04/05/2013
Local já comercializou artesanato produzido pelos indígenas da região. Desativado desde 2010, equipamento deve ser reformado pela telefônica Vivo. Empresa afirma que obras devem ser retomadas ainda em junho
FOTOS SARA MAIA
Desativado desde 2010, equipamento possui apenas uma estrutura de madeira rodeada por vidro e entulho
A antes imponente oca que chamava a atenção de quem cruzava a BR-222 em direção a Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, encontra-se abandonada. Do antigo Tapeba Centro de Produção Cultural restou apenas a estrutura de madeira que, sem palhas, pouco lembra o monumento – referência à maior comunidade indígena do Estado. Desativado desde 2010, o local funcionava por meio de uma parceria entre a Associação para Desenvolvimento Local Co-Produzido (Adelco), a Fundação Abbé Pierre (FAB) e a Associação das Comunidades dos Índios Tapeba de Caucaia (Acita). “É uma pena que o centro cultural tenha sido abandonado. Foi um esforço coletivo de muita gente e era uma identificação do povo Tapeba dentro de Caucaia”, comenta o tapeba Josemir Rodrigues, que trabalhou no local entre 2005 – ano da sua inauguração – e 2008. Segundo Josemir, após o término do acordo com a fundação francesa, ao fim de 2009, os índios tiveram dificuldade em arcar sozinhos com a manutenção do centro. “Às vezes as pessoas perguntam ‘como os índios deixaram acabar isso?’, mas elas não conseguem compreender a dificuldade que era de se manter”, completa.
De acordo com Sílvia Barbosa, coordenadora de projetos da Adelco, após o fim do contrato com a FAB, a ONG cearense não possuía mais verba para manter o centro cultural. “O custo de manutenção era alto e nós não tínhamos mais como fazer o apoio financeiro. A partir daí, havia a necessidade de surgirem novos parceiros, como o poder público, para ajudar os índios. Mas isso não aconteceu”, diz.
Segundo o presidente da Acita, Weiber Nascimento, a associação assinou um convênio com a empresa telefônica Vivo para a reconstrução do centro cultural. “A Vivo vai instalar um cabo de fibra ótica que vai passar pelas terras indígenas. Como compensação ambiental, a empresa assinou, há duas semanas, um termo de compromisso para reformar o centro”, conta. Weiber explica que a Acita também procurou o apoio da Secretaria da Cultura do Estado e da Secretaria da Cultura e Lazer de Caucaia para a reforma do equipamento, que deverá funcionar como centro para a divulgação da cultura indígena.
A Vivo, por meio de nota, informou que as obras no Tapeba Centro de Produção Cultural já foram iniciadas, mas precisaram ser interrompidas. Conforme a empresa, os trabalhos serão retomados até o fim de junho. Já a Secult, pela assessoria de imprensa, avisou desconhecer qualquer projeto enviado, até o momento, para a reconstrução do centro.
O POVO tentou entrar em contato com a Secretaria da Cultura e Lazer de Caucaia e com a Assessoria de Comunicação Social e Cerimonial do município, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento desta edição.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Inaugurado em 2005, o Tapeba Centro de Produção Cultura encontra-se abandonado. Indígenas enfrentaram dificuldades em manter a estrutura após fim do acordo com uma fundação francesa, em 2009. Empresa telefônica Vivo deve reformar o equipamento.
Liana Costacotidiano@opovo.com.br
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