28/11/2015
O projeto foi idealizado pelo professor Valter Menezes, da comunidade de Santo Antônio do Tracajá
O projeto de uma escola rural de Parintins (a 370 km de Manaus) vem transformando a realidade de comunidades ribeirinhas da região amazônica ao combater um dos problemas mais persistentes do local: a diarreia.
Idealizado pelo professor Valter Menezes, da comunidade de Santo Antônio do Tracajá, em parceria com alunos e com a ONG Asas de Socorro, o “Água limpa para os curumins” construiu e distribuiu 800 filtros bioativos (de areia e pedras) e 70 fossas - a maior parte delas feita com bananeiras - para vilarejos da região.
Moradores relatam que a diarreia praticamente desapareceu e que a incidência de doenças epidemiológicas e parasitárias caiu muito. O projeto não foi acompanhado por órgãos da saúde.
Cerca de 27% da população de Parintins não tem água encanada, de acordo com dados de 2010 das Nações Unidas - a maior parte na zona rural.
“Em locais sem rede de esgoto e com águas mais paradas, como na beira do rio Tracajá, os dejetos humanos são mais difíceis de ser escoados. Aquela água acaba sendo grande fonte de doenças”, explica o professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) José Almir Pereira.
Para evitar o contato da população da região do Tracajá com dejetos humanos, Menezes e seus alunos começaram construindo 20 fossas para moradores idosos, população mais vulnerável a doenças.
Trata-se de poços onde os rejeitos se acumulam e bactérias agem naturalmente na eliminação de parte dos sedimentos.
O problema é que os recipientes se encheriam e, como a comunidade é cercada de água, não haveria onde esvaziá-los. Era preciso reaproveitar o que fosse despejado. Como? Plantando bananas.
O problema é que os recipientes se encheriam e, como a comunidade é cercada de água, não haveria onde esvaziá-los. Era preciso reaproveitar o que fosse despejado. Como? Plantando bananas.
Assim, o dejeto humano se tornou adubo para as plantas. A bananeira, que tem alta demanda por água, absorve e evapora os líquidos da fossa, que é pelo menos cinco vezes mais durável que a fossa convencional, segundo Menezes. Outras 50 casas ganharam os novos equipamentos, mais sustentáveis.
O fruto, garante Menezes, é totalmente comestível e não há qualquer resquício de sua origem.
“É um quintal comum. Ninguém diz que ali tem uma fossa”, afirma.
“É um quintal comum. Ninguém diz que ali tem uma fossa”, afirma.
Disseminados pela região amazônica e considerados uma das formas mais eficazes de tratar água em povoados isolados, os filtros bioativos foram levados ao Tracajá pelo professor Menezes. Neles, a água passa devagar por um recipiente composto por camadas de seixo e areia.
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