20/06/2015
Dylann Roof, 21 anos, branco, fora da escola, solitário e com um macabro desejo: matar muitas pessoas. Com base em informações ainda dispersas, autoridades começam a montar o retrato do assassino
Há uma semana, o até então desconhecido Dylann Roof teria declarado a amigos mais próximos que gostaria de matar muitas pessoas.
Mas o rapaz magro de 21 anos que abandonou a escola, que ostentava um corte de cabelo estilo “tigela” e um olhar ameaçador - ao menos em uma foto sua no Facebook - aparentemente tem um senso de humor peculiar. Por isso, ninguém prestou atenção no que ele disse.
Por fim, comprovou-se que Roof - cujo nome do meio é Storm (tempestade) - parece ter falado sério, tragicamente sério.
O jovem da Carolina do Sul é alvo de nove acusações de assassinato pelo tiroteio em uma igreja afro-americana em Charleston. Roof é branco; todas as vítimas eram negras.
Descrições conflitantes estão vindo à tona sobre o protagonista deste mais recente episódio de violência no país, fortemente abalado por tensões raciais.
Roof era calmo e introvertido, um jovem solitário e de fala mansa, diz uma versão. Não, ele era uma bomba prestes a explodir, dominado pelo ódio, um jovem que acreditava na segregação racial. Ele queria matar os negros para gerar outra guerra racial, diz outra versão.
Um tio de Roof, Carson Cowles, declarou ao jornal Los Angeles Times que a ação violenta de seu sobrinho na Igreja Episcopal Metodista Emanuel tomou a todos de surpresa.
Segundo Cowles, pediram que ele ligasse a televisão na quinta-feira quando Roof foi identificado por câmeras de vigilância de fora da igreja como o suspeito do tiroteio.
Queria guerra civil
Roof supostamente acompanhou uma aula de estudo bíblico durante uma hora antes de abrir fogo contra os fiéis que estavam ao seu redor, e deixou alguns vivos para que contassem sobre o ocorrido posteriormente.
“Eu assisti aquilo por 10 minutos, tentando me convencer de que era apenas um pesadelo e que eu precisava acordar”, declarou Cowles ao jornal. “Nenhum de nós viu isso chegando, mas aqui estamos nós, e não há como voltar atrás”, disse Cowles. Mas o próprio Roof declarou aos investigadores que queria começar uma guerra racial, informou o canal CNN.
Segundo as autoridades, o tiroteio aconteceu por volta das 21h00 locais. O suspeito entrou na aula de estudos bíblicos e permaneceu sentado por quase uma hora, antes de abrir fogo contra as vítimas - três homens e seis mulheres -, informou Mullen.
O agente especial do FBI John Strong anunciou que a polícia investiga se o suspeito cometeu um crime de ódio, um delito federal.
A líder local do movimento de direitos dos negros NAACP, Dot Scott, relatou à CNN que uma vítima teria sido poupada pelo assassino para testemunhar sobre o massacre. (das agências de notícias)
Saiba mais
A tragédia representa um novo golpe para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que nos últimos meses foi vítima de crimes aparentemente motivados por racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados.
Em Nova York, uma manifestação reuniu cerca de 60 pessoas para lembrar os nove mortos em Charleston e exigir o fim do massacre de negros nos Estados Unidos.
“As vidas dos negros importam! Que acabem as mortes!” - diziam alguns cartazes do protesto, realizado na Union Square de Manhattan.
“O fato de que isso tenha ocorrido em uma igreja negra gera, evidentemente, questionamentos sobre uma página sombria da nossa história”, afirmou na quinta-feira o presidente Obama.
As autoridades federais estão investigando o massacre como um ato de “terrorismo doméstico”, informou nesta sexta-feira o Departamento de Justiça. As autoridades federais realizam uma investigação paralela.
Um oficial da polícia disse à emissora CNN que o jovem admitiu que queria “lançar uma guerra racial”.
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