sábado, 14 de novembro de 2015

Nenhum dos 11 mortos em chacina tinha relação com o tráfico

Fonte: http://www.opovo.com.br/
14/11/2015
As únicas três vítimas com antecedentes na Polícia responderam por delitos "de potencial ofensivo muito baixo"

Somente três dos 11 homens mortos na chacina da Grande Messejana, ocorrida na madrugada da quinta-feira, 12, tinham passagem pela Polícia. A constatação veio após o levantamento dos antecedentes criminais das vítimas, e os delitos não têm relação com tráfico de drogas ou violência letal. Ameaça, crime de trânsito e pensão alimentícia foram os registros encontrados, segundo divulgou, na noite de ontem, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). 
Os crimes de trânsito e pensão alimentícia foram atribuídos a dois jovens assassinados na chacina: Antônio Alisson Inácio Cardoso (17 anos) e Pedro Alcântara Barroso Filho (18 anos), respectivamente. O registro por ameaça é de Valmir Ferreira da Conceição, de 37 anos. No início da tarde de ontem, o secretário da Segurança Pública, Delci Teixeira, havia falado de apenas duas vítimas com antecedentes criminais — ficava de fora o delito da ameaça. Em entrevista no Palácio da Abolição, afirmou a manutenção das três linhas de investigação já anunciadas.

Os antecedentes, considerados como “de potencial ofensivo muito baixo”, não minam as dúvidas sobre a motivação do massacre e a escolha das vítimas. “Há traficantes entre os familiares? Nós vamos investigar”, declarou o secretário ao citar a primeira corrente de apuração: uma retaliação pela morte de Lindemberg Vieira Dias, na tarde da quarta-feira, 11. Ele era um dos líderes do crime na região e havia deixado unidade prisional no dia anterior.

As investigações não descartam possível vingança pela morte do soldado Valterberg Chaves Serpa, 32, também assassinado quarta-feira ao tentar defender a esposa de um assalto. Confirmar a chacina como uma retaliação envolvendo policiais seria uma “surpresa”, avaliou Teixeira. “Além de uma ação criminosa, seria uma medida descabida. O policial não foi morto por ser policial”, enfatizou.

À imprensa, Delci lembrou que a maioria das vítimas é de jovens e que a realidade dos homicídios na Grande Messejana é “injustificável”. Uma terceira motivação possível seria a execução dos delatores de Carlos Alexandre Alberto da Silva, 38, preso terça-feira, 10, com armas utilizadas em chacina da Comunidade da Cinquentinha, no Jardim das Oliveiras.

Monitoramento
Com policiamento ostensivo e operações desencadeadas nas comunidades atingidas (Curió, Alagadiço Novo, São Miguel e Messejana), não houve conflitos ou homicídios até a manhã de ontem, segundo o governador Camilo Santana (PT). “Vamos continuar monitorando nos próximos dias essa área, e determinei que a área dos direitos humanos possa dar assistência às famílias”, disse em entrevista coletiva.

Multimídia
Acompanhe cobertura das investigações da chacina na Grande Messejana no portal O POVO Online

As vítimas

Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17, motorista Antecedente: crime de trânsito
Morte: 0h20min

Jardel Lima dos Santos, 17
Sem antecedentes
Morte: 0h20min
 
Álef Souza Cavalcante, 17 Sem antecedentes
Morte: 1h20min 

Renayson Girão da Silva, 17
Sem antecedentes
Morte: 1h20min
 
Patrício João Pinho Leite, 16
Sem antecedentes
Morte: 1h54min
 
Jandson Alexandre de Sousa, 19
Sem antecedentes
Morte: 3h33min
 
Francisco Elenildo Pereira Chagas, 41, empacotador
Sem antecedentes
Morte: 3h33min
 
Valmir Ferreira da Conceição, 37,
Antecedente: ameaça
Morte: 3h33min

Pedro Alcântara Barroso Filho, 18, professor de percussão
Antecedente: pensão alimentícia
Morte: 3h57min
 
Marcelo da Silva Mendes, 17,
Sem antecedentes
Morte: 1h54min
 
Marcelo da Silva Pereira, 17,
Sem antecedentes 
Morte: 3h57min

Nenhum comentário:

Postar um comentário