02/05/2013
FOTOS ANDRÉ SALGADO
A ocupação da Barra do Ceará foi inciada no encontro do rio Ceará com o mar
A foz do rio Ceará, no litoral de Fortaleza, é de uma beleza inigualável. Rio, mangue, praia, barcos e ponte formam um cenário bucólico e único na Capital. É no encontro do rio com o mar que nasce a Barra do Ceará, o bairro mais antigo de Fortaleza.
De acordo com o historiador Adauto Leitão, que pesquisa a construção de Fortaleza a partir do século XVII, a capitania do Siará ainda não havia sido explorada pelos colonizadores europeus até o ano de 1603. A incumbência de iniciar a ocupação coube a Pero Coelho de Souza e a Martim Soares Moreno, protagonista do romance Iracema, do escritor cearense José de Alencar.
Segundo o pesquisador, a dupla realizou um reconhecimento do litoral cearense. O local escolhido para abrigar o primeiro fortim foi a margem direita do rio Ceará. Com o nome de Fortim de Santiago, foi inaugurado em 25 de julho de 1604. Depois, deu lugar ao Forte de São Sebastião.
Com isso, gera-se uma polêmica em relação à data de nascimento da capital cearense. Oficialmente, Fortaleza tem 287 anos de criação, tomando como referência a ocupação holandesa das margens do riacho Pajeú. Porém, Adauto Leitão defende que o marco zero da cidade é mesmo a Barra do Ceará. “(O fortim) tem o caráter de ocupar a capitania. Do meu ponto de vista, isso não pode ser omitido”, argumenta.
O historiador explica que vestígios arqueológicos do forte já foram encontrados no morro de Santiago, o que provaria cientificamente a existência da construção. Outro argumento apresentado por ele é o fato de a Câmara Municipal ter 312 anos de criação, tendo sido a primeira sede instalada na Barra do Ceará. “A imagem de uma cidade de 287 anos é uma aberração histórica”, critica.
O comerciante Alberto Souza, 53, é morador da Barra do Ceará desde 1964, quando a família se mudou para Fortaleza. Ele lembra que, onde hoje existe a avenida Radialista José Lima Verde, havia o cenário marcado pelas dunas, que “iam .até o rio. Era muito bonito”.
Lembrança semelhante tem a comerciante Miriam Matos, 56. Quando criança, ela costumava sair do bairro Antônio Bezerra e ir a pé para a Barra do Ceará com a família. “A praia mesmo era mais morro e duna. A gente subia neles e já caía na água”, afirma. Há 29 anos, Miriam escolheu o bairro como local de moradia. Uma das características do bairro é a presença de pescadores artesanais. O pai de Alberto Souza, que tinha o mesmo nome, foi o primeiro a colocar um barco a motor para realizar a travessia no rio Ceará . Isso na década de 1970.
Outra curiosidade do bairro foi o funcionamento de um hidroporto na foz do rio, que servia para o pouso de aviões. Segundo Leitão, o equipamento funcionou de 1930 a 1942. Tempos em que não existia o aeroporto Pinto Martins.
EM ALTA
POTENCIAL TURÍSTICO
A Barra do Ceará possui um imenso potencial turístico, pois reúne belas paisagens e valor históricoEM BAIXA
DESVALORIZAÇÃO
O único projeto de grande porte do bairro é o Cuca Che Guevara. É preciso mais investimentos
Serviço
Passeio ecológico de chalana pela foz do rio Ceará.
É necessário formar grupos de 10 a 20 pessoas, com agendamento prévio. O passeio dura uma hora.
Valor: R$ 20 por pessoa.
Telefone: (85) 3485 6945 / 8753 3940
Endereço: avenida Radialista José Lima Verde, 740, Barra do Ceará (Albertu’s Restaurante).
72 MIL
Habitantes
A Barra do Ceará possui 72.423 moradores, distribuídos numa área de 3,86 km².
REDE BÁSICA
MORADORES RECLAMAM DO ATENDIMENTO EM POSTOS DE SAÚDE
1. A Barra do Ceará é atendida por três postos de saúde: Doutor Lineu Jucá, Casimiro Filho e Francisco Domingos da Silva. Para a comerciante Miriam Matos, 56, o atendimento nas unidades de saúde fica bem a desejar. “Deus me livre de usar o posto. Eu sou hipertensa. Se eu for no posto, ela aumenta. O atendimento é péssimo”, afirma. Segundo Miriam, é comum a falta de medicamentos na unidade de saúde Lineu Jucá.Uma funcionária do posto de saúde, que não se identificou, informa que há uma série de problemas estruturais na unidade, falta de equipamentos e medicamentos.
RESPOSTA. Coordenadora de Saúde da Secretaria Executiva Regional (SER) I, Aradi Ciarlini reconhece os problemas existentes no posto de saúde Lineu Jucá. Segundo ela, já está sendo realizada uma licitação para reformar o posto. As outras duas unidades devem passar por reparos até o próximo ano.
Há, também, a previsão de aumentar o número de equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) nas unidades básicas. Em relação à falta de medicamentos, a coordenadora explica que esse é um problema que atinge toda a rede de saúde de Fortaleza. Porém, Aradi informa que está em andamento uma licitação para regularizar o abastecimento de 652 tipos medicamentos até junho.
SEGURANÇA PÚBLICA
VIOLÊNCIA DEIXA MORADORES APREENSIVOS
2. A crescente sensação de insegurança é uma das principais queixas dos moradores da Barra do Ceará. “Violência sempre existiu na Barra do Ceará. Quando cheguei, tinham matado um jogador famoso do Ceará e enterrado aqui. Aquele foi o crime comentado na época”, afirma o comerciante Alberto Souza. Hoje, ele acredita que o crime e as mortes estão mais ligados ao tráfico de drogas.
Já a comerciante Miriam Matos diz que o medo dos moradores tem prejudicado um antigo hábito: o de conversar nas calçadas. “Mas a violência é bíblica”, comenta ela.
RESPOSTA. O comandante da 3ª CIA do 5º BPM, major Océlio Alves, informa que está em processo uma ocupação da Barra do Ceará, que conta com a participação do Raio, Batalhão de Choque, Policia Rodoviária Estadual (PRE), Pelotão de Motos e Cavalaria. Segundo ele, o foco está no combate ao tráfico de drogas e homicídios. Apesar de não adiantar os números das estatísticas, o major afirma que o índice de criminalidade está caindo no bairro.
“O foco especial é a prevenção”, explica.
“O foco especial é a prevenção”, explica.
EDSON QUEIROZ
ÁRVORE AMEAÇA DERRUBAR MURO
3. O leitor Valderlei Rogoberto da Silva denuncia que uma árvore ameaça derrubar o muro de uma casa na rua Celeste Arruda, no bairro Edson Queiroz. “A enorme mangueira, que está comprometendo a estrutura do muro, ameaça desabar sobre os transeuntes e a fiação elétrica”, afirma. Para ele, a região mais pobre de Fortaleza é sempre “esquecida e negligenciada”.
RESPOSTA. A Secretaria Executiva Regional (SER) VI informa que uma equipe do órgão foi até o local para verificar a denúncia e encaminhou uma solicitação de poda da árvore para a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb).
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