sábado, 7 de setembro de 2013

Apenas 5 países apoiam que haja ataque à Síria

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
07.09.2013

Arábia Saudita, Turquia, Canadá e Reino Unido concordaram com a intenção de Obama de intervir contra Assad

São Petersburgo. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sofreu ontem um revés no encerramento da reunião do G-20 em São Petersburgo, na Rússia, ao conseguir o apoio de apenas quatro países para um ataque à Síria sem a chancela de uma resolução da ONU.

Anfitrião da reunião do G-20, Vladimir Putin mantém um apoio inflexível ao regime sírio e rejeita qualquer ideia de uma ação contra Damasco, que os EUA desejam levar adiante em resposta ao suposto ataque com armas químicas FOTO: REUTERS

Canadá, Arábia Saudita, Turquia e Reino Unido apoiaram a intenção americana de intervir militarmente na guerra civil síria para coibir o governo Bashar al Assad de usar armas químicas no conflito.

Para esse grupo, Damasco usou gás sarin contra oponentes no último dia 21 - o governo sírio de Assad nega.

Ainda assim, no pequeno bloco de apoio, o suporte de Londres não pode ser contabilizado sem constrangimentos, já que o Parlamento britânico votou contra uma ação militar na Síria.

Mesmo a França, do presidente François Hollande, soou mais cautelosa ontem sobre uma ação militar do que nos dias anteriores. Sob pressão do Parlamento e da opinião pública franceses, Hollande disse que esperaria até os resultados de um relatório da ONU sobre o uso de armas químicas na Síria para decidir a respeito de uma intervenção militar. O informe das Nações Unidas sobre o caso não deve sair antes do fim de setembro.

O fracasso em conseguir forjar uma grande coalizão pró-ataque - num palco que contou com a campanha contra do anfitrião do G-20 e aliado de Assad, o presidente russo Vladimir Putin - fragiliza o esforço de Obama para obter autorização do Congresso americano para o ataque.

O presidente dos EUA anunciou que discursará sobre o tema na terça-feira, dia 10. Ele se recusou a dizer se seguirá com a decisão de atacar a Síria mesmo se os congressistas americanos votarem contra a intervenção.

"Não estou me coçando para fazer uma intervenção militar. Sei que fui criticado nos últimos anos por não atuar. Tenho uma reputação razoavelmente merecida e um pensamento sóbrio sobre o envolvimento militar", disse ele.

Comunicado

Onze países condenaram ontem o ataque com armas químicas de 21 de agosto na Síria e pediram uma resposta internacional forte, de acordo com um comunicado divulgado pela Casa Branca. O documento, entretanto, não sugeriu uma resposta militar.

"As evidências claramente apontam o governo sírio como responsável pelo ataque, que faz parte de um comportamento de uso de armas químicas por parte do regime", segundo o texto.

Na semana passada, os EUA acusaram Assad de usar armas químicas contra civis da periferia de Damasco, em 21 de agosto. Segundo relatório da inteligência americana, a ação deixou 1.429 mortos, o que poderia ser o pior incidente com armas químicas em 25 anos.

O Brasil não assinou o comunicado divulgado pela Casa Branca. A presidente Dilma Rousseff reiterou ontem que o Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU.

Assad tem enorme arsenal químico

Washington.
 A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, afirmou ontem em Washington que o regime sírio "quase" não utilizou suas "enormes reservas" de armas químicas no ataque que teria realizado nos arredores de Damasco no mês passado.

"Embora Assad tenha usado mais armas químicas que nunca no dia 21 de agosto, ele quase não reduziu suas reservas" dessas armas, disse Power em apresentação perante o Centro para o Progresso Americano (CAP).

A embaixadora insistiu que os EUA "esgotaram as alternativas" e enumerou a série de "incontáveis ferramentas políticas" que Washington utilizou durante mais de um ano para "dissuadir Assad do uso de armas".

Segundo Power, o diálogo direto com as autoridades sírias não surtiu efeito mas, ao contrário, o regime tentou aplacar a rebelião com "armas horrendas", primeiro com ataques em pequena escala durante "múltiplas ocasiões".

Ela afirmou que o governo americano tentou que as partes retornassem à mesa de negociações na busca de uma "solução política"; entregou ajuda humanitária, e apresentou à opinião pública "provas contundentes e aterrorizadoras" sobre o uso das armas químicas, disse.

Campanha

Um ataque militar dos Estados Unidos contra a Síria deve ter o objetivo de interromper a campanha do regime de Bashar al Assad de "matar até a vitória", disse a embaixadora.

Ainda que o ataque possa ser uma resposta ao uso de armas químicas contra civis, Power avaliou que também pode ajudar a trazer Assad para a mesa de negociações para colocar um ponto final em uma guerra que já se arrasta por 30 meses.

Power criticou a paralisia do Conselho de Segurança da ONU em relação à guerra na Síria e acrescentou: "Nesse caso, o uso de uma força militar limitada pode fortalecer nossa diplomacia e finalizar os esforços da ONU e outros para alcançar uma solução negociada para o conflito".

A embaixadora americana na ONU não ofereceu justificativas legais para um ataque militar contra a Síria, uma das principais objeções que persistem no Congresso, que deve votar se apoia, ou não, essas ações.

Diplomatas retirados

O Departamento de Estado americano informou ontem que está retirando todo o corpo diplomático considerado não essencial da embaixada do país em Beirute, no Líbano, e do consulado de Adana, no sul da Turquia, diante da iminência de uma ação militar dos Estados Unidos na Síria.

A retirada acontece três dias antes de o Congresso americano avaliar uma intervenção no país.

O Departamento de Estado também emitiu um alerta de viagem ao Líbano, além de pedir a saída de todos os cidadãos americanos que moram no país.

As agências da ONU presentes na Síria elaboraram planos de contingência no caso de um ataque internacional contra o regime, mas querem continuar prestando ajuda humanitária, declarou ontem a chefe das Operações Humanitárias do organismo, Valerie Amos.

A ONU tem 4.500 funcionários na Síria. A guerra civil iniciada em 2011 deslocou cerca de 4,25 milhões de pessoas no país e obrigou outros dois milhões a fugir para os países vizinhos.

SAIBA MAIS
11 países assinaram comunicado condenando ataque químico, mas só cinco defendem intervenção militar mesmo sem declaração da ONU

*Estados Unidos

Austrália

*Canadá

França

Itália

Japão

Coreia do Sul

*Arábia Saudita

Espanha

*Turquia

*Grã-Bretanha

*apoiam a intervenção militar agora 

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