, percebeu a gravidade do problema e sentiu vontade de fazer algo para chamar a atenção da sociedade quanto ao possível fechamento dos cursos.

Anahisa vai para o terceiro semestre de Francês e tem aulas às terças e quintas-feiras, das 9h30 às 11h. Porém, como foi aprovada para cursar Psicologia na UFC pela manhã, tem medo de não conseguir encontrar turma em horário diferente. "Muitos alunos são obrigados a desistir dos cursos, porque não há opções", reclama a estudante.

Na última sexta-feira, inclusive, na Casa de Cultura Francesa, foi realizada uma festa de despedida para uma professora temporária, que ensinou durante um semestre e não conseguiu ter o contrato renovado porque o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), alegou falta de verba. É o que explica a coordenadora da Casa de Cultura Francesa, Virgínia Grippon, informando que nem mesmo as duas professoras que estão de licença-maternidade foram substituídas.

Por isso, durante a matrícula dos alunos veteranos, nos próximos dias 12 e 13 de março, a coordenadora pensa em juntar estudantes do mesmo semestre para abrir vagas de turmas iniciais para os classificáveis.

Carência
Na última seleção para alunos novatos, não foram disponibilizadas vagas para Português e nem para Italiano, como lembra a coordenadora da Casa de Cultura Italiana, Ana Maria Soares. Ela diz que a situação é ainda mais crítica na Casa de Cultura Portuguesa, pois só há uma professora que também é responsável pela coordenação.

Conforme Ana Maria, os docentes das Casas de Cultura estão inseridos na categoria de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) e ainda não existe banco de equivalência para educadores que se aposentam.

"Um professor se aposenta e não é substituído. Logo, as Casas de Cultura vão minguando. Mas sou otimista. Acho que um projeto tão bonito e de tanto sucesso como esse não vai acabar", declara, ressaltando que a UFC já solicitou banco de professores ao Ministério do Planejamento, por meio do MEC. "É o que pode manter as casas vivas", complementou a coordenadora.

A reportagem tentou entrevistar o coordenador das Casas de Cultura Estrangeira da UFC, Alexander Magnus Alves Ribeiro, mas ele não quis se pronunciar sobre o assunto.

FIQUE POR DENTRO
Equipamentos foram criados na década de 1960
As atuais Casas de Cultura Estrangeira têm origem nos Centros de Cultura Estrangeira, inaugurados na década de 1960, pelo professor padre Francisco Batista Luz, na época, diretor da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFC. Criados oficialmente por decisão do Conselho Universitário, os antigos Centros de Cultura Estrangeira estão, hoje, sob responsabilidade da Coordenadoria Geral das Casas de Cultura Estrangeira, da direção do Centro de Humanidades e da Pró-Reitoria de Extensão.

Seis unidades foram inauguradas ao longo de sete anos. Foram elas, em ordem cronológica: Casa de Cultura Hispânica (1961), Alemã (1962), Italiana (1963), Britânica (1964), Portuguesa (1964) e Francesa (1968). Mais tarde foram criados os Cursos de Esperanto (1965) e Russo (1987). Estes, atualmente, estão com as atividades paralisadas.

RAONE SARAIVA

REPÓRTER

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