01.09.2013
No nosso idioma, seja o que é falado no Brasil ou em Portugal, nem tudo deve ser levado ao "pé da letra"
O português falado no Brasil conta com mais de 100 expressões idiomáticas. Presentes em todas as línguas e culturas, essas frases caracterizam-se por não ser possível identificar seu significado apenas através do sentido literal das palavras que as compõem.

As religiões, mitologias e a própria história costumam representar ricas fontes para geração de expressões curiosas, que são preservadas através das gerações.
Na cultura lusófona, muitas expressões referem-se especialmente a episódios da mitologia greco-romana, das religiões judaica e cristã e da história do mundo ocidental. Entre as que o Caderno Gente selecionou, "Onde Judas perdeu as botas" é um exemplo da influência da religião cristã na linguagem.
Contudo, de tanto serem usadas no dia a dia, poucas são as pessoas que refletem acerca da origem dessas frases, algumas delas tão antigas quanto a presença dos portugueses no Brasil e que também são usadas do outro lado do Atlântico, com o mesmo significado.
ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:Existe uma história, não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se numa árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu a expressão, usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.
DAR COM OS BURROS N´ÁGUA:A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde os tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.


O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea num aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse os seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para história como o cego que não quis ver.
FAZER BADERNA:A palavra "Baderna" é exclusiva do português do Brasil. Surgiu no século XIX, pela vinda de uma companhia de dança italiana ao Rio de Janeiro. A dançarina principal era Maria Baderna, moça liberal, causou críticas ao introduzir entre os passos da dança gestos do lundu, bailada somente por escravos. Os que defendiam seu espírito transgressor passaram a ser chamados de baderneiros.
"As religiões, mitologias e a própria história costumam representar ricas fontes para geração de expressões idiomáticas, que são preservadas através das gerações".
"Na cultura lusófona, muitas expressões usadas referem-se a episódios da mitologia greco-romana, das religiões judaica e cristã e da história do mundo ocidental".
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