Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
16.02.2013
Permanecendo no Vaticano, Bento XVI reterá o direito de residência no país, que fica dentro de Roma
Cidade do Vaticano A decisão do papa Bento XVI de viver no Vaticano depois de se aposentar lhe permitirá ter segurança, privacidade e proteção jurídica contra eventuais processos que o relacionem a casos de abuso sexual cometidos pelo clero. "Sua continuada presença no Vaticano é necessária, do contrário ele poderia ficar indefeso. Ele não teria sua imunidade", disse um funcionário do Vaticano, pedindo anonimato.
Entre os pontos levantados para que Bento XVI continue no Vaticano está a possível exposição do pontífice a processos judiciais por causa dos escândalos sexuais. Em 2010, por exemplo, ele foi indiciado como réu em uma ação FOTO: REUTERS
Fontes no Vaticano disseram que três coisas foram levadas em conta na decisão de manter Bento XVI vivendo num convento da Santa Sé depois que a sua renúncia se efetivar, em 28 de fevereiro. A Polícia do Vaticano, que já conhece o papa e seus hábitos, poderá proteger sua privacidade e segurança, sem que seja necessário contar com uma força policial estrangeira.
Outra consideração foi que, se o papa se mudasse permanentemente para outro país, indo viver em reclusão num monastério da sua Alemanha natal, por exemplo, esse poderia se tornar um local de peregrinação.
Isso seria complicado para a Igreja, especialmente na improvável hipótese de que o próximo papa tome decisões que desagradem à ala conservadora, que então se dirigiria ao local de residência do antecessor para lhe prestar homenagens.
A última coisa levada em conta foi a possível exposição do pontífice a processos judiciais por causa dos escândalos sexuais. Em 2010, por exemplo, Bento XVI foi apontado como réu em um processo por ter se omitido ao ficar sabendo de abusos cometidos nos Estados Unidos. Os advogados retiraram o processo no ano passado.
Apesar de algumas outras tentativas recentes de imputar crimes ao papa, ele não está atualmente sendo citado em outros processos, e o Vaticano acredita que isso não deverá mais acontecer, embora não descarte. Depois que renunciar, Bento XVI reterá cidadania e direito de residência no país.
Dessa forma, ele manteria a imunidade prevista no Tratado de Latrão, ao menos enquanto estiver no Vaticano, ou mesmo que entre na Itália na condição de cidadão vaticano.
Nomeação
Bento XVI aprovou ontem a designação do alemão Ernst von Freyber como presidente do Banco Vaticano, o controverso Instituto de Obras de Religião (IOR). É a última nomeação para um cargo-chave de seu pontificado. A comissão de cardeais entrevistou mais de 40 executivos.
Freyber é um advogado, membro da Ordem de Malta. Ele sucederá ao italiano Ettore Gotti Tedeschi, demitido em 2012, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Nos últimos meses, o Banco foi o centro de tensões na Santa Sé, culminando no chamado ´Vatileaks´, que vazou cartas e documentos internos do papa à imprensa. Segundo os jornais italianos, a nomeação não agrada a toda a hierarquia da Igreja.
Em 2010, a Justiça italiana abriu uma investigação judicial contra os dirigentes do Banco Vaticano por violar as leis italianas sobre lavagem de dinheiro.
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