Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
01.09.2013
No nosso idioma, seja o que é falado no Brasil ou em Portugal, nem tudo deve ser levado ao "pé da letra"
O português falado no Brasil conta com mais de 100 expressões idiomáticas. Presentes em todas as línguas e culturas, essas frases caracterizam-se por não ser possível identificar seu significado apenas através do sentido literal das palavras que as compõem.
Algumas expressões curiosas remontam ao tempo de Camões ou são até mais antigas, como a expressão "Inês é morta", criada no século XIV, em Portugal
As religiões, mitologias e a própria história costumam representar ricas fontes para geração de expressões curiosas, que são preservadas através das gerações.
Na cultura lusófona, muitas expressões referem-se especialmente a episódios da mitologia greco-romana, das religiões judaica e cristã e da história do mundo ocidental. Entre as que o Caderno Gente selecionou, "Onde Judas perdeu as botas" é um exemplo da influência da religião cristã na linguagem.
Contudo, de tanto serem usadas no dia a dia, poucas são as pessoas que refletem acerca da origem dessas frases, algumas delas tão antigas quanto a presença dos portugueses no Brasil e que também são usadas do outro lado do Atlântico, com o mesmo significado.
ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:Existe uma história, não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se numa árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu a expressão, usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.
DAR COM OS BURROS N´ÁGUA:A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde os tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.
GUARDAR A SETE CHAVES:No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de joias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí, começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" para designar algo muito bem guardado...
RASGAR SEDA:A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro de Luís Carlos Martins Pena. No espetáculo, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente a sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se esfiapa."
O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea num aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse os seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para história como o cego que não quis ver.
FAZER BADERNA:A palavra "Baderna" é exclusiva do português do Brasil. Surgiu no século XIX, pela vinda de uma companhia de dança italiana ao Rio de Janeiro. A dançarina principal era Maria Baderna, moça liberal, causou críticas ao introduzir entre os passos da dança gestos do lundu, bailada somente por escravos. Os que defendiam seu espírito transgressor passaram a ser chamados de baderneiros.
"As religiões, mitologias e a própria história costumam representar ricas fontes para geração de expressões idiomáticas, que são preservadas através das gerações".
"Na cultura lusófona, muitas expressões usadas referem-se a episódios da mitologia greco-romana, das religiões judaica e cristã e da história do mundo ocidental".
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