domingo, 29 de novembro de 2015

Fossa feita com bananeira acaba com diarreia em Parintins

Fonte: http://www.opovo.com.br/
28/11/2015
O projeto foi idealizado pelo professor Valter Menezes, da comunidade de Santo Antônio do Tracajá

O projeto de uma escola rural de Parintins (a 370 km de Manaus) vem transformando a realidade de comunidades ribeirinhas da região amazônica ao combater um dos problemas mais persistentes do local: a diarreia.

Idealizado pelo professor Valter Menezes, da comunidade de Santo Antônio do Tracajá, em parceria com alunos e com a ONG Asas de Socorro, o “Água limpa para os curumins” construiu e distribuiu 800 filtros bioativos (de areia e pedras) e 70 fossas - a maior parte delas feita com bananeiras - para vilarejos da região.

Moradores relatam que a diarreia praticamente desapareceu e que a incidência de doenças epidemiológicas e parasitárias caiu muito. O projeto não foi acompanhado por órgãos da saúde.

Cerca de 27% da população de Parintins não tem água encanada, de acordo com dados de 2010 das Nações Unidas - a maior parte na zona rural.

“Em locais sem rede de esgoto e com águas mais paradas, como na beira do rio Tracajá, os dejetos humanos são mais difíceis de ser escoados. Aquela água acaba sendo grande fonte de doenças”, explica o professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) José Almir Pereira.

Para evitar o contato da população da região do Tracajá com dejetos humanos, Menezes e seus alunos começaram construindo 20 fossas para moradores idosos, população mais vulnerável a doenças.

Trata-se de poços onde os rejeitos se acumulam e bactérias agem naturalmente na eliminação de parte dos sedimentos. 

O problema é que os recipientes se encheriam e, como a comunidade é cercada de água, não haveria onde esvaziá-los. Era preciso reaproveitar o que fosse despejado. Como? Plantando bananas.

Assim, o dejeto humano se tornou adubo para as plantas. A bananeira, que tem alta demanda por água, absorve e evapora os líquidos da fossa, que é pelo menos cinco vezes mais durável que a fossa convencional, segundo Menezes. Outras 50 casas ganharam os novos equipamentos, mais sustentáveis.

O fruto, garante Menezes, é totalmente comestível e não há qualquer resquício de sua origem. 

“É um quintal comum. Ninguém diz que ali tem uma fossa”, afirma.

Disseminados pela região amazônica e considerados uma das formas mais eficazes de tratar água em povoados isolados, os filtros bioativos foram levados ao Tracajá pelo professor Menezes. Neles, a água passa devagar por um recipiente composto por camadas de seixo e areia.

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